A preparação para reduzir os impactos da estiagem

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Os últimos três verões têm sido marcados pelas fortes estiagens em Venâncio Aires e municípios da região. Com isso, os prejuízos na agricultura e no cotidiano dos moradores, com até mesmo a necessidade de racionamento em determinados serviços, geram as precauções com o olhar nos próximos meses – já que o período entre dezembro e março, normalmente, são os mais prejudicados.

De acordo com o coordenador técnico administrativo da secretaria de Desenvolvimento Rural e responsável pela Patrulha Agrícola, Antônio Rodrigo Vieira Garin, já estão sendo realizados serviços de aberturas de poços e buracos de água, além de abertura e limpeza de açudes. “Isso faz parte da preparação, mas também deve continuar durante o período de estiagem”, frisa.

A secretaria conta, no momento, com um caminhão-pipa com atividade para oito mil litros de água, e está sendo adquirido mais duas caixas de transporte de água, com capacidade para cinco mil litros cada, que serão instaladas junto a dois caminhões caçamba, que ajudarão no atendimento. Segundo Garin, ambas já foram licitadas e aguardam a entrega pela empresa vencedora.

O interior da Capital do Chimarrão, de leste a oeste, são as localidades mais afetadas com a estiagem nos últimos anos. Entre elas o 3º Distrito – Vila Deodoro (principalmente, Paredão Pires, Linha Cipó, Marmeleiro e Linha Santos Filho), o 9º Distrito – Estância Nova (Linha São João, Rincão de Souza, Cerro do Bois e Ponte Queimada), 5º Distrito (Linha Antão, Marechal Floriano e Linha Esperança) e o 4º Distrito (Linha Lucena e Monte Belo).

Previsão

O coordenador acredita que a previsão de estiagem para este ano seja na mesma proporção que a do ano passado, ou talvez maior, devido às previsões realizadas até agora. Sobre o nível do arroio Castelhano, ele afirma que já existe uma preocupação e, inclusive, existem tratativas para realizar a manutenção da barragem provisória abaixo da ponte do Castelhano, nos próximos dias. “Inclusive, a Corsan já encaminhou a licença ambiental e assim que a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) liberar, nós iremos executar o trabalho”, explica.

O rio Taquari está um pouco abaixo do nível, o que, de acordo com ele, no momento pode ser considerado natural, em razão do baixo volume de chuva das últimas semanas.

202

é o número de açudes que foram abertos ou limpos em 2022

Dificuldades e planejamento

Até este mês de novembro, a secretaria já utilizou 360 mil litros de água para atender 45 famílias. Garin enfatiza que a maior dificuldade enfrentada é a falta de recipientes ou locais para depositar a água no ato de entrega. “Por que muitos agricultores ainda possuem somente poços de chão”, pontua.

O planejamento para o verão é manter a mesma forma de atendimento utilizada no ano passado, pois a logística para os atendimentos são mais fáceis e rápidas, em comparação com anos anteriores. “Para reduzirmos o impacto, cogitamos a possibilidade de instalar duas caixas de 20 mil litros em dois pontos de maior necessidade, facilitando o abastecimento dos caminhões. Contudo, ainda está no campo das ideias, pela necessidade de recursos financeiros, mão de obra e tempo”, destaca.

As atividades com caminhão-pipa já começaram. (Foto: Divulgação)

Os prejuízos dos últimos anos

  • Segundo o chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, na safra de 2021/22, ou seja, de novembro de 2021 até fevereiro de 2022, houve uma perda de R$ 72.382.910 em virtude da estiagem. Na safra anterior, também houve uma perda considerável, em destaque para a cultura do arroz, pela falta de água – essencial para o cultivo. “Nesta, os produtores não plantaram as mesmas áreas de arroz, justamente pelo pouco volume de água”, declara.
  • Fin afirma que ainda falta uma mobilização por parte dos órgãos municipais, estaduais e federais, para fazer um trabalho em conjunto que supra parte das necessidades e, com isso, reduza os problemas de armazenagem de água. “Não adianta falar em irrigação com baixo volume de água.”
  • Na cultura do tabaco, a principal do município, Fin diz que existe um problema que vai além da estiagem, que é o manejo do solo em algumas localidades. Ele cita como complicações o excesso de água no preparo do solo e doenças que atingem os locais de plantação. “Em poucos dias que falta água, essas lavouras têm sérios problemas, pois soma a baixa matéria orgânica, os problemas de solo e a falta de preparo, se tivesse uma irrigação poderia ‘salvar a pátria’”, destaca.
  • Ele afirma que, no plantio do milho, nas fases de florescimento de posição do grão é fundamental de 5 a 7 milímetros de água por dia, para suprir a demanda da planta.
  • Na soja, Fin detalha que muitas lavouras não vão ter um bom nascimento, por que a umidade não foi suficiente.
  • Nas olericulturas – legumes -, ele afirma que é impensável produzir sem irrigação. “Claro que não são baratas as horas-máquinas, mas muitas vezes é melhor do que comprar um trator novo, seguir com o uso de um trator usado e utilizar o recurso para a reservação de água para pensar em água no verão.”

“Se todos ou grande parte fizessem reservação de água, na hora das enchentes teria menos volume de água nos arroios e no rio Taquari, ou seja, ainda diminuiria o volume nesses mananciais e na hora que se precisaria para irrigação teria reservado na propriedade. Esse investimento é primordial e está muito atrasado, cerca de 25 a 30 anos atrasados.”

VICENTE FIN

Chefe de escritório local da Emater/RS-Ascar



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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