Benildo Soares volta à Câmara e reverte exoneração de assessor

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Bastou o ponto facultativo da Câmara de Vereadores de Venâncio Aires chegar ao fim e as atividades serem oficialmente retomadas para que as polêmicas voltassem a rondar o Legislativo. Enquanto Natal e fim de ano foram as prioridades da maioria, muita coisa aconteceu nos bastidores do Legislativo. E as novidades só vieram a público na terça-feira, 2, primeiro dia útil de 2024. A primeira delas é que Benildo Soares (Republicanos) está de volta à Casa do Povo. Ele requereu o retorno ainda no dia 28 de dezembro, mas entrou em acordo com a diretoria para reassumir sua cadeira no dia 2 de janeiro, para que não fosse necessária toda uma ‘ginástica contábil’, pois os salários foram acertados antes do fim do ano.

O primeiro ato de Soares foi reverter a exoneração do assessor parlamentar Robson Parabôa, que é seu braço direito e havia sido avisado de que estaria fora da Câmara a partir do primeiro dia de 2024 pelo suplente Jerri Adriano dos Santos (Republicanos). Jerri substituiu Soares durante licença para a realização de um procedimento cirúrgico e decidiu encaminhar a exoneração de Parabôa após tomar conhecimento de que o servidor não estava cumprindo expediente. O suplente sequer foi informado do retorno do titular. Soube da alteração de curso ao ser contatado pela Folha do Mate, na terça-feira. “Estou sabendo por vocês”, disse ele, que tinha promessa de permanência de dois meses na Câmara, mas nem chegou a completar 30 dias.

Pedido de providência

Também na terça-feira, uma nova movimentação garantiu a continuidade da situação envolvendo o assessor parlamentar, desta vez com outro vereador propondo medida relacionada a ele. Um pedido de providência foi protocolado por André Kaufmann (PTB), que quer acesso ao ponto de Parabôa durante todo o ano de 2023. “Solicito esta informação porque chegou a mim denúncia verbal de que o assessor não cumpria a carga horária mínima exigida na Câmara de Vereadores”, justifica ele no documento.

Ainda de acordo com o vereador, a denúncia aponta que a ausência vinha sendo registrada há meses e era “compensada de outras formas”. Kaufmann também argumenta que, segundo as informações, “o mesmo (Parabôa) neste horário dava expediente em outro local”. O parlamentar entende que é compreensível a compensação de horas, se autorizada pelo vereador e pela diretoria geral da Casa, no entanto pondera que a medida deve ser “extraordinária, não uma regra geral”.

Ele garante que não tem interesse de prejudicar ninguém e assegura que tomou a iniciativa para que a Câmara de Venâncio Aires não seja, mais uma vez, comparada “à casa da mãe Joana”, expressão que significa ‘lugar ou situação onde vale tudo; sem ordem; onde predomina a confusão, a balbúrdia e a desorganização’.

“A Câmara teve, em determinados momentos, a imagem muito desgastada, e a comunidade nos cobra isso. Na qualidade de vereador eleito, fiz o pedido para que a gente consiga trazer as informações para a comunidade, que tem dúvidas em relação ao que aconteceu com o assessor do Soares. Tenho obrigação e dever de buscar a transparência, de ver o que está acontecendo na Casa do Povo”, completa.

Amizade e lealdade

Parabôa também fez manifestação a respeito do assunto. “Não tem dúvida de que a intenção é prejudicar o Soares (Benildo)”, comenta. Ele afirma que, apesar das tentativas de desgaste da imagem do vereador que apoia, mesmo que fique fora do Legislativo vai trabalhar ainda mais forte para que ele obtenha a reeleição. “Eu cheguei a pedir exoneração, em novembro, mas o Soares não deixou eu sair, porque trabalhamos juntos há muito tempo e somos amigos. Só que eu não consigo mais cumprir horário na Câmara, em razão da minha empresa. Independente disso, ele vai ter meu apoio”, antecipa.

