Boatos e denúncias informais sobre uma mulher que teria mentido sobre o câncer para arrecadar dinheiro, tomaram conta das rodas de conversa de Venâncio Aires na última semana. O foco das denúncias é Grazieli Regina Kretschmer.
A jovem, que é de Venâncio mas mora em Joinville, cidade de Santa Catarina, está sendo alvo de especulações sobre a veracidade do câncer que mobilizou venâncio-airenses no segundo semestre do ano passado, quando uma ação entre amigos e uma pastelada foram realizadas em benefício dela. Além disso, Grazi recebeu doações em dinheiro para custear cirurgias. Segundo apurado pela reportagem, somente com a rifa foram arrecadados quase R$ 18 mil, sem contar o valor angariado a partir de uma pastelada e com doações espontâneas como as depositadas a partir da divulgação do número de conta do marido dela.
Ontem à tarde, a reportagem entrou em contato com o advogado de Grazieli, Artur Tassinari Caminha, da Caminha Advogados, de Joinville. Ele disse, por telefone, que recebeu o caso na última quinta-feira, que está “tentando gerenciar essa crise” e garantiu que ela tem a doença. “é um câncer que não tem mais cura”, afirmou.
‘ESTOURO’Segundo o próprio advogado, as suspeitas foram levantadas a partir de uma mobilização para promover a festa de casamento para Grazieli e o marido. Um empresário estaria disposto a pagar parte dos custos até solicitar um laudo da doença. Em princípio, segundo o advogado, o casamento seria de luxo. Toda a organização acontecia através de um grupo pelo WhatsApp que tinha a participação de amigos de Joinville e de venâncio-airenses.
Questionado sobre o motivo de o empresário ter solicitado a documentação, o advogado informou que não tem conhecimento. “A situação chegou a um ponto totalmente hostil, tanto que a Grazieli pediu para cancelar o casamento”, declarou. Sem saber dizer quanto tempo de vida a jovem ainda tem, Caminha explicou que ela está buscando tratamento fora do país, ainda com resultados não comprovados.
Também disse que a médica dela está tentando esse tratamento alternativo. A reportagem questionou o nome da médica, mas Caminha informou que não tem essa informação, nem autorização para repassá-la. Em entrevista realizada pela Folha do Mate em julho do ano passado, Grazieli aproveitou o espaço para agradecer a médica Juçara, mas não informou o sobrenome dela. O advogado salientou que a médica está fora do Brasil e é com ela que estão os documentos técnicos que foram solicitados, segundo ele, por e-mail.
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De qualquer forma, Caminha frisou que o posicionamento dele é não liberar nenhum exame por enquanto e buscar defender ela das calúnias que vem sofrendo, tanto que elaborou uma resposta padrão para que Grazieli repasse para as pessoas que estão entrando em contato com ela, a mesma recebida pela Folha do Mate, que tentou contato por telefone e via WhatsApp. Na mensagem recebida pelo jornal e também enviada para amigas, ela pede que entre em contato com o advogado. “A situação passou dos limites”, frisa o advogado.
“Ela não tem obrigação de liberar esses exames”
Durante a entrevista telefônica, o advogado ainda observou que, embora não seja médico nem tenha a técnica para atestar nenhum estado de saúde, é visível a situação da cliente. Ele informou que está disposto a dar qualquer esclarecimento. “Ela não tem obrigação agora de liberar esses exames. Para mim ela tem obrigação legal de comprovar, mas isso é relação entre advogado e cliente. Para o público ela não tem essa obrigação”, explicou, ao reafirmar o trabalho focado no direito de intimidade.
Ele comentou ainda sobre a proporção que o assunto ganhou: “No dia seguinte do pedido de um laudo já estavam chamando ela de golpista. A coisa foi indo de boca em boca”. Caminha também disse não ter conhecimento de nenhuma ação ou registro contra ela na Polícia.
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