Faltando 365 dias para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 – realizado entre 26 de julho e 11 de agosto do próximo ano – o venâncio-airense Gustavo Wagner Dallafávera, de 24 anos, lançou o projeto Sonho Olímpico, que consta na produção de vídeos semanais para o YouTube com a rotina de um atleta amador que sonha, no futuro, alcançar o nível olímpico. Atualmente, Dallafávera é estudante do curso de Educação Física na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e é bicampeão gaúcho de atletismo nas provas de 100 e 200 metros rasos, além de ter sido quatro vezes medalhista no Campeonato Brasileiro Universitário, representando a UFSM.
Projeto
Segundo o atleta, o projeto Sonho Olímpico era algo que já buscava criar há muito tempo, pois tinha vontade de mostrar como é a rotina de um atleta amador que quer alcançar os melhores do Brasil. “Então sim, o Sonho Olímpico é real, quero um dia chegar nas Olimpíadas, porém isso não acontece do dia para a noite”, explica.
Dallafávera tem como melhor marca nos 100 metros rasos o tempo de 10″55 e o índice Olímpico é 10″00, que até recentemente era o recorde brasileiro. Ele afirma que são praticamente cinco a seis metros de diferença, na realidade dentro da pista. Nos vídeos, ele apresenta a rotina semanal, principalmente de treinos, mas também os percalços no caminho. “Como nesta semana, em que furtaram um par de tênis no varal da minha casa”, brinca.
O lançamento ocorreu na semana em que estava faltando 365 dias para as Olimpíadas e vai se estender até a abertura dos jogos. O objetivo é mostrar a realidade de um esporte deixado de lado, no qual, segundo ele, já foi o 12º atleta mais rápido do país e ainda não ganhou um centavo.
“Assim como quero conseguir monetizar o canal e tornar o atletismo mais acessível para todos, pois sempre tive dificuldade em encontrar material sobre o esporte na internet. O atletismo é conhecido como esporte base, por moldar todas as outras modalidades e deveria ser mais valorizado do que é no nosso país”, relata Dallafávera.
Para conhecer o projeto, entre no canal Gustavo Dallafávera no YouTube ou então pelo Instagram @gwdallafavera.
Parceria
Atualmente, Dallafávera não tem patrocinadores oficialmente, apenas pessoas que o apoiam quando necessário, como a academia onde treina e um fisioterapeuta parceiro. Além do curso de Educação Física, ele trabalha como estagiário numa assessoria de corrida, ganha bolsa mensal de projeto que participa na universidade e, também, é preparador físico da equipe de futebol americano Santa Maria Soldiers. “Estou concluindo a graduação em Educação Física este ano, então além de dividir o tempo com trabalho, bolsa e TCC [trabalho de conclusão de curso], tem os treinos e a edição dos vídeos para fazer semanalmente”, destaca.
Pra fechar o ano de 2023, disputará o Campeonato Gaúcho da modalidade em outubro, em busca do tricampeonato. Após isso, conclui a temporada e, em novembro, já inicia as preparações para o ano de 2024, em que ocorrerão os Jogos Olímpicos de Paris.
História
1. Gustavo começou a praticar o atletismo em 2015, quando estudava no Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) Venâncio. Pelo IFSul participou dos Jogos Nacionais dos Institutos Federais e foi campeão brasileiro e recordista na prova de salto em distância.
2. Após se formar em 2017, chegou a atuar no Sub-20 da Assoeva e, em 2018, começou a estudar Educação Física na UFSM. Em Santa Maria, voltou ao atletismo e, até o fim de 2019, tinha como carro-chefe as provas de salto em distância e salto triplo.
3. Passou a se dedicar exclusivamente ao atletismo no fim de 2019 e, em março de 2020, teve os treinamentos paralisados, junto com as aulas, por conta da pandemia de Covid-19. “Fiquei cerca de um mês e meio dentro de casa sem treinar e sem treinador, mas logo na sequência comecei a procurar alternativas para superar”, relembra.
4. Com isso, começou a estruturar os treinos, treinar em campos de futebol e nas ruas de Venâncio Aires. Período em que teve apoio da Academia do Borba e, na falta de uma pista adequada para treinar com obstáculos, migrou para as provas de velocidade.
5. Voltou a competir apenas em setembro de 2021, com quase dois anos de treinos e preparação. “Nem tinha um objetivo específico, mas aquilo era um alívio diário para o isolamento social”, frisa. Nesse mês, foi escolhido para representar o Rio Grande do Sul no Campeonato Brasileiro Universitário, quando foi medalhista de bronze na prova dos 100 metros rasos, no pódio com Paulo André (ex-BBB e atual hexacampeão brasileiro), bronze no revezamento 4×400 metros, e prata no revezamento 4×100 metros. Logo na sequência, sagrou-se, pela primeira vez, campeão gaúcho nas provas dos 100 metros (conseguindo índice para o Troféu Brasil de 2022) e 200 metros rasos, e medalhista de bronze no salto em distância.
6. Em 2022 voltaram as aulas em Santa Maria e teve que retornar para a cidade. “Foi o melhor e, ao mesmo tempo, o pior ano da minha vida como atleta”, conta o jovem. No Troféu Brasil fez a melhor marca da vida nos 100 metros, ficando em 12º geral do Brasil inteiro. Porém, o segundo semestre foi difícil, com o desgaste físico e mental, ele relata que a mente, que era sua maior arma, se tornou uma inimiga.
7. No Campeonato Brasileiro Universitário em outubro de 2022, ficou na 6ª colocação, mesmo entrando como um dos favoritos. Em novembro, na última competição, foi bicampeão gaúcho de atletismo nas provas dos 100 e 200 metros, e bronze nos 400 metros rasos. “Tive uma lesão nas férias logo após o Campeonato Gaúcho, e voltei, recentemente, a treinar com qualidade em Santa Maria.”
8. Em 2023 já participou de três competições, o Gauchão Universitário, em que foi bicampeão dos 100 metros, o Brasileirão Universitário, que ficou na 7ª posição na mesma prova, e do Troféu Brasil, que acabou ficando apenas na 22ª posição.