Viúva e mãe de dois filhos que estão sepultados ao lado do pai, no cemitério Municipal de Venâncio Aires, uma aposentada levou um susto ao visitar o jazigo da família. Afora os constantes furtos de portas de alumínio e molduras de fotos e letras de cobre, se deparou com um jazigo ocupado por um colchão, roupas e calçados, entre outros objetos. Segundo o zelador, que trabalha durante o turno do dia no cemitério, todos os objetos serão retirados do jazigo.A denúncia foi feita ontem pela manhã na Folha do Mate. Acompanhada por um sobrinho, a mulher relatou que por mais de uma vez teve que substituir os letreiros dos nomes dos filhos e do marido, falecido há dois anos. A parte inferior da porta do jazigo, que era de alumínio, também foi arrancada, assim como quase todas existentes naquela ala.
A exemplo da aposentada, outras família que tiveram as portas ou partes delas furtadas, as substituíram por materiais de baixo valor. Em alguns jazigos, porta de ferro substituem as anteriores, de alumínio. Em outras, onde só a parte de alumínio foi furtada, foram colocadas chapas de lata. “Elas ficam mais feias, mas só assim não corremos o risco de chegarmos aqui e vermos que nosso jazigo foi violado novamente”, observou a aposentada.
Ontem, o zelador Sandro Luís Schwendler, 27 anos, registrou uma ocorrência de furto na Delegacia de Polícia. Segundo relatou, entre os dias 8 e ontem pela manhã, seis partes de alumínio de portas de seis jazigos diferentes foram furtadas. A polícia tem conhecimento de que as peças são vendidas ou trocadas por drogas e investiga o caso.
OCUPADO
Mas o que trouxe a aposentada até a redação da Folha é a ocupação de um jazigo. A porta frontal foi arrancada e as flores que estavam sobre a sepultura, empurradas para um canto. Sobre a sepultada, foi colocado um colchão de casal e empilhadas roupas e alguns calçados. Ao lado e embaixo, existem garrafas de cachaça vazias e até um celular. “Se ninguém fizer nada, daqui uns dias eles vão tirar os caixões de outros jazigos e jogar em uma valeta para poderem ocupar o lugar”, descreveu a aposentada, que prefere permanecer no anonimato.
Schwendler disse que não sabia da existência daqueles objetos dentro do jazigo. Ele explicou que não há vigilância noturna no cemitério e que esses furtos diminuíram consideravelmente. Mas sabe que continuam acontecendo. “Já fizemos contato com a Brigada Militar, que prometeu fazer rondas noturnas para flagrar a ação dos ladrões e vândalos”, mencionou. A pessoa que ocupava o jazigo não foi identificada.