A exemplo dos médicos plantonistas – que na semana passada desencadearam paralisação parcial em razão do atraso dos salários de dezembro -, os profissionais anestesistas também se mobilizam para pressionar o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) no sentido de quitação dos valores que estão em aberto. Administrador da instituição de saúde, Fernando Branco afirmou ontem que sabe de “rumores e algumas coisas de WhatsApp”, mas que nenhum comunicado oficial chegou até o momento à cúpula do hospital.
De acordo com informações apuradas pela reportagem da Folha do Mate, caso a paralisação dos anestesistas seja confirmada, as cirurgias eletivas podem ser suspensas. O administrador afirma que os serviços estão mantidos e que há esforço no sentido de busca de recursos para pagamento dos salários de dezembro de todos os médicos prestadores de serviço do HSSM, que deveriam ter recebido seus vencimentos até o dia 15 de janeiro, conforme previsto em contrato. “O que posso dizer é que estamos preocupados e buscando uma solução. Há negociações em bancos e também teremos injeção de recursos da Prefeitura, nos próximos dias, que nos possibilitará contornar estes problemas”, comentou.
O atraso dos salários foi causado, segundo o administrador, por conta da ausência de repasses do Governo do Estado e do Instituto de Previdência do Estado (IPE), nos valores de R$ 1 milhão e R$ 500 mil, respectivamente – um montante de R$ 1,5 milhão. Para colocar os pagamentos em dia, seriam necessários aproximadamente R$ 900 mil. “Com este valor, pagamos tudo”, reforçou. Embora existe disposição do governador Eduardo Leite (PSDB) no sentido de garantir repasses em dia para a Saúde, os recursos atrasados de gestões anteriores serão colocados em pauta somente em um segundo momento.
“Sabemos que é difícil, mas não estão dando brecha para os olhos da gestão”
Secretário interino de Saúde – Ramon Schwengber está em férias -, Arnildo Camara afirmou ontem que não tinha conhecimento da mobilização dos anestesistas. “Tive reunião com o pessoal da Saúde hoje (ontem) pela manhã e não tivemos nada nesse sentido. Sabemos da questão dos plantonistas, que foi divulgada na imprensa, portanto a situação deve ser semelhante”, comentou. Camara disse que, a partir do momento em que eventuais paralisações afetarem os atendimentos do Município, será necessário buscar respostas junto à direção do hospital. “Sabemos que é difícil, mas não estão dando brecha para os olhos da gestão”, declarou, para em seguida acrescentar: “Temos que ser mais rigorosos em relação ao hospital”.
O interino da Saúde também enviou críticas aos médicos. No entendimento dele, os profissionais poderiam ser solidários com o momento de dificuldade financeira do HSSM e evitarem pressão até que o Governo do Estado regularize a situação. “Pelo contrato, os médicos têm que receber até o dia 15 de cada mês. A gente sabe que está atrasado, mas no dia 28 já estavam falando em fazer greve. Será que os médicos estão passando fome? Precisam fazer um ranchinho para a casa deles?”, indagou Camara. Ele assegurou ainda que pretende ser protagonista na questão, informando que hoje mesmo deve fazer uma visita ao hospital para buscar mais informações sobre os percalços financeiros da instituição de saúde.
Arnildo Camara comentou também que várias reclamações em relação a atendimentos no HSSM têm chegado ao conhecimento da Secretaria de Saúde. “Hoje (ontem) mesmo, foram umas quantas”, afirmou.
“A Prefeitura está fazendo a sua parte e a comunidade não pode ser prejudicada. Nós entendemos que a situação é delicada, mas precisamos que a direção do hospital esclareça o que está ocorrendo para que possamos buscar uma solução conjunta.”
ARNILDO CAMARASecretário interino da Saúde
REUNIÃO – Em razão das mobilizações de profissionais de duas diferentes especialidades, o corpo clínico do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) deve se reunir – talvez ainda hoje – na tentativa de unificar as reivindicações. A intenção é justamente oficializar um movimento que represente todos os médicos que trabalham na casa de saúde.
MANIFESTAÇÃO – Prefeito em exercício, Celso Krämer tomou conhecimento da mobilização dos anestesistas, na tarde de ontem, quando foi procurado pela reportagem da Folha do Mate. Ele se restringiu a dizer que “a Prefeitura está colocando dinheiro até demais lá no hospital e o presidente vai ter que explicar alguma coisa”.