O início do ano letivo é um momento de muitas novidades e também de mudanças na rotina de famílias e da própria escola, que retoma as atividades após o período de férias. Neste cenário que envolve o período de ingresso, permanência e saída da escola, os cuidados e as responsabilidades envolvem pais, professores, diretores, o próprio aluno e quando é o caso, o transporte escolar. É uma rede que precisa estar em sintonia.
O pai de um estudante de uma turma de pré-escola de Venâncio Aires procurou a reportagem da Folha do Mate, nesta semana, para relatar a situação vivenciada na terça-feira, 22, segundo dia de aula na escola municipal José Duarte de Macedo. O industriário Airton Soares da Rosa Neto, 32 anos, conta que foi buscar o filho na escola, onde os alunos são liberados às 11h30min, e não localizou o menino, de 4 anos, no local de saída dos estudantes.
Depois de alguns minutos, ao perguntar sobre o filho, recebeu a informação de que toda a turma já tinha sido liberada e que o menino teria embarcado em uma van que realiza transporte escolar. O fato terminou bem, a criança foi localizada e entregue aos pais, mas antes do reencontro, o episódio foi antecedido por momentos de tensão e desespero por parte do pai e da mãe, pois a família não contratou o serviço para transporte do filho. “Foi um momento de desespero, pois eu queria saber onde o meu filho estava, se estava bem. Passa um filme de terror pela cabeça”, relatou o pai.
O pequeno acabou entrando no veículo, pois, conforme apurado, ele foi chamado pelo primeiro nome que, por coincidência, é o nome de outro aluno da escola que utiliza o transporte escolar. No entanto, o estudante que era esperado para embarcar naquela van não usaria o transporte para voltar para casa naquele dia.
Tão logo foi constatado o que tinha acontecido, profissionais da escola começaram a entrar em contato com os motoristas de vans e conseguiram identificar onde o menino estava e solicitaram que ele desembarcasse na escola.
Conforme o pai, o objetivo de tornar o fato público é evitar que uma situação semelhante aconteça com outro aluno. “É um momento de terror. Não quero pensar no pior que poderia acontecer se ele tivesse caído nas mãos de alguém mau caráter”, desabafou o pai.
Medidas reforçadas
A diretora da escola José Duarte de Macedo, Erica Franck, disse que todas as providências foram tomadas e rapidamente as vans foram contatadas e o menino localizado. “Sabemos que foi uma falha e logo tomamos as providências. Ele foi entregue sã e salvo”, salientou.
A partir desse fato, a diretora informa que medidas já foram tomadas, como a exigência de uma listagem com nome completo de todos os estudantes que utilizam o transporte escolar. “Sou professora há 38 anos, diretora há quase 12 anos. Foi um caso atípico, um fato isolado, que lamentamos, mas somente a escola não pode ser responsabilizada. Esta responsabilidade é coletiva”, disse. A gestora também salienta a importância da comunicação entre pais e professores e da pontualidade no ingresso e horário de buscar os filhos na escola.
O fato também foi comunicado ao secretário municipal de Educação de Venâncio Aires, Émerson Henrique, que recebeu o pai do aluno e conversou com ele pessoalmente no dia do acontecimento. O pai da criança também registrou a situação junto à Ouvidoria da Prefeitura de Venâncio Aires e solicitou abertura de processo administrativo disciplinar, conforme documentos apresentados à reportagem.
Em entrevista à Folha, o secretário disse que já existem protocolos, mas medidas estão sendo reforçadas com toda a rede municipal de ensino. Uma das orientações repassadas à escola é a separação das crianças em grupos, conforme a van que deve embarcar. Além disso, todas as escolas vão exigir que os pais assinem uma declaração autorizando a escola a liberar o filho para embarcar no veículo, quando for o caso. Os pais ou responsáveis legais devem informar que o filho utilizará o transporte escolar, independente do período do ano letivo. Já os profissionais envolvidos no transporte – motoristas e monitores – também serão orientados a estarem sempre devidamente identificados, inclusive as empresas privadas que são contratadas diretamente pelos pais.
“Os profissionais não agiram de má-fé. Estamos reforçando as medidas com toda a rede municipal de ensino.”
ÉMERSON HENRIQUE – Secretário Municipal de Educação
Importante
- No momento da matrícula escolar, os pais informam à escola o nome das pessoas ou responsáveis legais que estão autorizados a buscar o filho na escola.
- Diante de qualquer imprevisto, é solicitado que os pais avisem a escola. Da mesma forma, cada aluno deve ter os dados atualizados dos responsáveis junto à escola, como endereço e telefone.