Moradora de Vila Mariante lidera movimento por mais segurança

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Um incidente registrado por volta das 18h de domingo, 1º, em Vila Mariante, sede do 2º Distrito de Venâncio Aires, foi o estopim para uma situação que se arrasta há anos. O aposentado George Luiz dos Santos Martins, de 65 anos, foi violentamente agredido por três pessoas, quando chegava em frente a casa onde reside com a esposa e um filho, no centro da Vila. Os agressores são pessoas daquela localidade que, segundo apurado, se valem de ameaças e agressões para intimidar os moradores e conseguir seus objetivos, geralmente financeiros.

O caso foi revelado esta semana à reportagem da Folha do Mate pela professora aposentada e advogada Teresinha Graef Martins, de 62 anos. Ela denunciou a situação aos órgãos competentes, ressaltou que foi muito bem atendida, mas ficou preocupada com o déficit no efetivo, tanto da Brigada Militar (BM), quanto da Polícia Civil (PC). Por isso, decidiu liderar um movimento que vai em busca de efetivo para dar mais segurança à Vila Mariante e todo o Venâncio Aires.

Teresinha lembra que por anos a sede do 2º Distrito contou com um posto da BM, assim como outras localidades, mas que há anos todas foram desativados. “Naquela época a gente tinha com quem contar. Agora, devido a distância e a falta de efetivo da BM, a maioria das notícias divulgadas de Mariante são de fatos negativos”, observa.

Ainda no domingo à noite, quando tratava da saúde do marido, que foi agredido nas costas e cabeça com golpes de uma barra de ferro ou de um porrete de madeira, ela entrou em contato com os vereadores César Garcia (PDT), Clécio Espíndola, o Galo (PTB) e Ezequiel Sthal (PTB) para informar sobre sua decisão e pedir apoio. “Também entrei em contato com o prefeito Jarbas da Rosa, através do seu assessor, Eduardo Luft”, revelou Teresinha, que vai buscar outras forças políticas da região para conseguir reforço para a BM e PC.

A professora e advogada disse que vai elaborar um abaixo-assinado e quer que o documento cheque até as pessoas que têm condições de destinar policiais ao município. “No dia em que meu marido foi agredido, havia uma viatura e apenas dois policiais militares para atender todo o município. É uma situação muito grave e algo precisa ser feito e por isso decidi que vou até o fim”, desabafou.

Teresinha já conversou com o delegado Vinícius Lourenço de Assunção, expôs a situação e soube da deficiência de material humano para desempenhar um serviço com mais excelência. O titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) conhece o histórico do principal acusado das agressões e ameaças (um indivíduo de 27 anos) e já está tomando providências.

Agressões e ameaças

Dona Teresinha diz que todas as pessoas que residem em Vila Mariante sabem de quem ela está se referindo. Trata-se de uma família, que tem em um dos membros o indivíduo mais agressivo e temido pelos moradores. “Quando ele quer dinheiro, sai a qualquer hora batendo nas casas e fazendo ameaças, até conseguir o que quer”, descreve a professora, se referindo ao indivíduo que já foi seu aluno, mas que historicamente amedronta a população de Vila Mariante.

Ela cita que a agressão sofrida pelo marido, no domingo, 1º, não é um fato isolado. “Ele também já agrediu meu filho, que tem curso superior, mas nos ajuda no atendimento no posto de combustíveis a tocar o negócio da família, porque ele se negou a vender gasolina fiado, pois sabia que ele não iria pagar”, explica. O estabelecimento pertencia ao sogro dela e hoje é administrado por seu marido e pelo seu cunhado, com auxílio dela e do filho.

Sobre a recente agressão ao seu marido, menciona que ele estava no posto, sozinho, quando o indivíduo de 27 anos chegou em um automóvel, acompanhado de outra pessoa. Ele pediu para abastecer e George orientou o motorista e direcionar o carro para outra bomba, pois aquela foi danificada pela enchente do mês passado e ainda não foi consertada. “Isso foi o suficiente para ele começar a ameaçar de morte o meu marido”, recordou Teresinha. Por isso, George disse que não faria o abastecimento.

Neste momento, segue Teresinha, o indivíduo disse que iria até sua casa e voltaria para acertar as constas. Preocupado, George decidiu fechar o posto de combustíveis e ir para casa. Mas quando chegava a pé em sua residência, distante alguns metros do posto, foi atacado pelo indivíduo, que voltou acompanhado pelo seu pai e por um sobrinho. “Agrediram covardemente o meu marido. Pra mim, isso é uma tentativa de homicídio, pois ele foi até em casa e voltou para matar o meu marido”, denunciou.

Com suspeitas de fraturas nas costelas e um corte na cabeça, George foi levado até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde foi medicado e compareceu a guarnição da BM que estava de serviço. Ontem à tarde, Teresinha levou o marido até o posto do Departamento Médico Legal (DML) de Santa Cruz do Sul, para fazer exame de corpo delito.
Ela recorda que há cerca de quatro meses, seu marido foi agredido com pranchaços de facão, desferidos por um dos irmãos o indivíduo de 27 anos.

Além da penalização ao rapaz de 27 anos e dos demais envolvidos, Teresinha pretende buscar uma reparação monetária pelos dias em que a família não conseguiu trabalhar no posto de combustível. “Por muito tempo suportamos a situação. Agora chega”.

Saiba mais

O delegado Vinícius Lourenço de Assunção tem conhecimento do caso e puxou a ficha de entecedentes do principal envolvido nos crimes de ameaças e agressões praticados em Vila Mariante e arredores. O indivíduo esteve preso recentemente, após assaltar um taxista em Bom Retiro do Sul, no dia 1º de abril deste ano, mas pouco tempo depois voltou às ruas e já responde por outros crimes praticados também em 2023, como violência doméstica e a recente agresão ao dono do posto de combustíveis, por exemplo. No ano passado, quando passou um período em Sapucaia do Sul, acumulou nada menos do que dez registros policiais. Ele também responde por ameaças – que podem se transformar em extorsão – na vizinha Lajeado, entre outras ocorrências.

Conheça a professora Teresinha

Teresinha é de uma tradicional família e reside em Vila Mariante há 40 anos. Casada e mãe de dois filhos, cresceu em Linha Cerrito, no interior do município, onde ajudou a mãe, dona Noeli, hoje com 86 anos, a criar suas outras quatro irmãs. Aos 12 anos, quando seu pai estava no leito de morte, foi chamada por ele e orientada a auxiliar a mãe na criação das irmãs e nas lides da casa.Com dificuldades, estudou, conclui o ensino superior e como professora sempre trabalhou na Escola Estadual de Ensino Médio Mariante. Já aposentada, voltou à universidade e no ano passado concluiu o curso de Direito, na Universidade de Santa cruz (Unisc). Aprovada no exame de Ordem, passou a desempenhar sua nova profissão na área do Direito do Trabalho. Teresinha também é formada em História.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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