

O secretário estadual da Agricultura do Rio Grande do Sul, Edivilson Brum, acompanha ao longo desta semana, direto de Genebra, na Suíça, as agendas de mobilização em defesa da cadeia produtiva do tabaco durante a 11ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Em entrevista ao Grupo Folha do Mate, o secretário e ex-prefeito de Rio Pardo reforçou a preocupação do governo gaúcho com os rumos das discussões internacionais sobre o controle do tabaco. Mesmo impedido de participar das negociações dentro da sala oficial, Brum afirmou que a presença do Estado é “inegociável”, dada a relevância econômica e social da cadeia produtiva no Rio Grande do Sul.
O ponto que mais gera indignação e apreensão, segundo o secretário, é a proposta que prevê banir filtros de cigarros. Segundo ele, a medida, que é uma proposta brasileira, é apresentada como solução ambiental, mas desconsidera efeitos sociais e econômicos. Para Brum, a retirada dos filtros não reduziria o tabagismo, mas ampliaria o consumo de cigarros ilegais — especialmente de fábricas clandestinas e do contrabando vindo do Paraguai. Ele também citou a falta de estratégias técnicas por parte da política antitabagista global, afirmando que “não é banindo a produção que se combate o tabagismo”.
Lição de casa
O secretário destacou ainda que, após a COP 11, o país terá “lição de casa”, já que as recomendações definidas em Genebra poderão ser adotadas pelo Brasil. Nesse contexto, Brum afirma que o governo gaúcho pretende atuar como interlocutor direto junto ao Governo Federal, defendendo um diálogo transparente, técnico e baseado em dados — posição também reafirmada pelo governador Eduardo Leite em entrevista à Folha do Mate. “A nossa preocupação é garantir que qualquer medida futura leve em conta quem vive da produção de tabaco. O Estado seguirá atuando para evitar impactos injustos sobre milhares de famílias produtoras”, concluiu.