Sala das Margaridas de Venâncio Aires toma forma com mão de obra voluntária e prisional

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Em breve, as mulheres vítimas de violência doméstica, assim como seus filhos menores de idade, terão um espaço exclusivo de atendimento. Está em fase final a instalação da Sala das Margaridas, um ambiente criado em prédio anexo a Delegacia de Polícia e que contará com atendimento especializado. O local, inclusive, terá um quarto para abrigar vítimas de situações extremas e que não tenham lugar seguro para pernoitar.

O prédio é o mesmo onde por muitos anos funcionou o Posto de Atendimento à Mulher (PAM). Como necessitava de reformas estruturais, principalmente de telhado, forro e piso, o delegado Vinícius Lourenço de Assunção encaminhou um projeto junto ao Poder Judiciário, que foi aprovado e permitiu que vereadores doassem valores através de emendas impositivas, que chegaram a casa dos R$ 102 mil.

Com esse valor, explica o titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), foi possível restaurar o prédio e adquirir equipamentos novos. “Mas ainda precisávamos humanizar e dar vida a este ambiente e então fomos atrás de profissionais voluntários”.
Inicialmente, o delegado solicitou ajuda à arquiteta Jalila Böhm Heinemann, que imediatamente aceitou o desafio e indicou o nome da advogada Mara Betti Frey, que mantém um blog onde ensina seus seguidores a criar e decorar ambientes usando materiais recicláveis e de baixo custo, para lhe auxiliar.

Juntas, já deram uma nova cara à Sala das Margaridas e prometem deixar o ambiente ainda mais aconchegante e acolhedor. Além de criarem móveis e utensílios, harmonizando com o ambiente, elas foram atrás de doações e o resultado foi altamente satisfatório. “Ganhamos tinta, utensílios em geral e muitos brinquedos, que serão destinados às crianças, enquanto suas mães são atendidas”, explicou Mara, que mantém o blog @mesasdamara, que possui cerca de 150 mil seguidores.

Mão de obra prisional

Ontem pela manhã, um apenado da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva) se juntou às duas voluntárias para fazer a pintura da parte interna do prédio. Ele virá diariamente e também auxiliará em outras frentes, como lixar móveis antigos para facilitar a restauração e uso na Sala.

Além destas atividades, este detento estuda no Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (Neeja) Mário Quintana, que funciona junto à Peva. “Além da remissão pelo trabalho, também busco a diminuição da minha pena através dos estudos”, observa o apenado de 29 anos, que em 2025 terá a progressão do regime e sairá do fechado para ser monitorado eletronicamente. “Quero trabalhar e mudar de vida”, resumiu.

Delegacia da Mulher

Contente por ter conseguido tirar do papel a reforma do prédio e a instalação da Sala das Margaridas, o delegado Vinícius ainda aguarda por um psicólogo para poder iniciar os atendimentos. Este profissional será o responsável por receber e encaminhar as vítimas, depois de feito o registro na DPPA.

O delegado Vinícius vai além e pretende, para um futuro próximo – o que também é da vontade do delegado Paulo César Schirrmann -, transformar a Sala das Margaridas em uma Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), a exemplo do que já existe na vizinha Santa Cruz. “A estrutura está aí. Agora nos faltam os profissionais”, mencionam os delegados. A expectativa é de inaugurar a Sala das Margaridas ainda no mês de setembro.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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