Adolar Reiter aproveita a aposentadoria, cercado de recordações da luta pela emancipação
Adolar Reiter aproveita a aposentadoria, cercado de recordações da luta pela emancipação (Foto: Caco VIllanova)

Sábado, 8 de outubro, o jornal Folha do Mato Leitão entra no 30º ano de criação. De 1996 até hoje, são 646 edições publicadas semanalmente. Em Venâncio Aires, circulou encartado na Folha do Mate de sextas-feiras, ainda um bissemanário. Parou no início de 2000, mas foi retomado em 3 de junho de 2005. Hoje, continua chegando com o jornal da Capital Nacional do Chimarrão para os assinantes da Cidade da Orquídeas.

Primeira edição do jornal Folha de Mato Leitão foi publicada no dia 8 de novembro de 1996 (arquivo Folha do Mate)

Mato Leitão - A primeira edição, publicada em uma sexta-feira, foi apresentada a prefeitos da região, em encontro realizado pela Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) no mesmo dia, na Sociedade Esportiva União Boa Vista (Seubv). Como matéria de capa, além da reunião, o destaque foram os cinco anos da emancipação política, completos em 10 de novembro. Na época, a então prefeita Eunice Inês Heuser encerrava seu mandato e o primeiro governo municipal e se preparava para repassar o cargo ao sucessor Carlos Alberto Bohn.

No editorial, intitulado ‘Era só o que faltava’, a direção da empresa jornalística Folha do Mate relatou vários motivos que levaram a apostar no novo município, que revelava seu potencial na primeira gestão municipal. Em matéria na página 4, a prefeita relata as primeiras realizações e conquistas do município. Eunice, que tinha com vice o empresário Décio Henkes, se preparava para passar o comando do Executivo para os sucessores. Carlos Bohn e seu vice Dário Jaeger são apresentados na sequência, bem como os integrantes da segunda legislatura da Câmara de Vereadores.

O jornal também destacou jovens atletas, como Greice Gorck e Ademir Mahlmann, mais a equipe infantil de futsal do Colégio Poncho Verde, que representaram o município nos Jogos das Escolas Públicas do Rio Grande do Sul. Trouxe a história do pintor alemão Steinhauber dit Pitter e sua paixão por Mato Leitão, que havia conhecido na década de 1960, e notícias sobre o atendimento no posto de saúde; reunião da Associação de Psoríase e Vitiligo em Venâncio Aires, entidade que tinha o mato-leitoense Paulo Renato da Rosa como delegado regional; a campanha de catação da broca da erva-mate, e, na última página, a coluna Via Fax, onde Carmen Goerck registrava eventos sociais do município.

Plebiscito e emancipação

Outra fonte de entrevista do jornal de estreia foi Adolar Reiter (página 3), que presidiu a comissão que organizou o movimento pela emancipação e o plebiscito, que completava cinco anos. Na matéria, ele chama atenção para um dos motivos que levou a comunidade a iniciar o movimento: a necessidade de administrar os próprios tributos, até então pagos ao município mãe Venâncio Aires sem o devido retorno.
Hoje, passados 34 anos do dia em que a população manifestou sua intenção de ser independente, ele ainda se emociona ao lembrar do dia em que os vetos do então Governador Alceu Collares aos projetos de emancipação foram votados na Assembleia Legislativa. “Foi o pior dia”, diz, referindo-se ao movimento. Havia pressão dos dois lados. Grupos favoráveis e contrários lotaram ônibus para acompanharem a sessão histórica.

Adolar Reitar em 1996, cinco anos depois do plebiscito de emancipação (Foto: arquivo Folha do Mate)

Ao repassar a história do movimento, Reiter destaca o papel dos veículos de comunicação. Antes mesmo de a Folha de Mato Leitão surgir para acompanhar e registrar os primeiros anos de administração pública independente, a Folha do Mate cumpria a missão de cobrir e divulgar os fatos mais importantes da então sede distrital e, depois, do movimento emancipacionsita. “Foi um trabalho muito importante”, diz, cercado de recortes de matérias de jornais e revistas que guarda como testemunhos da história.

