Você sabe por que as ruas foram abertas na região central do município? Esse serviço que muitos reclamam, para instalação da rede coletora de esgoto, está sendo feito para melhorar o saneamento básico e, consequentemente, a água oferecida para a população. O esgoto que passa dos bueiros direto para o arroio Castelhano, agora em 1595 residências já é encaminhado, primeiro, para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), onde é tratado.
Localizada no bairro Morsch, a estação foi inaugurada em 2017, e é administrada pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). No local, o esgoto das casas que já possuem a ligação com a rede coletora passa para a Estação Elevatória de Esgoto, que armazena o líquido. Depois vai por bombeamento para a ETE, passando pelo gradeamento e caixa de areia, que retiram os resíduos mais grossos, o restante passa para a calha e chega no Reator Anaeróbio de leito Fluidizado. “Por um processo de decantar o esgoto, uma parte se transforma em lodo, depois sobra apenas o esgoto líquido. Isso acontece pelo trabalho do reator, que troca os gases, cria bactérias e faz toda evolução”, explica a encarregada da ETE, Marta Fagundes da Silva.
Após o esgoto líquido passa por canalização, é depositado em um tanque, recebe tratamento de hipoclorito de sódio – único composto químico usado por enquanto – e vai para o leito final que é o arroio Castelhano. Já o lodo final é colocado em outro tanque, exposto ao sol para secar e é vendido para uma empresa terceirizada, pois pode ser utilizado como adubo. “Ainda não chegamos nesta etapa, por não termos tantas ligações.”
No primeiro processo, onde o esgoto passa pelo gradeamento, Marta conta que muitos materiais são retirados – antes, eles iam direto para o arroio. “Cabelo é o que mais vem, mas tem muito plástico, preservativos, isopor, esponja de louça e outros. São coisas que podem entrar até pelos bueiros. Com esse procedimento, com o tratamento de esgoto evitamos que essas coisas vão direto para nosso arroio, na água que bebemos e usamos”, enfatiza. Esses materiais recicláveis são secos e encaminhados para a Usina de Lixo.
Depois de passar pelo gradeamento, o esgoto cai no tanque do reator, apelidado de ‘Rafa’, um cone fechado, sem ar, que gera bactérias naturais anaeróbicas as quais se alimentam do esgoto e decompõem a matéria orgânica que fica no reator – o lodo. A água que sobra sai para receber o tratamento. “Quando chega no reator, o esgoto é dividido por um extravasor, que ajuda com que ele se espalhe no reator de concreto. Isso ameniza o cheiro também”, detalha a química.
Na última fase do esgoto líquido, ele vai para a calha Parshall – um medidor de vasão -, onde recebe agitação para gerar oxigênio e também o tratamento químico com hipoclorito de sódio, que é distribuído por bombas dosadoras. “É o tratamento final, mas quando a quantidade for maior, vamos adicionar outros produtos químicos para que o processo seja completo”, observa Marta. Já o lodo vai para um tanque aberto que fica em exposição solar para secar.
Investimento em saúde
Encarregada da Estação de Tratamento de Esgoto, Marta Fagundes da Silva destaca que é necessário que a comunidade entenda o que é a ETE e como funciona. Segundo ela, é de extrema importância ter esse tratamento, pois sem ele o esgoto vai direto para o arroio e, consequentemente, a água chega mais suja na Estação de Tratamento de Água (ETA).
Assim, nesse processo, é necessário colocar mais produtos químicos para a água ser potável. “Infelizmente as pessoas reclamam das ruas serem abertas, mas para ter essa melhoria foi preciso mexer. É um mal que veio para o bem de todos”, observa a Marta.
Ela comenta que começar esse tratamento já é um grande passo para Venâncio, mesmo que poucas residências estejam ligadas à ETE. “Ainda estamos engatinhando, mas pelo estudo que foi feito no começo, até 2038 é para estar todo município interligado à ETE”, adianta.
“A comunidade precisa entender que esgoto canalizado é saúde. Esse processo é para um conjunto de água, esgoto e saúde. É isso que buscamos e estamos caminhando, aos poucos, em busca da melhoria.”
MARTA FAGUNDES DA SILVA
Química e encarregada da ETE
70%
da água consumida vira esgoto, conforme a responsável pela ETE.
Funcionamento
- São cinco bacias de tratamento, em Venâncio Aires, divididas por grupos de bairros. A primeira é do Centro, que já está instalada e funcionando. Para fazer a ligação da rede coletora, os proprietários dos imóveis devem ir até o escritório da Corsan.
- No momento, a ETE está funcionando em média seis horas por dia, por conta do baixo volume de esgoto que chega. Os equipamentos são projetados para processar até 40 litros por segundo, mas hoje trabalham com vazão de 27,5 litros por segundo.
- A quantidade de esgoto recebida e tratada e o tempo do processo depende do número de litros recebidos, o que está relacionado à quantidade de residências com ligação à rede coletora.
- No mês de julho, 5.940 metros cúbicos de esgoto foram tratados.
- Diariamente, Marta faz análise laboratorial, com uma amostra do esgoto que está no reator, para saber o nível de lodo. Pois quando estiver na média de 40%, ele deve ser retirado e colocado para secar.
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