No decorrer dos anos, a didática de ensino vem sofrendo transformações positivas e este processo tem motivado alunos e professores a explorar novos métodos para construir o conhecimento. Há cinco décadas de profissão, a professora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Luci Elaine Krämer, já vivenciou diferentes etapas dentro de sala de aula e percebe o quanto a didática tem evoluído no processo de aprendizagem. Segundo ela, a adesão aos trabalhos em grupo e a troca de informações entre alunos e professores estão entre essas alterações.

“No início da minha docência eu adotava o método de dar aula, ao transmitir o conteúdo aos alunos sem oportunizar um espaço para a troca de ideias. Eu acreditava que, desta forma, o aluno estava acumulando o conteúdo no processo mental”, relembra.

Foto: Taiane Kussler / Folha do MateTrabalhos ao ar livre também contribuem com o aprendizado
Estudantes do 3º ano do Colégio Bom Jesus mantêm o hábito de se reunir para estudar

Com o surgimento de novas práticas, o método mais participativo tem ganhado cada vez mais espaço dentro da sala de aula. Luci acrescenta que a didática centrada do professor ainda é aplicada, principalmente nos cursos à distância, em aulas expositivas, palestras e seminários, mas ela acredita que, mesmo assim, as aulas presenciais e os trabalhos em grupo são essenciais. “Se constrói conhecimento através dos trabalhos em grupo. Neste caso, o aluno é motivado ao ato de pensar”, salienta.

Trabalhar em grupo é muito importante, pois a troca de ideias é enriquecedora. Desta forma, os alunos que possuem um conhecimento mais rico podem contribuir com aqueles que apresentam algumas limitações. O aluno não aprende somente com o professor, os colegas possuem várias experiências e níveis de conhecimento e podem contribuir nesta construção.” LUCI ELAINE KRÄMERProfessora de Pedagogia e Estudos Sociais

Para Luci, o professor pode explorar diferentes atividades de integração. “O trabalho em grupo não precisa ser somente em sala de aula, pode ser no pátio, ao escrever, trocar ideias e socializar como um todo, isso descontrai, facilita o aprendizado e traz um retorno ao professor, que percebe que o aluno assimilou o conteúdo”, conclui.

Foto: Taiane Kussler / Folha do MateEstudantes ficam mais à vontade para trocar ideias quando estudam em grupo
Estudantes ficam mais à vontade para trocar ideias quando estudam em grupo

Segundo ela, as aulas invertidas também estão sendo aplicadas nas universidades. “Desta forma o aluno, recebe um material e apresenta aos colegas, promove debates e discussões com a turma”, observa.

Aprendizado conjunto

Trocar ideias em grupo é uma prática comum para quatro estudantes do 3º ano do ensino médio do Colégio Bom Jesus Nossa Senhora Aparecida. Desde o 1º ano, Laísa Simon, Bárbara Niedermeyer, Carolina Mylius e Camila Scherer, ambas com 17 anos, se reúnem para estudar. “Antes das avaliações, principalmente de Física e Matemática, as professoras realizam aulão de revisão do conteúdo. Depois da aula, a grande maioria fica depois do horário para trocar ideias e tirar algumas dúvidas”, comenta Camila.

Para elas, a experiência é bastante positiva. “Quando estudamos juntas, a gente se sente mais à vontade para perguntar e exercita o que aprendeu”, afirma Laísa. Camila acrescenta que a linguagem entre as colegas também muda e isso auxilia na compreensão.

Colegas desde os anos iniciais, as meninas estão sempre unidas. Geralmente, elas realizam o estudo individual, fazem os resumos e depois trocam os materiais. “O aprendizado se adquire com a troca de ideias. Neste caso, o estudo sempre será enriquecedor”, considera Bárbara.

Preparação para o mercado de trabalho

Foto: Taiane Kussler / Folha do MateProfessora Luci revela as transformações que os trabalhos em grupo trouxeram para o ensino
Professora Luci revela as transformações que os trabalhos em grupo trouxeram para o ensino

Trabalhos em grupo contribuem para mudanças na postura dos alunos e na construção de uma personalidade mais participativa, o que fará diferença no mercado de trabalho. “Antes, a escola preparava os alunos para ter um vínculo empregatício e hoje, eles estão aptos a ser empreendedores”, comenta a professora Luci Elaine Krämer. “Ao passar pelas seleções de emprego, os futuros profissionais terão que participar de didáticas em grupo e devem ter boa comunicação durante as entrevistas.”