Nas tabacaleiras, diferentes equipes de trabalho atuam nos variados processos necessários desde a chegada do tabaco, entregue pelos produtores, até a remessa pronta para comercialização às empresas que utilizam o produto já beneficiado.
O processo de destala – retirada dos talos da folha de tabaco – é feito de forma manual e, na empresa CTA Continental, uma das maiores do segmento em Venâncio Aires, entre as profissionais do setor está a safreira Delcy Saueressig da Silva, de 64 anos, que está na sexta safra de trabalho na CTA.
Natural de Venâncio Aires, ela mora há 11 anos em Vila Santo Antônio, interior de Mato Leitão. Aposentada no ramo de confecção há 10 anos, também se dedica ao artesanato. “Eu ficava muito sentada o dia todo, então decidi por indicação de uma vizinha me candidatar a uma vaga na CTA, foi a melhor escolha que fiz”, declara.
Delcy só ficou afastada por duas safras por exigência em virtude da pandemia de Covid-19. “Eu não tinha noção do trabalho, aprendi tudo aqui. Quando era criança acompanhei minha família que trabalhava com tabaco, mas do trabalho na empresa eu não entendia”, comenta. Ela fala sobre a importância do acolhimento dos colegas para aprender as tarefas e para se sentir bem desde os primeiros dias de trabalho. “Todos são muito prestativos, fiz muitas amizades. Enquanto eu tiver saúde quero continuar”.
Com três filhos e três netos, Delcy ainda se dedica ao artesanato nas horas vagas. Inclusive, comercializa os produtos para os colegas nas ‘feirinhas’ realizadas na empresa. O contato com os colegas nas horas de intervalo também é citado pela safreira, que não abre mão de tomar o café da manhã no local. “O refeitório foi reformado, temos também uma área de lazer. A comida também é muito boa”, comenta.
Operador de empilhadeira, há 22 safras na empresa
O contato com a cultura do tabaco teve início ainda na infância para Célio Pedro Weiss, de 63 anos. Natural de Linha General Osório, interior de Santa Cruz do Sul, acompanhou a produção agrícola na área de tabaco realizada pelos pais.
Desde 1977, mora em Venâncio Aires, para onde se mudou em razão de oportunidades de trabalho. Há 22 safras atua na CTA Continental. Após alguns anos de trabalho em outro local e um período de dedicação à marcenaria, Weiss buscou uma oportunidade na CTA por estímulo da esposa Elaine, que trabalhava na empresa na época.
Weiss atua como operador de empilhadeira desde a primeira safra, sendo responsável por retirar os produtos e subprodutos do depósito e levar para processamento. “Gosto muito de trabalhar aqui, do contato com os colegas. É gratificante fazer o que se gosta”, afirma.
Ele faz parte da equipe do primeiro turno, horário que também gosta, pois, no final da tarde, tem a possibilidade de se dedicar à lida na chácara da família, em Linha Coronel Brito. Já aposentado, o operador de empilhadeira observa que os cerca de oito meses de trabalho durante a safra são importantes para o orçamento da família e, ao mesmo tempo, por poder ter alguns meses para se dedicar às outras atividades. “Sempre tem serviço no interior, é bom a gente se manter ativo”, diz.
Morador do bairro Cidade Alta, Weiss tem dois filhos e dois netos e é também integrante do Coral da CTA, grupo que conta com cerca de 15 integrantes. “Temos ensaios toda semana, é bom esse contato com as pessoas, eu gosto bastante”, conclui.