Morador de Venâncio promete caminhar até Vale Verde quando asfalto da ERS-244 estiver pronto

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No meio político, é comum se dizer que existe uma grande diferença entre o que é promessa e o que é realidade. Ideias e projetos todos têm, mas como e quando serão executados, é ‘outra história’. Na região, a promessa mais recente e que tem mexido com muitas opiniões é a retomada das obras de pavimentação na ERS-244, entre Venâncio Aires e Vale Verde.

Em 2 de julho, uma motoniveladora (a popular patrola) esteve na rodovia e iniciou a terraplenagem, nas proximidades da Usina de Triagem em Linha Estrela. Mas foi um ato bem mais simbólico e que precisava acontecer naquele momento, porque depois disso, devido ao período eleitoral, qualquer autorização para obras seria proibida. Ou seja, a máquina trabalhou um pouco e parou, à espera de uma atualização contratual entre Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e Construtora Pelotense.

A promessa é que, depois de 23 anos de paralisação, a obra finalmente saia do papel. Mas o longo tempo de espera que começou em 1999 foi suficiente para desmotivar muita gente, como Norberto Froemming, 83 anos, que é taxativo quando o assunto é a 244: só acredita vendo. “Eu só vou acreditar quando as máquinas estiveram ‘rasgando’ o chão para valer, preparando a estrada para receber o asfalto”, afirma o aposentado, conhecido de muitos venâncio-airenses pelas décadas trabalhando na antiga Fumossul e depois Universal Leaf Tabacos.

A expectativa dele sobre a obra é tanta, que gerou até uma promessa. “Se eu estiver bem de saúde e não demorar tanto tempo, assim que o asfalto estiver pronto vou caminhando de Venâncio até Vale Verde. A minha promessa vou cumprir”, garante.

Para quem conhece Froemming, sabe que mantém uma rotina saudável de atividades e caminhar bastante todos os dias está entre elas. Ou seja, para ele, percorrer a pé os 16,8 quilômetros entre os dois municípios não seria surpreendente. Para cumprir a promessa, o aposentado conta que terá companhia da filha Marione e da neta Laura. “Mas elas vão de bicicleta.”

Crescimento econômico

Embora entenda que a promessa possa ser levada na ‘brincadeira’ por muitos, Norberto Froemming diz que a pavimentação da ERS-244 merece toda atenção e o assunto é sério. “É lamentável o descaso político do Estado e da região nesses mais de 20 anos. A pergunta que faço é: o que impediu a continuação da obra nesse tempo todo?”

O aposentado mora em Venâncio Aires desde 1960, mas nasceu em Vila Melos (então localidade de General Câmara e hoje município de Vale Verde, onde tem muitos familiares). Testemunha ocular do desenvolvimento do município e das cidades no entorno nas últimas seis décadas, Froemming também acompanhou a construção das RSCs-287 e 453 e, por isso, tem uma certeza. “O crescimento econômico das regiões sempre passou pelas rodovias, escoando a produção e encurtando caminhos. Não tenho dúvida que o asfaltamento desses 16 quilômetros vão ser uma alavanca para a região crescer ainda mais.”

Três pontes e a retomada

Ao ver as três pontes inacabadas (construídas na várzea do arroio Taquari Mirim) e que viraram uma espécie de símbolo do ‘abandono’ da 244, Norberto Froemming diz que as estruturas são verdadeiros ‘elefantes brancos’. “Quanto dinheiro enterrado e que não tem servido para nada.”

O aposentado não fez menção a nenhum governante em específico, mas criticou a condução do Executivo do Estado de forma geral nas últimas décadas. “Aposto que se dava para levar essas pontes para Santa Catarina ou Paraná, lá essa estrada já estaria pronta”, ironiza.

As três pontes devem ser aproveitadas para a continuidade do projeto. A afirmação é de Rudimar Berti, diretor da Construtora Pelotense. Ele informa que ainda aguarda retorno do Daer sobre a revisão do contrato, firmado em 1998. O reequilíbrio deve chegar a R$ 50 milhões – valor cinco vezes maior que no contrato original.

Durante visita a Venâncio Aires na manhã de ontem, o candidato à reeleição no governo gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), projetou a retomada da obra ainda em setembro. “Estão concluindo essa negociação da dação em pagamento de um terreno, que deve ser suficiente para cobrir metade da obra e o restante a ser coberto com recursos do Estado”, disse o político.

A ordem de reinício foi assinada pelo Daer em 30 de junho e a Construtora Pelotense terá 30 meses (dois anos e meio) para concluir a obra.

Representação na Assembleia

• Para Norberto Froemming, se nos últimos anos Venâncio Aires tivesse algum deputado, talvez a demora em torno da 244 não seria tanta. “Se lá atrás tivéssemos alguém daqui, logo estaria concluída. Mas não só por isso, ter um parlamentar é importante para todas as áreas. Por isso torço, independente de partido, que algum candidato a deputado do município seja eleito. Precisamos de um representante na Assembleia.”



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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