“Fui traído. Querem desgastar minha imagem”, diz vereador

O vereador Benildo Soares (Republicanos) quebrou o silêncio na manhã de ontem, ao ser contatado pela reportagem da Folha do Mate e Terra FM. Perguntado sobre os motivos que o levaram a reverter a exoneração de Robson Parabôa, foi enfático: “Fui traído. Querem desgastar minha imagem. Fizeram coisas dentro do meu gabinete sem o meu conhecimento.” O parlamentar deu a entender que sua mágoa não se resume ao suplente Jerri Adriano dos Santos, que estava no seu lugar, mas preferiu não citar nomes.

Ele afirma que, antes de tomar qualquer decisão a respeito do assessor, vai analisar os documentos comprobatórios de frequência. “Tem dias que o Robson passa 10 horas comigo, seja em viagens ou compromissos. Quando isso acontece, assino os memorandos que abonam a presença. Só que, neste período que eu não estava na Câmara, não sei o que aconteceu, então vou analisar tudo com muita calma. Se ele tiver feito algo errado, vai ser demitido, porque sou pelo correto. Mas quem demite, se precisar, sou eu. O Jerri não tem poder pra demitir ninguém”, sustenta.

A respeito do pedido de providência do colega André Kaufmann (PTB), Soares diz estar tranquilo, “pois se trata de politicagem”. De acordo com ele, o petebista “está tentando se vingar por eu não ter votado com a oposição nas vezes que fui procurado”. O vereador do Republicanos deixa ainda uma sugestão: “Se querem tanto ver o ponto do Robson, porque não aproveitam e já olham o ponto de todo mundo? Todos sabem o que acontece na Câmara e estão querendo passar a mensagem de que eu faço as coisas erradas. Pois fiquem sabendo que, quando eu tenho razão, finco o pé até o fim. Não interessa se a discussão é com prefeito ou coronel.”

Desalinhamento

  1. O presidente do Republicanos em Venâncio Aires, Edson Volnei dos Santos, foi procurado pela reportagem para se manifestar em relação à falta de diálogo entre os integrantes do partido, uma vez que o titular Benildo Soares decidiu volta à Câmara sem comunicar o suplente Jerri Adriano dos Santos, que o substituía.
  2. “A direção do Republicanos está sempre se reunindo para alinhar os assuntos relacionados ao partido. Todo grupo tem uma sensação de pertencimento ao Republicanos, porém é nítido o desalinhamento do vereador Benildo Soares com o restante do partido. É uma pena, pois estamos bem estruturados e com uma boa perspectiva para o próximo pleito”, refere.
  3. Ele diz que, no entendimento da direção e filiados, “a cadeira foi conquistada por todos que concorreram e que buscaram votos, e as decisões precisam estar de acordo com as diretrizes do partido”. Santos acrescenta que o pensamento é de que “as oportunidades precisam ser para todos que estão dispostos a trabalhar com seriedade, mas percebemos que o vereador Soares não tem o mesmo entendimento”.
  4. O presidente finaliza garantindo que “respeitamos muito o Soares como pessoa, mas não concordamos com as ações que ele tem tido como vereador. Não houve falta de diálogo, o que faltou foi entendimento e espírito de corpo”.

Presidente acompanha desenrolar dos fatos

• A presidente eleita da Câmara de Vereadores, Claidir Kerkhoff Trindade (União Brasil), foi informada de que o vereador Benildo Soares (Republicanos) retomaria sua cadeira, mas não sabia do pedido de informação de André Kaufmann (PTB).

• “Qualquer coisa, vão me chamar e a gente está aí para ver o que é certo e o que é errado. A questão da exoneração é coisa do Soares e do partido dele. No momento em que respingar alguma coisa que eventualmente seja prejudicial para a Câmara, para o andamento dos trabalhos, daí sim eu vou entrar em campo”, diz.

“Meu objetivo é moralizar a Câmara, sempre nas quatro linhas do Regimento Interno. Sem situação e oposição, mas fazendo o que é certo. Esse negócio de as pessoas dizerem que não vão mais escutar a Câmara, porque é uma bagunça, tem que acabar. Somos um poder independente e temos que trabalhar pensando na população.”

CLAIDIR KERKHOFF TRINDADE
Presidente da Câmara de Vereadores de Venâncio Aires



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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