Diversas lideranças da cadeia produtiva do tabaco, deputados estaduais e federais viajam no próximo fim de semana à Cidade do Panamá para acompanhar a 10ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que ocorre de 5 a 10 de fevereiro. O evento internacional, que debate o futuro do tabaco, reunirá delegados de 183 países, entre eles, o Brasil, que é o segundo maior produtor de tabaco e líder em exportações de fumo.
Entre as lideranças que estarão no Panamá está o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider. Segundo ele, que também é vice-presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), às vésperas da conferência o sentimento é mais de preocupação do que expectativas. “Sempre os assuntos tratados na COP são para restringir, de todas as formas, as atividades que envolvem o tabaco”, disse ele, em entrevista à Rádio Terra FM.
Segundo Schneider, uma das preocupações é com o fato de as lideranças do setor não poderem, nem mesmo, assistir aos debates. Diante deste histórico de proibição das participações, lideranças da cadeia produtiva do tabaco já encaminharam um pedido de agenda com o embaixador do Brasil, no Panamá, que é quem vai liderar a delegação nacional. O objetivo é promover reuniões durante a COP, para que as entidades que representam o setor possam ficar por dentro dos debates que estarão ocorrendo na conferência.
Sem permissão para participar das reuniões da COP 10, Schneider lamenta que as vozes do setor não sejam ouvidas. “A cadeia produtiva teria as melhores soluções para minimizar a situação que está sendo colocada, na maioria das vezes, de uma forma tenebrosa, negativa, que na prática não corresponde com a realidade”, lamentou.
O presidente da entidade também comparou a COP do tabaco com a Conferência do Clima, que é outro evento global. “Essa é uma das questões que temos levantado em todos os encontros e audiências, pois é a única Conferência das Partes em que os dois lados não estão juntos para discutir assuntos e procurar soluções. Na Conferência do Clima, as empresas de petróleo sentam na mesa, participam das discussões e trazem ideias e soluções para os problemas”, comparou.
MERCADO ILEGAL
Um dos assuntos que estará em destaque na pauta da COP 10 é o mercado ilegal de cigarros. Segundo Schneider, os países-partes do tratado internacional discutem o aumento na tributação dos cigarros, porém, o que vem acontecendo, no caso do Brasil, é o crescimento do contrabando. “Atualmente, 50% dos cigarros são provenientes do mercado ilegal. Quando se olha de um lado, simplesmente querendo impor restrições, se favorece outro lado, neste caso, o mercado ilegal, que é beneficiado com o aumento dos tributos”, observou.
O que é a COP?
A Conferência das Partes (COP) é a instância deliberativa da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Ela é formada pelos países que ratificaram o tratado (Estados Partes), entre eles o Brasil. A COP se reúne a cada dois anos, no entanto, em virtude da pandemia de Covid-19, a última conferência presencial ocorreu em 2018 em Genebra, na Suíça. (Fonte: Governo Federal)