O Brasil nunca fica tão unido em torno de uma única causa como em época de Copa do Mundo. Neste ano, o calendário do evento é atípico: será realizado, pela primeira vez, nos meses de novembro e dezembro, em virtude do calor no país-sede, o Catar. Para esquentar o clima, foi lançado, em 19 de agosto, o álbum de figurinhas desta edição. Como sempre, é um período marcado pela ansiedade para completar o álbum e de interação com amigos e colegas, para trocar as tradicionais figurinhas repetidas.
A edição de 2022 conta com 670 figurinhas, além de 50 figurinhas especiais e 80 cromos extras, nas cores base, bronze, prata e ouro, que vão ser distribuídos aleatoriamente nos envelopes. O livro ilustrado também traz uma seção de homenagem aos grandes campeões das edições anteriores do Mundial. O álbum é produzido pela Panini desde a Copa de 1970 e, neste ano, a editora vai disponibilizar conteúdos extras no aplicativo My Panini. A plataforma permite interagir com versões virtuais e personalizar as figurinhas.
Empolgação
Um dos aficionados pelo álbum é o jovem João Victor Von Helden, de apenas 10 anos. A expectativa vinha desde antes do lançamento, quando conversava com os amigos na escola e aguardava para ter o item em mãos. Este é o seu segundo álbum, pois já teve o da Copa do Mundo de 2018, realizada na Rússia. “Completei, mas não estava tão empolgado como agora”, frisa.
Neste momento, ele tem mais de 200 figurinhas coladas, o que equivale a menos de metade do total. João relata a dificuldade de comprar novas figurinhas, porque a procura está grande e, nas livrarias da cidade, os itens estão virando raridades. “Todos os meus colegas estão atrás do álbum. Às vezes, procuramos em duas ou três livrarias e não encontramos pacotes”, conta.
João é apaixonado por futebol, inclusive, treina em escolinhas, no campo e na quadra. Porém, o amor pela Seleção é ainda maior, a ponto de realizar seu aniversário, no próximo dia 9 de setembro, com o tema ‘Aniversário do Hexa’. Entre as sugestões, nos convites há a possibilidade de presentear com pacotes de figurinhas, sendo uma opção que agrada João. “Torceremos de longe, estarei daqui fazendo a minha parte, completando o álbum e torcendo desde o início.”
Para a mãe, Daiana Nervo, esta empolgação é sadia, apesar da pressão pelas figurinhas “para ontem”. “É saudável, em uma era digital, eles voltando a colecionar e colar em papel”, avalia. Contudo, a única restrição de Daiana é quanto ao valor, já que o álbum inflacionou desde a última Copa. “É caro e tem o problema de encontrar repetidas. Além disso, ele tem outros itens da Seleção, como camisa, boné, mas nada oficial, por que é muito caro.”
Entretanto, para João Victor, o importante é alcançar os 100% do álbum. O jovem destaca que ainda não encontrou nenhuma lendária, apenas escudos dourados, de times atuais e antigos. “Sempre falo para minha mãe: ‘Consegue comprar pacotes hoje?’ Sou muito ansioso e dependemos de sorte, por que algumas são repetidas, não é fácil completar.”
Interação
Segundo João, no colégio já rolam as trocas das figurinhas repetidas com os amigos. “Vários amigos também estão ‘viciados’. Então, levamos os álbuns, as figurinhas e trocamos as repetidas, principalmente após a aula, esperando os nossos pais nos buscarem”, destaca.
Mas, não pense que não existem regras: em cartas normais, as trocas são uma por uma, porém, quando as chamadas lendárias ou especiais – ouro, prata e bronze – são assunto, é preciso de uma análise maior na hora da negociação. “Não podem ser trocadas por comuns, às vezes são três ou quatro por elas”, enfatiza o jovem.
“Colecionei meu primeiro álbum em 2018, e não foi tão difícil na época. Agora, quero terminar esse aqui e, no futuro, o de 2026, o de 2030 e todos que forem possíveis. Sei que é difícil, porque depende da sorte, mas quero tentar. Inclusive, tenho guardado esse de 2018.”
JOÃO VICTOR VON HELDEN
Ponta do Lápis oferece duas versões do álbum
Na livraria Ponta do Lápis, o álbum é um sucesso. Desde que chegou, é o item mais procurado e cerca de 90% das pessoas que entram na loja estão em busca dele. Para exemplificar, entre terça-feira, 30, e quarta, 31, foram vendidas mais de 500 figurinhas.
A Ponta do Lápis conta com álbum em capa dura (R$ 44,90) e capa normal (R$ 12,00), além dos pacotes de figurinhas, no valor de R$ 4, com cinco unidades. O público na livraria é variado, contudo, quem mais está à ‘caça’ é o infantojuvenil, na faixa dos 9 aos 15 anos – ainda que os adultos não abandonam a tradição de colecionar. Desde quinta-feira, 1º, a Ponta do Lápis também disponibiliza espaço para troca de figurinhas, em busca de auxiliar aqueles com cartas repetidas.
O Brasil é o mercado mais lucrativo quando o assunto é álbum de Copa do Mundo. Durante a temporada, a Panini chega a produzir 8 milhões de pacotes de figurinha por dia, com 5 cromos cada, ou seja, um total de 40 milhões de adesivos a cada 24 horas.
Valores das figurinhas em outras copas
Copa de 2006: R$ 0,50
Copa de 2010: R$ 0,75
Copa de 2014: R$ 1,00
Copa de 2018: R$ 2,00
Copa de 2022: R$ 4,00