Os veículos movidos a energia elétrica são uma realidade nas ruas do mundo e uma aposta de algumas concessionárias para reduzir os custos e diminuir a poluição causada pelos veículos movidos a gasolina e diesel. Em Venâncio Aires esta tecnologia já ganha espaço, mas até que ponto os veículos elétricos são uma vantagem aos consumidores e ao planeta?
Há comprovação de que o carro elétrico tem potencial para reduzir sensivelmente a poluição urbana, inclusive a poluição sonora, já que o funcionamento do motor é muito silencioso. Mas um estudo da consultoria britânica Ricardo – e publicado na revista Quatro Rodas – diz que o automóvel elétrico polui mais para ser produzido, sobretudo em função da bateria, que é bem maior e mais pesada que as demais. “Mas isso é compensado ao longo da vida útil do carro. Por exemplo: um carro familiar médio, a gasolina, irá gerar cerca de 24 toneladas de CO2 durante seu ciclo de vida, enquanto um veículo elétrico produzirá cerca de 18 toneladas, sendo 46% desse impacto no período da produção do carro e da bateria”.
O problema está na produção e descarte das baterias, que são o ‘coração’ dos elétricos, e de como esta energia será gerada para que seja possível abastecer estes modelos. Na China, país que mais aposta neles, 75% da energia vem da queima do carvão, ou seja, não ameniza tanto a poluição. Na Califórnia (EUA), quase 60% da energia gerada vem da queima de combustíveis fósseis. O Brasil até leva vantagem nesse ponto, pois a maior parte da energia vem das hidrelétricas.
No posto Chama, localizado às margens da RSC-287, próximo ao trevo de acesso a Venâncio Aires, a energia usada para abastecer os veículos vem das placas solares. O empresário Adriano Reginatto investiu na compra de uma bomba de carregamento e disponibiliza aos clientes. “Por enquanto estamos em fases de testes e não cobramos nada para o abastecimento dos veículos elétricos, desde que consumam algum outro produto no posto”, observou Reginatto.
O equipamento foi adquirido há cerca de dois meses e diariamente é usado por clientes. O tempo que cada veículo leva para carregar a bateria varia de cada modelo, podendo variar de uma até seis horas ou mais. “Além de variar de acordo com o modelo do veículo, há bombas de carregamento que custam de R$ 20 mil a R$ 300 mil, de acordo com a potência [rápida, média e lenta]”, explica o empresário.
Os veículos também podem ser recarregados em casa, em uma tomada comum, mas nestes casos a demora pode chegar a 24h.
Autonomia e custos
O que mais preocupa quem pretende adquirir um veículo elétrico são a autonomia e o custo dos veículos. Nos EUA, o elétrico mais acessível é o minicarro de dois lugares Smart Fortwo, de US$ 24.250, preço de um Honda Civic top de linha. No Brasil, observa o proprietário do posto Chama, os veículos custam praticamente o dobro dos demais veículos.
A autonomia também faz as pessoas se questionarem se é vantajoso investir em um elétrico. Hoje, os veículos conseguem percorrer de 200 a 450km, sem reabastecer. De negativo é o fato de que isso permite apenas viagens curtas, sem a necessidade de parar horas em um local para recarregar a bateria e seguir a viagem.
Por outro lado, o que mais surpreende é o alto torque e o baixo custo de manutenção, pois os elétricos não precisam realizar trocas de óleo, por exemplo, pois não possuem sistema de escapamento. No entanto, se o veículo apresentar panes – afora pneus furados e lâmpadas queimadas -, não são todos os mecânicos que saberão sanar os problemas.
Outra situação que ainda preocupa é de onde virá o material (basicamente o lítio) para produzir as baterias que armazenarão a energia e como será feito o descarte deste material. Questões que aguardam respostas, mas ao que parece, os elétricos vieram para ficar. Porém, conforme salienta Reginatto, ainda vai demorar muito tempo para que os veículos elétricos sejam comparados aos a gasolina e óleo diesel.