Muito já se ouviu falar sobre a relação entre a toxoplasmose e os gatos e, principalmente, do receio que se tem quando o assunto está relacionado a gestantes donas desses animais. Apesar de o gato ser um hospedeiro definitivo da doença, o fato de ter o animal em casa não aumenta significativamente o risco de contrair a doença. Entretanto, cuidados de higiene e limpeza nos ambientes onde ele está inserido são fundamentais.
A toxoplasmose é uma doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada por um protozoário intracelular chamado Toxoplasma gondii. Os gatos domésticos e os felídeos selvagens são os únicos hospedeiros definitivos deste parasita, uma vez que, nestes animais, o protozoário pode realizar seu ciclo completo.
Outros mamíferos e aves, incluindo o homem, são apenas hospedeiros intermediários, ou seja, mantêm apenas a fase assexuada do parasita. De acordo com o médico veterinário Hermes de Souza, a enfermidade é rara nos cães. Ele ainda explica que existe uma dificuldade no tratamento dela pelo fato de o protozoário ser intracelular.
No caso dos humanos, conforme Souza, existe uma grande preocupação com gestantes e com os indivíduos imunodeprimidos – aqueles que, normalmente, foram acometidos por doenças crônicas e virais e tiveram a imunidade reduzida. “No caso de gestantes, há um grande potencial de transmissão materna ao feto em desenvolvimento, principalmente, nos três primeiros meses de gestação”, explica.
Entretanto, de acordo com o veterinário, pessoas que mantêm gatos em casa, não têm riscos significativamente mais altos de contrair a doença do que a população em geral. “Evitar a exposição a gatos, não é sinônimo de evitar a exposição a oocistos – células germinativas femininas – de Toxoplasma, pois eles podem sobreviver no solo durante anos e podem se disseminar a partir do local de deposição”, observa.
“Pessoas que mantêm gatos em casa, não têm riscos significativamente mais altos de contrair a doença do que a população em geral.”
Hermes de Souza, médico veterinário
Ele também salienta que o Toxoplasma gondii não é isolado de pelos de gatos que estejam em fase de disseminação de oocistos. “Assim, a conclusão é que não há risco de adquirir a infecção, acariciando ou manipulando gatos, pois o problema está nas fezes deles. Entretanto, deve-se lembrar, também, que a higiene com as mãos, em especial o lavar, é fundamental”, cita.
Cuidados importantes
Lavar frutas e vegetais e usar luvas para jardinagem, principalmente, no caso de haverem gatos que defecam na terra é muito importante. Mulheres gestantes ou indivíduos imunodeprimidos jamais devem limpar bandejas sanitárias de gatos. Além disso, a remoção diária das fezes auxilia na prevenção, pois para que o oocisto passe a ser contaminante nas fezes são necessário de três a quatro dias.
Formas de contaminação
De acordo com informações disponibilizadas no blog ‘Amigo não se compra’, para se contaminar é necessário que haja a ingestão dos oocistos e isso pode acontecer através da ingestão de água contaminada, alimentos não higienizados, saladas cruas não lavadas, levar as mãos sujas à boca e com a ingestão de carnes cruas ou mal passadas. Além disso, a toxoplasmose pode ser transmitida da mãe para o filho. Entretanto, não existe forma de transmissão de uma pessoa para a outra.
Características clínicas nos gatos
De acordo com o médico veterinário Hermes de Souza as características clínicas no gato infectado pela toxoplasmose podem variar de discreta e autolimitante a fatal. No caso dos felídeos do sexo masculino os órgãos mais afetados são olhos e pulmões. Já no caso das gatas a doença pode causar infecção transplacentária a seus descendentes, o que origina filhotes natimortos ou que morrem logo após o nascimento.