Quando aquela gurizada do colégio Júlio de Castilhos de Porto Alegre, em 1947, deu o ‘grito de alerta’, talvez nem eles mesmos imaginassem que a iniciativa perdurasse até os nossos dias. Tampouco que os seus feitos levassem homens a cavalo a cruzar este Rio Grande do Sul, entrecruzando os pontos cardeais em busca de uma centelha da Chama Crioula. E não é que deu certo! Lá se vão 72 anos.
Hoje e neste sábado, 17, a história se repete em Tenente Portela, com o acendimento da Chama Crioula e o início das cavalgadas de retorno às querências, carregando o símbolo dos gaúchos.
‘VIDA E OBRAS’
Se a temática para os festejos farroupilhas, neste ano, fala da ‘Vida e obras de Paixão Côrtes”, é por elas e por ele – ao lado de seus companheiros – ‘O grupo dos Oito’, que tudo começou. A Chama Crioula, a Ronda Crioula, a origem da Semana Farroupilha, foram alguns dos feitos liderados por Carlos D’Avila Paixão Côrtes, que perpassaram estas sete décadas e entre veteranos e as novas gerações seguem adiante. Gente que escreveu e escreve, a muitas mãos, um movimento organizado ao longo da história.
CAVALGADAS
Daquelas quadras a cavalo, em 1947, no centro de Porto Alegre, os caminhos do Rio Grande do Sul recebem, a cada ano, homens e mulheres que percorrem centenas de quilômetros em busca desta fagulha que somente muda de lugar, mas reverencia a história e renova o espírito da tradição gaúcha.
Distante 380 quilômetros, a partir de Venâncio Aires, cavalarianos estão na cidade de Tenente Portela, onde a Chama foi gerada e as centelhas serão distribuídas, oficialmente, neste sábado, 18, para as 30 Regiões Tradicionalistas do RS. Entre os cavalarianos, a 38ª Cavalgada do Centro de Tradição Gaúcha (CTG) Erva-Mate, a Cavalgada da Integração com o CTGs Chaleira Preta, Lenço Branco e Querência da Mata de Mato Leitão. Lá também, um dos símbolos do gaúcho, o chimarrão de fundamento, servido pelo Pedrão da Escola do Chimarrão, orgulhosamente, de Venâncio Aires.
NOS MUARES
Representante oficial da 24ª Região Tradicionalista, e integrante da Ordem dos Cavaleiros do Rio Grande do Sul (Orcav), Davi Musskopff, está no Parque do Moconá, em Tenente Portela, onde acontece a solenidade. Mas para chegar lá, ele e mais três amigos percorreram por dez dias, desde Marques de Souza, com seus muares. À moda dos antigos viajantes, o grupo seguiu levando apenas, como apoio, os cargueiros e o suficiente para reviver os caminhos que deram início às viagens e o comércio dos antepassados. “Muito frio por aqui, mas tudo tranquilo, graças a Deus”, destacou Musskopff, nesta quarta-feira, quando estavam chegando na cidade de Miraguaí, microrregião de Três Passos.
CANDEEIROS
Musskopff será o responsável em acender o candeeiro oficial da Região e repassar aos representantes de Venâncio Aires, Mato Leitão e Região. No retorno, acompanham a delegação um grupo com cerca de 30 cavalarianos do Vale do Taquari, todos a cavalo.