Os casos de dengue não vêm dando trégua em Venâncio Aires e, a cada novo boletim da Vigilância Epidemiológica, os casos só aumentam. Neste ano, segundo o último boletim, divulgado na sexta-feira, 12, são 498 casos, muito próximo dos 508 registrados em todo 2022. Em 2024, nos dois últimos boletins, a evolução foi de 110 casos em três dias.
Esse número de positivados também reflete na procura por testes de dengue, que estão disponíveis de segunda a sexta, em todas as unidades de saúde do município. Segundo a técnica em Enfermagem da Vigilância Epidemiológica, Vânia da Rosa, diariamente a equipe recebe todos os testes realizados no município para coleta das estatísticas e envio dos dados ao Ministério da Saúde. São testes realizados nas unidades de saúde, na rede privada de farmácias e laboratórios da Capital do Chimarrão. “O movimento está bastante intenso, aumentaram muito os casos positivos”, afirma.
Nos tipos de testes, as unidades de saúde dispõem do rápido (Ns1), que deve ser feito do segundo ao quinto dia de sintomas. O paciente já sai da unidade de saúde sabendo se tem a doença, pois o teste fica pronto dento de 15 minutos. Os testes rápidos foram adquiridos pela Prefeitura e são feitos somente quando há o indicativo de critérios que apontem a dengue, como conjunto de sintomas da doença, como febre, dor ao movimentar olhos, dores musculares, entre outros, e também, é levado em consideração o local de moradia do paciente. “Não é livre demanda como foi na época de Covid-19, é essencial a avaliação médica do paciente”, reforça a enfermeira coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Müller.
Depois do sétimo dia de sintomas, é feito o teste de sorologia IgM, através de coleta de sangue no Centro de Atendimento de Doenças Infecciosas (Cadi), que indica a presença de anticorpos contra a dengue. O IgM é enviado para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Assim como o teste rápido, o IgM também só pode ser feito mediante solicitação médica. Outro compromisso mensal da equipe da Vigilância Epidemiológica é coletar 10 amostras de sangue de pacientes positivados através de testes rápidos feitos nas unidades de saúde. Essa etapa verifica o tipo de vírus circulante no município. Até o momento, se comprovou que Venâncio Aires tem o tipo 1 da dengue em circulação.
Para tratamento da doença, não há medicamento específico, por isso o indicado é fazer a observação da evolução da doença, que cessa entre o sétimo e décimo dia, além de tomar medicação contra os sintomas e se manter hidratado. A contraindicação é para o uso de corticoides, anti-inflamatórios e anticoagulantes, que podem baixar a imunidade e piorar a situação do paciente.

Reclamações
A reportagem da Folha do Mate e Rádio Terra FM recebeu reclamações da população sobre o acesso ao atendimento médico em situações de sintomas de dengue. O secretário de Saúde, Alan Flores da Rosa, afirma que nas unidades o teste de dengue nunca é negado, mas o paciente precisa passar por um profissional médico ou enfermeiro. Quando o atendimento médico é feito na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o teste também é feito nos postos.
Apesar dos testes estarem disponíveis em todas as unidades de saúde, cada local é responsável por organizar a rotina de coleta. Por isso, a orientação é que os cidadãos entrem em contato com a unidade de saúde mais próxima da sua residência para consultar com médico e posterior coleta para o teste de dengue, se for o caso. Alan da Rosa diz ainda que, embora se tenha um número considerável de casos, não se pensou em fazer apenas um único posto de coleta ou de atendimento centralizado para dengue, como houve para a Covid.
A coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Müller destaca que é importante as pessoas não serem resistentes aos testes, pois além de indicarem a situação do paciente com a dengue, auxilia na possibilidade de elaboração de exames complementares, a depender do caso e de outros agravantes da pessoa.
- 3 mil – É o número de testes a mais que foram comprados pela Prefeitura e devem chegar nessa semana.
Panorama
- Em todo o ano de 2022, quando teve o último surto de dengue em Venâncio, foram 508 casos. Em 2024, até a sexta, 12, foram 498 casos, mas a equipe da Vigilância Epidemiológica acredita que o número de infectados já tenha superado os 508 de 2022. Outros 37 casos estão em análise.
- Em 2023, o ano encerrou com 160 casos de dengue. Na mesma época, no dia 12 de abril do ano passado, eram 11 casos da doença.
- Em 2024, nos dois últimos boletins, a evolução foi de 110 casos em três dias. Atualmente, sete pessoas estão internadas no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) por conta da doença.
Acho que estou com dengue. E agora?
- A orientação é que as pessoas procurem atendimento nas unidades de saúde de segunda a sexta e, nos fins de semana, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Após avaliação médica, caso o profissional veja ser necessário, é recebida a requisição para fazer o teste de dengue, disponível nas unidades de saúde do município. O tipo de teste é feito conforme o número de dias com os sintomas. O mais importante é que logo seja iniciado o tratamento, conforme orientação do médico.
Testes e vacinas nas farmácias
1 As vacinas contra a dengue foram criadas recentemente e, neste ano, em janeiro, o Ministério da Saúde enviou remessas para alguns estados do Brasil, no entanto, o Rio Grande do Sul não foi contemplado. O imunizante Qdenga é produzido pelo laboratório Takeda e ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
2 Em contato com alguns estabelecimentos privados, a reportagem apurou que o imunizante está em falta. É o caso do Laboratório Gassen, da Farmácia Mirandolli, da Tchê Farmácia Gabriela e da Panvel, de Venâncio Aires, locais onde há falta. Cada dose custa, em média, R$ 430 e, no total, são três doses com intervalo de seis meses cada uma.
3 Na Farmácia Haas, não há testes, nem imunizantes, embora tenha procura. A farmacêutica Elaine Haas conta que o maior movimento diz respeito a pessoas já com diagnóstico de dengue e que procuram tratar os sintomas, especialmente para hidratação. Ela relata ainda a busca constante por repelentes. “Já existe uma falta na indústria, mas conseguimos um bom estoque”, comentou Elaine. Na Ultramed Popular e na Farmácia do Agricultor, a reportagem apurou que também não são oferecidos testes ou vacinas. A Folha do Mate não conseguiu contato com a Farmácia São João e com a Maxxi Econômica.
4 A equipe de epidemiologia reforça que todos os testes positivos feitos no município são notificados, por isso, a importância de detectar a doença, para que futuramente cheguem vacinas, por exemplo. Carla Lili Müller comenta que ainda não há nada concreto sobre a vinda de imunizantes ao estado e para Venâncio. O que se espera é que venham doses, pelo menos, para o próximo ano.

*Colaborou Débora Kist.