Moradores de Mato Leitão e Cruzeiro na expectativa pela reconstrução das pontes de Sampaio Baixo

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Desde o início de maio, quando a correnteza do arroio Sampaio destruiu duas pontes na divisa de Mato Leitão e Cruzeiro do Sul, moradores têm convivido com as dificuldades de locomoção.

Com a impossibilidade de cruzar o arroio, é preciso desviar por outros trechos, ampliando o percurso. Três meses depois da estrutura da Ponte de Ferro e da Ponte do Passo Fundo, em Linha Sampaio Baixo, serem arrancadas pela água, os recursos para a reconstrução já estão assegurados pela Defesa Civil Nacional. No entanto, ainda há trâmites burocráticos a cumprir e não há previsão de quando as obras vão começar.

Estrutura da ponte do Passo Fundo, em Sampaio Baixo, arrancada pela água (Foto: Roni Müller)

A agricultora Loiva Terezinha Anschau, 63 anos, afirma que o movimento aumentou nos últimos meses. A estrada onde a família mora acaba sendo o caminho para acessar Cruzeiro do Sul e Santa Clara do Sul – um desvio de nove quilômetros a partir do ponto onde fica a ponte do Passo Fundo (em frente ao cemitério de Sampaio Baixo).

Para quem percorre a estrada que vai costeando o arroio Sampaio, tanto do lado de Mato Leitão quanto de Cruzeiro, chama atenção a destruição das árvores e a mudança no leito do curso d’água.

“Não dava para acreditar que a água pudesse levar tudo isso. Estava todo mundo apavorado, coisas pesadas passavam pelo arroio. Troncos grossos, cochos de estrebaria, geladeira, postes”, relembra Loiva, que reside no local há 35 anos e nunca tinha visto nada semelhante.

Loiva observa que o movimento aumentou, pela necessidade dos veículos precisarem desviar (Foto: Juliana Bencke)

A residência da família Anschau fica próximo da Ponte de Ferro. Produtores de leite da Languiru, eles recebem o caminhão da cooperativa a cada dois dias. “Ele vem de Teutônia e também precisa desviar, fazer um trecho maior, assim como nós, quando queremos ir para Santa Clara, onde mora minha mãe”, relata a produtora rural.

Na Ponte de Ferro, em Sampaio Baixo, apenas os pilares permaneceram (Foto: Roni Müller)

Quem também precisou se adaptar à nova realidade é Elton Alfredo Heuser, 53 anos. Desde que nasceu, ele mora na propriedade bem em frente à ponte do Passo Fundo, em Picada Möhler, interior de Cruzeiro do Sul. “Nos primeiros dias, quando eu precisava ir a Mato Leitão, ia direto e quando percebia estava com o carro parado na frente do arroio e não tinha mais ponte”, relembra.

Elton Heuser é morador de Cruzeiro do Sul. Do outro lado do arroio, na parte de Mato Leitão, fica a lavoura de aipim que ele cultiva. Com a queda da ponte, o acesso ficou inviável (Foto: Roni Müller)

Com uma lavoura de aipim do outro lado da ponte, agora ele precisa usar o automóvel e percorrer nove quilômetros para chegar ao local. “Antes era só atravessar a pé, agora não tem nenhum atalho, só passando pela água, mas agora no inverno não tem como.”

De acordo com ele, sempre houve um grande movimento no local e inclusive ônibus que transportam funcionários da Calçados Beira Rio cruzavam a ponte. “Espero que possa ser resolvido o quanto antes, pois é uma ponte muito importante”, reforça Heuser, que participou da construção da estrutura, em 1986.

“Eu tinha 15 anos e ajudei na obra. O concreto foi feito com betoneira e carrinho de mão. Eram dois pedreiros da Prefeitura e o restante eram pessoas da comunidade. Foi um dia inteiro de serviço, das 6h até as oito da noite”, recorda.

Elaboração dos projetos técnicos

Com as duas pontes estão localizadas na divisa entre Mato Leitão e Cruzeiro do Sul, as obras serão encaminhadas em parceria pelas prefeituras. A Cidade das Orquídeas ficou responsável pela elaboração dos projetos, que é o primeiro passo para a obra. De acordo com o chefe de Gabinete da Prefeitura, Evandro Lenhart, o projeto da Ponte de Ferro está concluído.

Já o da ponte do Passo Fundo depende da sondagem de solo. A empresa já foi contratada, e a expectativa é de que o serviço ocorra na próxima semana.

“A partir da sondagem de solo será possível concluir o projeto técnico. No caso da Ponte de Ferro não foi necessário, pois ficaram os pilares e será possível aproveitar. Mas nesta outra ponte, onde o estrago foi bem maior, era preciso esse estudo.

Demorou pois há apenas uma empresa na região e há uma demanda muito grande, pois em todo o estado houve estragos em pontes”, observa Lenhart.

Com os dois projetos finalizados por Mato Leitão, o encaminhamento para a Defesa Civil Nacional e a contratação da empresa para fazer a obra ficarão a cargo do município de Cruzeiro, que está em situação de Calamidade Pública.

“Como Cruzeiro ainda tem mais uma ponte que foi destruída, terá que enviar os três projetos juntos. No momento que eles forem cadastrados e aprovados, será liberado o recurso e pode ser aberto o processo licitatório”, detalha o chefe de Gabinete da Prefeitura de Mato Leitão.



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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