Previsto pela Lei nº 13.415/2017, o novo modelo da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) do Ensino Médio começa a ser colocado em prática este ano. O formato será válido para as turmas ingressantes na modalidade em escolas públicas e privadas. Entre as mudanças está o aumento de horas, alteração na grade curricular e a inserção de cursos técnicos profissionalizantes durante a formação.
Segundo o responsável pela 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, a expectativa é elevada. “Os professores estão estudando as ementas, a matriz BNCC e o Referencial Curricular Gaúcho, onde constam os objetos e competências que serão trabalhados em cada ano”, comenta. Além disso, há formações especificas em relação aos novos componentes técnicos, que são a cultura digital, o protagonismo juvenil e o mundo do trabalho.
“É um diferencial muito grande, onde o nosso estudante do Ensino Médio passa a ser o centro das atenções, onde todo o planejamento será voltado para ele, criando a oportunidade de que o jovem seja mais participativo. Onde ele pode construir junto ao seu professor, se aprofundando em sua área de conhecimento, é uma meta”, diz.
A primeira mudança – e a mais perceptível – será o aumento das horas curriculares. A partir deste ano, as aulas passam de quatro para cinco horas diárias, totalizando mil horas anuais – 200 a mais que o ano anterior. Em meio à pandemia, ainda não existe uma confirmação sobre o aproveitamento de horas a distancia, contudo, a legislação permite que 30% da carga noturna e 20% na diurna sejam realizadas remotamente.
Processo
A diretora do Colégio Bom Jesus, Inês Schwertner, destaca que as mudanças auxiliam no processo. “Todo o aprendizado que conquistamos durante a pandemia ajudou e proporcionou a experiência para a possibilidade da implantação de um aspecto que a legislação permite, que são algumas aulas no formato a distância. Esse aprendizado garantiu que a gente conseguisse realizar a implementação com maior segurança e utilizar essa estratégia educacional”, pontua.
No entanto, a alteração mais significativa será a nova grade curricular. As disciplinas passarão a ser inseridas em áreas de conhecimento – semelhante ao apresentado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As áreas irão abranger todas as disciplinas e, sendo assim, nenhuma será excluída.
A ideia do projeto é integrar os assuntos abordados nas mesmas, como por exemplo, discutindo História e Geografia juntas, realizando assim, paralelos entre os alvos do conhecimento. “No momento em que os pais realizaram a matrícula, foi divulgada a eles toda a matriz curricular. Incluindo a primeira, a segunda e a terceira séries. Ela já foi aprovada e está vigorando a partir deste ano. Durante o ano de 2021, realizamos todos os estudos necessários e preparamos toda a estrutura para ser implantada”, destaca Inês.
Em meio a incógnitas, a diretora confirma que o Bom Jesus está pronto para as mudanças. “No momento, não temos dificuldade. Estamos com a carga horária geral básica concluída, estamos com a parte flexível obrigatória toda determinada, assim como as disciplinas também determinadas. Tanto essa parte quanto o itinerário. E o quadro de professores também está fechado”, observa.
Organização do pensamento e da disciplina
O coordenador da 6ª CRE aponta os objetivos das alterações. “Antes os professores faziam o planejamento de acordo com suas aulas. Agora, a construção é realizada dentro da área de conhecimento, com o professor de História conversando com o de Geografia e com o de Filosofia, por exemplo, para organizar o pensamento e a disciplina. E, posteriormente, as áreas de aprendizado conversando entre si. É todo um planejamento em conjunto”, enfatiza.
“Claro que a pandemia travou um pouco o planejamento. Mas agora está tudo pronto, mesmo para uma possível não presencialidade, utilizando um formato hibrido. Todos os professores com seus aparelhos tecnológicos e as escolas também receberam alguns para apoiar a formação pedagógica.”
LUIZ RICARDO PINHO DE MOURA
Coordenador da 6º CRE
Apesar das adaptações, somente conteúdos de Português e Matemática serão trabalhados nos três anos letivos. As demais áreas serão ensinadas apenas em anos determinados. A atualização vai ocupar 60% das horas letivas. A proposta é válida apenas para as turmas ingressantes no Ensino Médio.
Os primeiros formados com toda a nova base serão conhecidos em 2024, com o projeto sendo completado ano a ano. A supervisora Marilda Iansen, da Escola Estadual de Ensino Médio Cônego Albino Juchem, informa que as orientações ainda serão repassadas na próxima semana e formações específicas sobre o novo Ensino Médio acontecerão na segunda quinzena de fevereiro. Por esse motivo, prefere não entrar em mais detalhes.
De acordo com Luiz Ricardo Pinho de Moura, as escolas e professores irão passar por formações preparatórias. “Todas as escolas gaúchas estão passando por uma série de formações, todos os professores estão passando por uma formação pedagógica preparatória, com a finalidade de estarem mais bem preparados para receberem os nossos estudantes. Nos dias 7 e 8 de fevereiro, as equipes diretivas passarão por dois dias de formação pedagógica e, nos dias 14 e 15, todos os professores. No dia 9 de fevereiro, a 6ª CRE faz uma reunião com todas as comissões diretivas para passar todas as orientações, bem como esclarecer em relação às questões pedagógicas, administrativas e financeiras a nível regional”, destaca.
Projeto de vida
Esse é o termo utilizado pelo Governo Federal para diferenciar o novo modelo. Segundo o Ministério da Educação, o objetivo é ajudar o aluno a compreender o que ele quer para seu futuro, ao mesmo tempo que entende como a escola pode ajudá-lo a alcançar esse objetivo.
Os itinerários formativos são o conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que os estudantes poderão escolher no Ensino Médio. Cada escola precisa oferecer duas opções de cursos por área para o aluno, podendo ser adaptar de acordo com suas possibilidades financeiras e estruturais.
“Com certeza esse novo modelo entrega mais autonomia aos estudantes, mais participação. Temos uma maior integração curricular, que traduz e concretiza o objetivo central da educação, que é promover o desenvolvimento integral do estudante em suas dimensões intelectuais, físicas, afetivas, sociais, morais e simbólicas”, aponta o coordenador.
Ainda conforme ele, as áreas conversam muito entre si. “Já temos todos os eixos estruturantes bem fortes, como a investigação cientifica, o processo criativo, a mediação e intervenção sociocultural, o empreendedorismo. Esses eixos são fundamentais, pois todos eles colocam os alunos e professores em movimento, o processo é pensado para embasar uma resolução de problemas, de desenvolver projetos, de aprender para a vida, não apenas uma nota para passar na universidade ou ir bem no ENEM, se torna uma aprendizado para a vida”, conclui.
- Nova grade curricular
Linguagens e suas Tecnologias: Artes, Educação Física, Língua Portuguesa e Língua Inglesa.
Matemática e suas Tecnologias: Matemática
Ciências da Natureza e suas Tecnologias: Biologia, Física e Química.
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Filosofia, Sociologia, História e Geografia.