A prova de que o movimento pela emancipação foi o mais correto a se fazer, segundo Reiter, está no que Mato Leitão se transformou. Ele recorda de como era a localidade enquanto distrito, sem ruas pavimentadas, sem acesso asfaltado, sem máquinas, praticamente esquecido pelo município mãe. Quando iniciou o movimento, trabalhava como tratorista, prestando serviço aos agricultores por mais de 15 anos, atividade que lhe proporcionou conhecer cada canto do distrito. Também presidia a Associação de Desenvolvimento do Distrito de Mato Leitão (Adedimat), momento em que vislumbrou a possibilidade Mato Leitão se tornar município e seguir seu próprio caminho. Então, iniciar um movimento pela emancipação foi condição para permanecer à testa da entidade em um segundo mandato. E foi o que aconteceu.

O olhar de quem acompanha a história da Cidade das Orquídeas

Em sua passagem pela empresa jornalística Folha do Mate, Renê Ruppenthal atuou na cobertura de Mato Leitão por mais de uma década. Hoje, continua divulgando a Cidade das Orquídeas, como assessor de comunicação da Prefeitura. Natural de Linha Arroio Grande, em Venâncio Aires, iniciou atividade profissional em 1995, como operador de mesa de som em uma rádio da cidade, passando logo para a equipe de jornalismo, atuando na área policial.

Acompanhar história de Mato Leitão, rendeu a Rene Rupphental um acervo rico em textos e imagens (Foto: divulgação)

Com breve passagem por outros veículos de comunicação, em 2006 Renê se mudou para Mato Leitão, iniciando atividade na Folha do Mate, cobrindo vários setores e a Cidade das Orquídeas. O fato de residir no município deu condições ao jornal acompanhar as informações e eventos de perto. “Como residia aqui, assumi essa tarefa de acompanhar tudo. Acredito que isso trouxe vantagens para o jornal. Evitou o deslocamento de profissionais de Venâncio Aires. Além disso, o jornal sempre esteve presente em todos os acontecimentos do Município”.

Como assessor de imprensa da Prefeitura de Mato Leitão, são 11 anos. Ruppenthal também atuou na Câmara de Vereadores por um período. Segundo ele, a Folha de Mato Leitão sempre foi muita estratégica para a empresa jornalística Folha do Mate. “Tanto que as edições são usadas por alunos em projetos nas salas de aula, além de alguns exemplares ficarem à disposição nos órgãos públicos.”

Na opinião de Renê, a comunidade aprecia a leitura do jornal, que mantém as tradicionais assinaturas. “A Folha do Mate faz parte da história de Mato Leitão. Antes mesmo da emancipação, o jornal estava nas residências da comunidade, tanto na cidade como interior. Não é difícil encontrar famílias que são assinantes desde e época de distrito”, complementa. O comunicador comenta, ainda, o fato de o jornal ter acompanhado e e registrado a luta pela emancipação, a festa da conquista e, depois, a evolução e o desenvolvimento do município. Mais do que isso, mostra histórias de vidas. “As pessoas aguardam com expectativa pelas edições para saber as novidades ou até se ‘ver’ no jornal”, diz.

A relação de Renê com os jornais Folha do Mate e Folha de Mato Leitão e, agora, na assessoria de comunicação da Prefeitura, lhe possibilitou reunir farto material que conta a trajetória da Cidade das Orquídeas. “É um orgulho muito grande poder participar da história de Mato Leitão, através de fotos e noticiando a evolução e desenvolvimento do município.”

Caco Villanova

Atua na cobertura geral do município, em publicações especiais e acompanha os principais acontecimentos na região.

Atua na cobertura geral do município, em publicações especiais e acompanha os principais acontecimentos na região.