Após 4 anos de experiência em uma das maiores escolas especializadas em dança oriental (dança do ventre), o Centro Cultural Shangrila em São Paulo, a venâncio-airense Fernanda Fürst, 32 anos, retorna à Capital do Chimarrão. A paixão pela dança sempre fez parte da vida de Fernanda, que reside no centro da cidade e é bailarina há 8 anos. Depois de muito estudo por vídeos e livros, ela foi a São Paulo, em 2013, para conhecer a bailarina Lulu Sabongi, que anos depois fundou a escola onde Fernanda estudou.De volta a Venâncio Aires há duas semanas, ela pretende mostrar a dança para a cidade natal. “Todos precisam conhecer essa cultura de verdade, mudar a visão e abrir espaço para a dança.” Com diversos conhecimentos obtidos em 4 anos de um estudo aprofundado, ela destaca a experiência gratificante e quer dividir o conhecimento, buscando a valorização da dança. “Quero trabalhar com a dança oriental, fazer com que as pessoas a conheçam de verdade. Pretendo também voltar a São Paulo esporadicamente para manter o acompanhamento com as professoras”, comenta.
Um dos maiores desafios, segundo a bailarina, será mostrar a cultura com as aulas, shows e convidar as pessoas para participarem e conhecerem a dança oriental árabe. “Acredito que hoje falta pensamento de base. Dançar não é só relaxar, não é um hobby, é profissão. O que mantém o artista é o amor, muitos não vivem só da arte por causa disso. É difícil, mas vale a pena.”Hoje, a bailarina começa na profissão como professora de dança do ventre. Pretende realizar aulas particulares e também em grupo. “A dança é para a pessoa se descobrir. A dança oriental árabe é determinação e paciência, pois são movimentos difíceis, que exigem muito estudo e os primeiros resultados demoram meses para serem observados. Além disso, você precisa de conhecimento em anatomia e fisiologia. São bases agregadas para um resultado único, dançar.”
PERCURSOA ida da bailarina para outro estado ocorreu devido à vontade de conhecer a dança e estudar ela na sua essência, aprofundando os conhecimentos já obtidos durante a graduação em Educação Física – Licenciatura, e anos de aulas em escolas de Venâncio Aires.
“Com essa vontade de aprender mais, aprimorar o tão pouco que sabia, decidi que precisava de acompanhamento, o que eu sabia não era o suficiente. Antes, já lia muito sobre o assunto, pesquisava na internet, assistia aos vídeos da campeã brasileira de dança do ventre Mahaila El Helwa, que depois se tornou a minha professora, e buscava referências em outros tantos bailarinos renomados com vasto conhecimento”, conta a bailarina.Fernanda destaca as diversas vertentes da dança árabe. Hoje, ela é especializada em dança do ventre e folclore, trabalhando-os em conjunto. “Não é só a dança, é cultura”, enfatiza, ao observar que a dança do ventre proporciona um trabalho corporal, estético e psicológico. Quando Fernanda chegou a São Paulo, nos primeiros meses, trabalhava, paralelamente às aulas, em uma academia. Com o tempo, conseguiu se dedicar exclusivamente para a dança, incluindo treinos e apresentações. “São horas exaustivas de treinos, precisamos correr atrás de muita coisa. Traduções das músicas, os músicos ajudam a fazer essa leitura do movimento. A rotina de treinos é sem muitas pausas.” A profissional explica que o trabalho da dança é traduzir a música através do corpo e lembra que a dança é feita para todos, sem restrição de idade, cor, raça e etnia. Apesar disso, Fernanda comenta que, infelizmente, muitas pessoas ainda olham para a dança do ventre como algo sensual. No entanto, ela afirma que “ a sensualidade está nos olhos de quem enxerga.”
Sobre reconhecimento“Acredito que hoje falta pensamento de base. Dançar não é só relaxar, não é um hobby, é profissão.”
Sobre a dança“A dança do ventre é rica em movimentos, atitudes, sons. Ela faz você enxergar quem você é. Você encara a vida de outra forma.”
Sobre conhecimento“O que eu sabia da dança antes da ida a São Paulo, passei a ter certeza: dançar é vida, ela te traz de volta para a vida, te transforma. Me enxergo como bailarina e, com essa bagagem conquistada lá, hoje penso a dança de outra forma.”
Filho no palcoFernanda participou de diversas apresentações em palcos de São Paulo. O teatro onde ela se apresentou diversas vezes foi o Santo Agostinho. Também já participou do Congresso Internacional de Dança, Arte e Cultura Árabe – o Mercado Persa, um dos maiores festivais sobre o tema no Brasil. Segundo a bailarina, as preparações para esses espetáculos são ensaios de mais de seis meses e o artista tem menos de cinco minutos no palco para se apresentar, com trocas de roupas feitas em até 30 segundos.
Um dos últimos espetáculos em São Paulo ocorreu em dezembro do ano passado, no Santo Agostinho. Fernanda e o grupo apresentaram ‘A tenda vermelha’, quando ela dançou com seu filho João, de apenas 3 anos. “Foi uma experiência maravilhosa, foi a primeira participação dele no palco. Adaptei o sling para ele, pois era grande. Foi sensacional. E ele adora participar, é como se fosse uma brincadeira.” João sempre acompanha a mãe quando a rotina permite.