As equipes de atendimento à população dos postos de saúde de Venâncio Aires estão mobilizadas na orientação sobre a prevenção e tratamento a casos de sífilis. Hoje, só o Centro de Atenção a Doenças Infectocontagiosas (Cadi) atende diretamente a 30 pacientes diagnosticados com a doença somente em 2014, além daqueles que buscam tratamento em cada unidade de saúde do centro ou dos bairros. As características da enfermidade, somada à baixa procura pelo tratamento necessário, motivaram a Secretaria Municipal da Saúde a reforçar a importância da aplicação do teste rápido para o diagnóstico da doença e da necessidade de seguir o tratamento completo.
Segundo a médica Sandra Knudsen, a maioria dos portadores de sífilis no município descobre que possui a doença quando procura as unidades de saúde para fazer exames por outros motivos. Por ser uma doença sexualmente transmissível (DST), é preciso que, além do portador de sífilis, seu parceiro sexual também seja examinado para constatar se contraiu a doença. “Por vezes, recebemos situações de casais em que ambos portam a doença. Isso não significa que houve uma relação extraconjugal de uma das partes, pois a sífilis pode ficar anos sem se manifestar”, aponta a médica da Secretaria.
As situações mais emblemáticas são aquelas envolvendo as gestantes. “O tratamento para gestantes com sífilis é considerado urgente, pois é muito grande a probabilidade de transmissão da enfermidade para o feto”, pontua Sandra. Após o tratamento, que pode ser feito nas unidades de saúde do município, o paciente precisa ser monitorado e seguir alguns cuidados ao longo de um ano, para garantir que está curado da doença. “No entanto, vemos muitos pacientes ignorando as indicações para esse período, o que pode fazer com que a sífilis volte ao organismo da pessoa infectada”, finaliza.
A Secretaria Municipal da Saúde ressalta a importância da realização do teste rápido, que é oferecido gratuitamente e, em 15 minutos, indica se a pessoa contraiu ou não a doença. O teste pode ser feito nas Estratégias de Saúde da Família (ESFs), nos bairros Coronel Brito, Macedo e Santa Tecla ou no Cadi, na rua 1º de março. Para as gestantes, é possível também fazer o teste no Centro Materno Infantil, na rua Reinaldo Schmaedecke.
Saiba mais sobre a doença
A sífilis é uma enfermidade sistêmica, exclusiva do ser humano, conhecida desde o século XV. Tem como principal via de transmissão o contato sexual, seguido pela transmissão para o feto durante o período de gestação de uma mãe com sífilis não tratada ou tratada inadequadamente. Também pode ser transmitida por transfusão sanguínea.
A apresentação dos sinais e sintomas da doença, que tem evolução lenta, é muito variável e complexa. Quando não tratada, evolui para formas mais graves, podendo comprometer o sistema nervoso, o aparelho cardiovascular, o aparelho respiratório e o aparelho gastrointestinal.
Sífilis primáriaDescrição: Após a infecção, ocorre um período de incubação entre 10 e 90 dias. O primeiro sintoma é o aparecimento de uma lesão única no local de entrada da bactéria. A lesão, denominada cancro duro, é indolor, tem a base endurecida, contem secreção e muitas bactérias do tipo treponema. A lesão primária se cura espontaneamente, num período aproximado de duas semanas. As lesões sifilíticas facilitam a entrada do vírus da imunodeficiência humana (HIV).
Sífilis secundáriaDescrição: Quando a sífilis não é tratada na fase primária, evolui para sífilis secundária, período em que o treponema já invadiu todos os órgãos e líquidos do corpo. Nesta fase, aparece como manifestação clínica o exantema (erupção) cutâneo, rico em treponemas que se apresenta na forma de lesões de pele que podem aparecer em regiões úmidas do corpo.
Sífilis latenteSe não houver tratamento, após o desaparecimento dos sinais e sintomas da sífilis secundária, a infecção entra no período latente, considerado recente no primeiro ano e tardio após esse período. A sífilis latente não apresenta nenhuma manifestação clínica.
Sífilis terciáriaPode levar dez, vinte ou mais anos para se manifestar. A sífilis terciária se manifesta na forma de inflamação e destruição de tecidos e ossos.
Sífilis congênitaTrata-se da infecção do feto em decorrência da passagem do treponema pela placenta. é mais grave quanto mais recente for a infecção materna. Na gestação, a sífilis congênita se manifesta com abortamento, nascimentos prematuros ou nascimentos seguidos de morte. Ao nascer, a criança com sífilis congênita pode apresentar lesões bolhosas, ricas em treponemas, na palma das mãos, planta dos pés, ao redor da boca e do ânus. Mesmo quando não se manifesta com essas características, a infecção congênita pode permanecer latente, vindo a se expressar durante a infância ou mesmo na vida adulta.
Fonte: Secretaria Municipal da Saúde, baseado na publicação Sífilis – Estratégias para o diagnóstico no Brasil, do Ministério da Saúde