Foto: Cristiano Wildner / Folha do MateAbordagem Inclusiva foi a tônica do evento que lembrou o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
Abordagem Inclusiva foi a tônica do evento que lembrou o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

O calor passou quase despercebido para quem participou da Abordagem Inclusiva, realizada pelo Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência (Comped), na tarde desta segunda-feira, dia 3. Dezenas de pessoas percorram a pé o trajeto entre as praças Católica e Evangélica. O evento foi em alusão ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, lembrado ontem.

Ao longo do percurso, voluntários abordaram pessoas que estavam pelo Centro. Elas foram convidadas a passar por uma experiência diferenciada: caminhar pelas calçadas ou atravessar a rua vendado ou mesmo se utilizar de cadeira de rodas para locomoção.

Calçadas irregulares 

A publicitária Luana Andrade, 28, foi uma das participantes que fez o percurso vendada. Ela teve o auxílio de uma bengala. Alguns dos pontos que mais chamaram a atenção dela foi a irregularidade das calçadas. Mesas, cadeiras e totens também geraram transtornos. “Foi impressionante como ficamos desorientados sem a visão. Calçada e rua praticamente passaram a ser mesma coisa”, destacou.

Já outro participante foi o servidor público Jeferson Ferreira, 36. Depois da experiência de caminhar vendado por pouco mais de meia hora, ele observou que a dificuldade em atravessar a rua sem a visão foi um momento de confusão, anseio e receio.

Quem estacionou o carro para participar da experiência de caminhar vendado foi José Henrique Stein, 54, que reside no bairro Brigida. “Foi uma experiência única. Enquanto andava vendado perdi totalmente meu senso de localização. Achei que estava indo em uma direção quando na verdade era completamente outra. A caminhada inclusiva tem bastante valor”, destacou.

Cadeira de rodas 

A dona de casa Áurea Kroth, 63, se locomoveu de cadeira de rodas. Os momentos de maior dificuldade foram quando precisou subir ladeiras entre ruas e calçadas. “Em muitos pontos elas são muito íngremes. É um pavor conseguir subir ou mesmo descer com segurança”, avalou.

Foto: Cristiano Wildner / Folha do MateStein, de olhos vendados, parou o carro para participar da experiência inclusiva
Stein, de olhos vendados, parou o carro para participar da experiência inclusiva

Avaliação 

Na praça Evangélica foi feita uma rápida avaliação do encontro. O presidente do Comped, Orlei Costa, destacou que o objetivo foi alcançado: “aos poucos queremos a população sinta empatia e assim possa vivenciar as dificuldades que os deficientes encaram diariamente”, disse. “A ideia é realmente descentralizar e universalizar o debate em torno de uma pauta tão importante que é a acessibilidade. E é nesse sentido que pensamos a caminhada”, disse Costa.

ele está com 48 anos, mas é cego desde os 19.  “A vida obviamente muda radicalmente, mas hoje estou adaptado e consigo levar uma vida normal” acrescenta Costa. Há cinco anos é casado com a também deficiente visual Susana das Graças Amaro.

Um apelo que fazemos aos comerciantes é que as publicidades que estão na calçada fiquem rente com o cordão, da rua, e não encostadas nas paredes das lojas. As paredes são justamente nossa referência para caminharmos com mais segurança.”ORLEI COSTA Presidente do Comped e deficiente visual

SINALEIRA SONORA PARA FACILITAR TRAVESSIA DE CEGOS

O Departamento Municipal de Trânsito tem a intenção de adaptar sinaleira no Centro da cidade para facilitar a travessia de deficientes visuais. Pelo estudo em andamento o projeto pioneiro em Venâncio Aires será na sinaleira da que fica na esquina das ruas Voluntários da Pátria e Tiradentes. O orçamento foi solicitado para empresas do segmento.

“O ideal é que todas as sinaleiras fossem sonoras, mas infelizmente nosso orçamento é limitado. Pelo estudo, o equipamento na esquina da praça Evangélica é o ponto mais crítico de circulação. Por isso, caso o valor fique dentro do orçamento, a sinaleira será adaptada para emitir sinais sonoros que garantam a travessia segura dos deficientes visuais”, informa o coordenador dos agentes municipais de trânsito, João Eli Araújo dos Santos.

Durante o caminhada a importância das sinaleiras sonoras foi discutida. Foi informado que esses equipamentos são importantes, pois atualmente muitos carros são bastante silenciosos. Uma sinaleira sonora também auxilia idosos, já que muitos têm dificuldade de visão.

Foto: Cristiano Wildner / Folha do MateUm dos maiores problemas encontrados nas calçadas, não é nem a conservação delas, mas são os inúmeros obstáculos diretos
Um dos maiores problemas encontrados nas calçadas, não é nem a conservação delas, mas são os inúmeros obstáculos diretos
Foto: Cristiano Wildner / Folha do MateAtravessar de cadeira de rodas em determinados semáforos exige habilidade e rapidez
Atravessar de cadeira de rodas em determinados semáforos exige habilidade e rapidez
Foto: Cristiano Wildner / Folha do MateEncontro das calçadas com as ruas também foi visto com grande dificuldade por muitos participantes
Encontro das calçadas com as ruas também foi visto com grande dificuldade por muitos participantes