Para quem pensa que a bananeira serve apenas para produzir frutos, engane-se. Embora os produtores rurais costumem cortar o tronco da bananeira e descartá-lo após a colheita do cacho, o tronco pode ser aproveitado para o artesanato.
No refeitório do ginásio de Vila Palanque, no interior de Venâncio Aires, cerca de 16 mulheres participaram do curso sobre artesanato com fibras de bananeira que iniciou na terça e teve continuação na quarta-feira, dias 13 e 14. A atividade foi ministrada pela artesã Alerte da Silva Pimentel, de 69 anos, moradora de Vale Verde e realizada pela Emater da Capital do Chimarrão.
Após realizar um curso pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) sobre a fibra de bananeira, Alerte se interessou na área e desde então, começou a preparar itens para vender. Entre os objetos ensinados na oficina estavam cachepôs, cestos e porta-retratos.
Durante o curso, ela explicou que, para desidratar as fibras recém-cortadas, é necessário usar água e água sanitária em um pano úmido, sendo secadas na sombra. “São cerca de quatro camadas retiradas do tronco. A 1º camada chamamos de filé, a 2º de fibra nobre, onde também é retirada a parte de dentro e a renda”, explicou.
Para fazer um puff, por exemplo, são permitidas fibras mais largas, enquanto para itens mais delicados, as fibras devem ser cortadas mais finas para fazer as tranças. Para colar as fibras trançadas é usado cola quente e, para enfeitar, podem ser utilizadas sementes de eucalipto, flores secas e trigo.
Segundo a extensionista rural social da Emater de Venâncio Aires, Viviane Röhrs, o interesse pelo curso partiu das mulheres da localidade. Viviane entrou em contato com a chefe do escritório local da Emater de Vale Verde, Andréa Lencina Balbueno, que sugeriu a participação de Alerte.
A extensionista avaliou o curso de forma positiva e acredita que superou as expectativas. “No primeiro dia de divulgação, já preenchemos a maioria das vagas, o que demonstra o interesse das mulheres rurais. Tivemos participantes de Vila Palanque, Linha Cecília, Linha Herval e Vila Santa Emília”, contou Viviane.
Uma das mulheres que marcou presença no encontro foi Marilene Coutinho Mees, moradora das proximidades do ginásio. Ela ressaltou que a atividade foi um momento de troca de experiências e de muito aprendizado. “É muito bom aprender coisas novas. O artesanato com fibras de bananeira requer muita paciência e atenção, mas o trabalho é lindo e proveitoso. Ainda estou pensando a finalidade da minha arte, acho que vou usar como porta-botões e objetos”, enfatizou.
“É muito interessante o uso da matéria-prima que se tem em abundância nas propriedades para fazer artesanato. A ideia é que, com esse curso, as produtoras rurais possam fazer uma geração de renda extra.”
VIVIANE RÖHRS
Extensionista rural e social da Emater de Venâncio Aires