É tão automático abrir a torneira para pegar água para beber, que, muitas vezes, sequer imaginamos todo o processo pelo qual ela passa para chegar até ali. Em Venâncio Aires, tudo começa na estação de captação da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), no acesso Grão-Pará.
No local, a água bruta é retirada do arroio Castelhano. Por meio de adutoras (canos de 150 milímetros), ela é encaminhada para a Estação de Tratamento de Água (ETA), localizada no bairro Morsch. Todo o processo leva de 2h15min a 2h30min. A ETA tem sete funcionários, funciona diariamente e só para entre as 4h e as 5h, se todos os reservatórios estiverem abastecidos.

Como funciona o tratamento da água
O tratamento é dividido em duas etapas: a clarificação e a desinfecção. A primeira delas tem o objetivo de deixar a água transparente. A separação das impurezas da água é promovida, inicialmente, por meio do sulfato de alumínio. O processo de agitação com o sulfato de alumínio faz com que toda a sujeira que está na água se aglutine e decante (a parte sólida se separa da líquida). “Começam a se formar coágulos, flocos de sujeira, que vão pesando e decantando”, explica a agente de tratamento de água encarregada da ETA, Marta Fagundes da Silva.
Esse processo ocorre, inicialmente, no floculador e, depois, no decantador. A ETA de Venâncio Aires tem dois floculadores e dois decantadores, grandes tanques onde ocorrem os processos de forma contínua.

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Filtração
Depois da decantação, a água segue para a filtração (são seis filtros na ETA), quando são eliminados os resíduos de impureza. Essa filtragem ocorre em grandes tanques com pedras, pedrisco, areia e carvão. A partir daí, toda a sujeira aparente da água é eliminada. Com isso, a clarificação está concluída e inicia-se o processo de desinfecção.
• Desinfecção
A desinfecção é o que garante que a água não tenha germes e bactérias prejudiciais à saúde. Ela ocorre por meio da inclusão de substâncias químicas que garantem a desinfecção, como o cloro, e o flúor, tudo de acordo com parâmetros estabelecidos pela portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde. Esses índices mensais estão indicados no verso da conta de água.
• Finalização
Na etapa de desinfecção, não há mais contato humano e não é possível ver a água, como ocorre nos outros processos, dentro dos tanques. Quando sai dos filtros, a água passa por câmaras de mistura, recebe dosagens de cloro e flúor e vai para o reservatório de um milhão de litros, junto à ETA.
Esse reservatório direciona a água para outros dois reservatórios de água de 250 mil litros, localizados próximo ao Colégio Professor José de Oliveira Castilhos, no Centro. É de lá que a água começa a ser distribuída pela rede para as residências ou para outros reservatórios, como o da Cidade Alta. Mesmo quem mora no bairro Morsch e é vizinho da ETA, por exemplo, não recebe a água diretamente do local.

Saiba mais
• De todos os componentes químicos adicionados à água, durante o tratamento, os únicos que permanecem até a água chegar ao consumidor são o cloro e o flúor. Os demais, como o sulfato de alumínio, ficam no lodo resultante do processo.
• Todo o resíduo que sobra do processo de limpeza da água é direcionado para uma lagoa de lodo, na Estação de Tratamento de Água. A água é filtrada novamente e apenas o lodo é recolhido e descartado, atendendo exigências da Fepam.
• A quantidade de produtos químicos utilizada para o tratamento da água depende da qualidade da água captada. “Por isso, quanto mais tivermos água de qualidade no manancial, mais limpa, menos produtos terão que ser utilizados”, explica a agente de tratamento de água encarregada da ETA, Marta Fagundes da Silva.
• Como o cloro é volátil, ele vai perdendo teor ao longo do processo nas redes. É por isso que, nas áreas mais periféricas da cidade, esse teor tende a ser mais baixo do que na área central. “Mas em todos os locais a quantidade está dentro do padrão, conforme estabelecido pela portaria do Ministério da Saúde”, esclarece Marta.
• Periodicamente, a Corsan também coleta amostras de água em 55 pontos da cidade. A agente de tratamento de água, Rosmeri Menzel, explica que são desde pontas de rede (como ruas sem saída) até escolas, fábricas, hospital e postos de saúde. “Fazemos essa coleta para analisar como está chegando a água e se está tudo conforme o padrão”, explica.
Água branca não é cloro
Diferentemente do que muita gente pensa, quando a água está mais branca isso não significa que ela está com muito cloro. As agentes de tratamento de água Marta Fagundes da Silva e Rosmeri Menzel explicam que o cloro é incolor.
Segundo elas, o que deixa a água branca, em algumas situações, é a pressão da rede, o ar que vem junto com a água. “A temperatura da água pode influenciar e o calor acentua o cheiro de cloro, mas nada é fora do padrão. A quantidade sempre está dentro do estabelecido pela portaria do Ministério da Saúde”, complementa Rosmeri.
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