Venâncio Aires produz 45 toneladas de morango por ano

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Um dos maiores produtores de morango do Rio Grande do Sul está em Caxias do Sul e mantém nada menos que um milhão de pés produzindo a fruta. Trata-se de uma grande escala comercial e que visa, em boa parte, a exportação.

A quantidade é enorme se comparada aos 120 mil pés que existem em Venâncio Aires, mas proporcionalmente, o morango daqui também buscado seu espaço. Conforme dados da Emater, são atuais 50 produtores e, mesmo quem tem ‘apenas’ 150 pés ou até 7 mil, cultiva para fins comerciais, chegando a uma produção anual de 45 mil quilos.

Há 15 anos, eram cerca de 3 hectares de morango. Hoje baixou para 1,5 hectare, mas esses 50 produtores mantêm estufas, o que concentra a produção e não exige tanto espaço por terra. “Apenas oito ainda plantam diretamente no chão. A grande maioria faz em estufa”, explicou a extensionista rural da Emater, Djeimi Janisch.

Janice Wehner, de Centro Linha Brasil, começou a produzir em 2022 (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Por ser uma atividade onde é possível, na maioria das vezes, dar conta de forma solitária, a produção de morangos tem sido liderada por muitas mulheres. Entre elas, Janice Wehner, 39 anos, uma das ‘novatas’ nessa cultura em Venâncio. “Foi tudo muito rápido. Ano passado tive um problema de saúde e o médico me proibiu de ficar no sol forte e no trabalho pesado. Eu precisava fazer alguma coisa e como sempre achei lindo ver as plantas e adoro a fruta, decidi pelo morango”, conta a agricultora, que mora em Centro Linha Brasil, quase na divisa com Linha Esperança.

Na propriedade, o carro-chefe sempre foi e ainda é o tabaco, mas os Wehner também criam gado de corte e produzem algumas frutas e verduras, pensando na diversificação. Mas é o morango, agora, a ‘segunda’ cultura. Em abril de 2022, a estufa de 150 metros quadrados ficou pronta e logo foram compradas 1,8 mil mudas, sempre com assessoria da Emater. Entre estrutura, insumos e mudas, foram R$ 26 mil investidos. Em julho, Janice colheu os primeiros frutos, que não foram vendidos. Isso porque o filho, Guilherme, 21 anos, pediu: a primeira colheita seria para fazer uma torta.

Depois, as frutas continuaram vindo e a agricultora comemora a boa aceitação dos clientes, muitos deles de localidades do entorno. “O pessoal tem gostado bastante e muita gente já procurou. Ficam seguros para comprar porque não tem veneno. E, para mim, é fazer algo que sempre achei bonito e que posso trabalhar. Estou muito feliz.”

Orgânico: muito além do ‘sem veneno’

Historicamente, o morango, junto com pepino e pimentão, sempre esteve, conforme análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre os alimentos com o maior número de amostras contaminadas por agrotóxico. Por isso, embora os olhos ‘puxem’ para o visual bonito da fruta, muitos consumidores têm evitado por receio de comer um alimento com excesso de defensivos. Ou até é comum de se ouvir que ‘uma fruta tão grande e bonita, deve ser puro veneno’.

Foto: Débora Kist

“Sem veneno é não usar agrotóxico ou produto químico que deixe resíduo. Trabalhamos com produtos biológicos ou com carência zero. Trabalhamos para que o produtor possa oferecer um produto seguro para quem consome e aqui em Venâncio o pessoal tem encontrado essa segurança”, destacou a extensionista rural da Emater, Djeimi Janisch.

No entanto, Djeimi explica que não ter veneno não significa ser orgânico. “Orgânicos são produzidos em base ecológica e vão muito além de não usar veneno. Precisa seguir uma legislação que leva em conta questões produtivas, já que todos os produtos e processos devem ser permitidos para a agricultura orgânica, além de questões ambientais e sociais da propriedade.”

A extensionista da Emater chama atenção das exigências em torno da produção. “A produção orgânica é rastreada muito antes dos hortifruti, porque exige plano de manejo da propriedade e caderno de campo, por exemplo, onde se permite rastrear todo o caminho que passou para se chegar num produto seguro. Então é um desafio, porque o produtor precisa seguir toda a legislação e ser auditado.”

Essa auditoria pode ser por uma certificadora particular ou pode ser de forma participativa por uma OCS (Organismo de Controle Social) ou ainda SPG (Sistema Participativo de Garantia). Conforme Djeimi Janisch, para um produtor afirmar que seu produto é orgânico, ele precisa estar no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, junto ao Ministério da Agricultura. O cadastro é de acesso livre para consulta de toda população.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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