Muitas pessoas vivem, todos os dias, em uma constante luta contra o tempo. No relógio, o ponteiro indicador das horas faz voltas e voltas e mais um dia chega ao fim. Enquanto isso, muitos sequer conseguiram fazer tudo o que necessitavam fazer. E a atenção aos filhos, como fica em meio a toda essa correria? Uma fórmula mágica não há, mas há pais que já optaram por diminuírem o ritmo das atividades para poderem se dedicar mais às crianças.
Uma vida cheia de compromissos, uma agenda lotada e as horas a passar em um simples piscar de olhos. Assim é a constante rotina de muitas pessoas que, ao mesmo tempo, desejam dar atenção e oferecer uma educação de qualidade aos filhos.
Conforme a psicóloga Joana Puglia, em momentos como este, o ideal é primeiro se pensar no que tem mais importância e prioridade. Na falta de tempo para se dedicarem aos filhos e estarem presentes em muitos momentos, alguns pais acreditam ser melhor investir em cursos, como balé, patinação, natação. As crianças passam a se dedicar a essas atividades, o que, na opinião de Joana, também é importante, mas o melhor às vezes pode ser contestado: “Os pais investem muito nessa construção da criança, mas diminuem o investimento maior, no caso, o afetivo, a presença constante e diária, a dedicação e atenção.” A psicóloga destaca que as pessoas tentam compensar a falta de organização e de tempo com objetos como tablets, mas a criança também precisa brincar.
Segundo ela, os pais brigam às vezes com os filhos, porque estes não saem da frente do tablet, jogam seguido vídeo game e vivem em função do computador ou televisão. “Mas alguns desses pais são os mesmos que não apresentam opções de ocupação. Eles não ensinam a criança a brincar”, complementa. ORGANIZAçãOPara conciliar a correria do dia a dia com os filhos, há algumas alternativas. “Os pais que precisam fazer caminhadas, podem levar a criança junto para andar de bicicleta, ir na pracinha ou caminhar um pouco também. Em vez disso, ocorre de algumas crianças jogarem vídeo game e ficarem na frente da televisão em casa.” A profissional ressalta que não tem como estipular um tempo para ser dedicado a cada criança, pois depende da realidade de cada família. “As pessoas dificilmente vão deixar de trabalhar para ficarem com as crianças, o que ocorre é a diminuição do ritmo”, conta.
O tempo, embora corrido, não é o problema, segundo a psicóloga. Mesmo que seja mínimo o instante disponível para se dedicar às crianças, este deve ser intenso para ter valor. “Se os pais olham uma novela, torna-se interessante que as crianças estejam juntas, que todos comentem sobre a novela, sobre o dia, o que fizeram”, ressalta. Conforme Joana, os valores éticos e morais são construídos na infância e a criança não nasce sabendo isso. Deste modo, os pais devem perguntar aos filhos o que aprenderam na escola, quais as novidades, como estão. Manter a calma e a tranquilidade sempre é fundamental, mesmo com a pressão do dia a dia.
A principal dica da profissional é que, mesmo em um pequeno momento, os pais se dediquem aos filhos e aproveitem cada segundo. Ainda acrescenta: “Naquele momento pequeno, os pais ou familiares devem de fato estar ali, com o corpo e alma presentes.”
MUDANçACarin de Souza Kochhann, 34 anos, mãe da pequena Teodora, 2 anos, abriu mão de algumas tarefas para poder cuidar da filha. Trabalhou como vendedora de roupas e conta que tinha uma vida muito corrida no comércio. Quando engravidou, precisou tirar licença maternidade e com o nascimento da filha, mudou algumas prioridades: “Vi que não conseguiria dar muita atenção para ela e resolvi mudar de rotina”, conta. Ao pensar nisso, resolveu abrir um negócio próprio que envolvesse crianças, as maiores paixões dela: “Sempre fui apaixonada por crianças e comecei a trabalhar com fornecimento de brinquedos para aniversários infantis. Me realizei profissionalmente e consegui também dar atenção ao meu tesouro”, conta a mãe.
Segundo ela, que vive todos os dias na companhia da filha, a constante presença dos pais interfere no desenvolvimento e crescimento pessoal dos pequenos: “Como a Teodora sempre está comigo e com o meu marido, vejo que isso tornou ela uma criança bem mais comunicativa, se sente mais segura, não tem vergonha e chama as pessoas para brincar.” Carin, embora tenha mudado o ramo de trabalho, não se arrepende da escolha, pois mantém, ainda, o contato com muitas pessoas: “Sou muito feliz com a vida que levo, ainda mais por poder estar sempre perto da minha pequena.”
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