A Comunidade Luterana de Vale Verde também está de luto pela morte do pastor Lair Hessel, que foi o líder religioso com mais tempo de atuação, tendo trabalhado por 34 anos no município. Hessel era uma unanimidade entre os luteranos, e até mesmo entre membros de outras religiões, que o conheciam e o admiravam.
O presidente da Comunidade Evangélica Frederico Toillier disse que muitas pessoas compareciam aos cultos só para poder ouvir o pastor Lair Hessel, inclusive de outras religiões. “Estamos de luto, pois perdemos um ser humano e um profissional irretocável. O Lair era diferenciado, e por isso, todos o adoraram. Lamentamos profundamente essa perda irreparável”, afirmou o presidente.
O prefeito Carlos Gustavo Schuch enfatizou que todos sentiram muito a morte do pastor. “Foi o Lair que fez minha confirmação e o batismo dos meus dois filhos. O trabalho dele ia muito além da Comunidade Evangélica, pois ele era um pastor que atendia a todas as pessoas, independente de religião. E os cultos dele eram diferenciados, pois exemplificava com muita clareza os ensinamentos de Jesus, e vivia a palavra de Deus no seu dia a dia”, enalteceu o prefeito.
“UM PASTOR EM MINHA VIDA”
A fisioterapeuta Daniela Kaufmann Seady que é natural de Vale Verde, mas reside em Encruzilhada do Sul, publicou em seu Facebook depoimento destacando o quanto admirava e gostava do pastor Lair Hessel, mesmo sendo da religião católica. Lembrou que às vezes seus pais permitiam que ela acompanhasse sua avó aos cultos. “Adorava ouvir a pregação do pastor. Enquanto morei em Vale Verde, compareci em quase todos os velórios dos evangélicos, pois sabia que lá estaria o pastor Lair. Nesses momentos, ele usava palavras que nos tocavam e que tinham sentido, fazendo com que todos ali presentes, sentissem a vida e o amor de Deus. Quase sempre chorava. Às vezes, não conhecia muito aquele que estava sendo velado, mas o pastor com sua retórica conseguia despertar em mim, um exame de consciência e a importância para o dom da vida”, salientou Daniela.
Lembrou que em 2008 perdeu tragicamente, um primo-irmão de apenas 17 anos. Afirmou que toda a família ficou sem chão. “Estávamos arrasados. Queríamos sentir Deus nos amparando, mas ninguém conseguia arranjar forças para prosseguir. Meus tios estavam magoados e decepcionados com o nosso padre, pois esperavam dele um pouco de aconchego e consolo. No dia do enterro, o padre chegou na hora da missa de corpo presente e não se aproximou dos enlutados. Minha família, movida pela espiritualidade, experimentou naquele momento a orfandade.”
Contou que os dias que se passaram estavam muito difíceis de serem vividos, e foi quando lembrou do pastor Lair Hessel, e pediu para a presidente da Comunidade Evangélica na época, Alvina Toillier, a possibilidade de uma visita dele na casa da família.
“Jamais esquecerei aquele dia. O pastor sentou-se na sala, escutou atentamente os pais, ouviu em silêncio o choro e os soluços. E só depois de ouvir, falou coisas lindas e confortantes e, dentre tantas, uma delas ficou marcada em meu coração: agradeçam a Deus pela oportunidade que vocês tiveram de conviver com essa pessoa que tanto amavam. Agradeçam pelos 17 anos felizes que tiveram juntos. Com esta visita o pastor Lair conseguiu fazer o sentido verdadeiro de uma religião, e religou-nos a Deus”, enalteceu Daniela Kaufmann Seady.
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