Não é novidade que a agricultura depende do clima e os produtos agrícolas só se desenvolvem com qualidade quando o tempo colabora. Muitos produtores foram atingidos pela enchente no início do mês de maio, mas na propriedade da família Borba, em Linha Armando, mesmo sem ligação direta com os estragos da enchente, o excesso de chuva prejudicou mais de 80% da plantação das hortaliças.
Os agricultores Mateus Borba, 38, e Sabrine Schroeder, 39, são moradores da região do 7º Distrito, próximo a Vila Arlindo, e lamentam os estragos causados pelas fortes chuvas. O casal trabalha há mais de 15 anos com o cultivo de hortaliças e comercialização em feiras. Porém, neste ano, é a primeira vez que a chuva danifica mais da metade da produção. “É mais comum cair granizo, ter muito vento e, em algumas épocas, ocorre chuva forte, mas a quantidade que choveu neste ano, nunca tínhamos visto. É demais”, constata Sabrine.
Nas manhãs de terças-feiras e sábados, eles expõem seus produtos na feira da Cooperativa de Produtores de Venâncio Aires (Cooprova). “Agora estamos trabalhando na feira com os produtos que sobraram. Era o que tínhamos na estufa. O resto, que estava fora da estufa, foi tudo danificado e tivemos que replantar”, diz Borba.
Os pais do Guilherme, 13, e do Miguel, 5, tentam dar a volta por cima e, pelo menos, conseguir sanar uma parcela do prejuízo. A produção do casal é uma das registradas no laudo da Emater, onde constam os prejuízos das enchentes e estragos da chuva. No documento, os valores de perdas no ramo das hortaliças passam de R$ 900 mil. Segundo Sabrine, os produtores receberam mudas do programa realizado pela Emater, Cooprova e Sicredi e, com isso, a maior parte das hortaliças foram replantadas nesta semana.
Para ter sucesso no replante é necessário o calor do sol, pois segundo a agricultora, com muita umidade as raízes apodrecem e acabam morrendo. A esperança dos feirantes é que o sol volte a brilhar em Venâncio Aires.
“Prejuízo de 80% a 90%”
A presidente da Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova), Mônica Moraes, avalia o impacto das fortes chuvas que afetaram a produção agrícola no município. “As maiores perdas foram nas folhosas, como por exemplo, alface, repolho, couve e tempero verde. Na feira, temos alguns produtores que têm cultivo protegido e, mesmo assim, estão enfrentando dificuldades. Estamos nos mantendo ainda com os produtos das agroindústrias”, comenta. “Já fizemos um levantamento com os nossos produtores. O prejuízo é de 80% a 90%”, completa.
Como forma de amenizar os prejuízos, os produtores estão apostando no replantio. Segundo Mônica, os replantes começaram na última semana, mesmo com chuva. “Se tudo der certo e o tempo ajudar, entre 60 e 120 dias vamos voltar ao normal na produção”, ressalta.
Conforme Mônica, foi realizada no dia 23 de maio, a doação de sementes, mudas e adubos para associados da cooperativa que foram atingidos pela enchente ou pelo excesso de chuva. A ação foi realizada pelo Sicredi Vale do Rio Pardo, com parceria da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Cooprova e Emater.
O Sicredi oferta a doação de mudas no valor de R$ 20 mil, e sementes e adubos no mesmo valor (R$ 20 mil), totalizando R$ 40 mil no auxílio para a retomada de 40 famílias agricultoras e vinculadas à Cooprova. A entrega aos produtores viabiliza reerguer a plantação de famílias que foram atingidas de forma direta e indireta pela enchente, e o compromisso com a produção de alimentos saudáveis.