Na primeira semana de outubro de 1972, Asuir João Silberschlag, então com 27 anos, recebeu em mãos um jornal Folha do Mate. Na época ele trabalhava como frentista no Posto Ipiranga, no centro de Venâncio Aires, e ficou curioso para ler aquela primeira edição do novo veículo que todos estavam comentando na cidade.
Ele ainda não sabia, mas meses depois também faria parte da Folha. Curiosamente, assim como as primeiras conversas entre Astor Reckziegel e Walter Kuhn num jogo de futebol, a história de Asuir dentro do jornal também começa, em parte, por causa desse esporte. “Estava tudo certo e eu tinha dispensa do posto para jogar no sábado [era meia armador dos aspirantes do Grêmio Venâncio-Airense], mas quando cheguei na segunda, me demitiram”, recorda Asuir, hoje com 77 anos.
Quando isso aconteceu, em 12 de março de 1973, ele já tinha duas filhas (Solange, com 5 anos, e Sandra, ainda bebê. Ricardo, o atual diretor, nasceria em 1975). Consolado pela esposa Milita, que era costureira, e ela o tranquilizou: “Nosso sustento vou garantindo no pedal da máquina.”
Mas dois dias depois, Asuir vai até a Rádio Venâncio Aires AM e se oferece para ser vendedor na Folha do Mate. A proposta não era infundada, afinal, ele já tinha experiência nas vendas de duas publicações ligadas à igreja católica: a revista Rainha dos Apóstolos e o jornal Correio Riograndense, ambos com muitos assinantes em Venâncio Aires.
Passado o período experimental, ele é contratado oficialmente em maio de 1972. “Coloquei uma placa de metal com o nome da Folha do Mate na barra circular da bicicleta e comecei a percorrer o município. Eu chegava a andar 30 quilômetros por dia, ia para o Palanque, Herval, Deodoro e até Monte Alverne, de uma ponta a outra. Era o único vendedor. O pessoal já apontava quando me via com aquela Monark: lá vai o cara da Folha do Mate.”
Foi a bordo dessa bicicleta, que Asuir superou as mil assinaturas em poucos meses e a Folha aumentou seu alcance e seu sucesso entre anunciantes e leitores.
Lembranças marcantes
Em 1977, Asuir, junto com Astor Reckziegel e Luci Ellwanger, se tornam os novos sócios-proprietários da Folha do Mate. “Em 1979 eu e o Astor compramos a parte da Luci e, em 1983, o Astor vende a parte dele para mim”, lembra. Neste mesmo ano, ocorre a mudança para o último andar do prédio da esquina das ruas General Osório e Tiradentes (que foi a casa da Folha até 2011).
Foi ao longo da década de 1980, que Asuir destaca momentos importantes. Entre eles, o plano de 100 assinaturas para 10 anos. “Foram pagos de forma antecipada e com o dinheiro conseguimos comprar duas máquinas elétricas para fazer a composição do jornal.”
Também nos anos 80, foi contratada a primeira jornalista formada: Margarete Buchabqui, que veio de Porto Alegre para editar a Folha. Outro momento marcante para Asuir, foi uma capa de 1985 quando José Sarney assumiu a presidência do Brasil após o falecimento de Tancredo Neves. “Nós recebíamos material do Senado e guardei uma foto do Sarney nos arquivos. Quando soubemos disso, fizemos uma capa com a foto dele, muito antes de outros jornais darem a informação.”
A importância das ações comunitárias
“Se é verdade, sai. Mas a Folha sempre trabalhou com muita responsabilidade, pensando em prol da sua comunidade. Isso nunca mudou”, destacou Asuir, ao falar que um dos focos do jornal é a divulgação das informações mais importantes para a população.
Nesse sentido, as ações comunitárias, o que também está presente no slogan do veículo nas últimas décadas: ‘Parceria com a comunidade’. Puxando na memória, é possível citar campanhas para a construção do Corpo de Bombeiros e para ampliação do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), por exemplo.
Família
Nessas décadas à frente da Folha do Mate, Asuir, que também foi o primeiro fotógrafo, diz que fez ‘de um tudo’, menos redação. A ligação com a empresa segue firme há 49 anos, mas desde 2001 é o filho caçula, Ricardo, quem administra diretamente a empresa. “Para mim é uma alegria essa continuidade. E foi uma transição familiar muito tranquila. O trabalho continua com a mesma seriedade e com uma grande equipe, uma grande família. Tenho muito orgulho de tudo que construímos com tantas pessoas importantes que já fizeram e fazem parte da equipe.”
“A Folha foi e é fundamental para o desenvolvimento do município, para a cultura e a educação. As escolas usam o jornal dentro da sala de aula, então nossa responsabilidade é muito grande. E por todo conteúdo já escrito, a história de Venâncio Aires está contada pela Folha do Mate.”
ASUIR SILBERSCHLAG