Por Paulo e Adélia Jacobsen – Irmãos, filhos de Rubi Jacobsen e moradores do centro da cidade
Por volta de 1930, Alberto Jacobsen, natural de Matiel, na região de Montenegro e São Sebastião do Caí, chegou a Passo do Sobrado. Instalou-se com uma casa comercial às margens do Arroio do Sobrado e começou vendendo secos e molhados, como era chamado na época.
Sentindo que o lugar vislumbrava um futuro promissor, voltou às origens e trouxe com ele o irmão Rubi Alfredo Jacobsen, com a profissão de alfaiate, que iniciou seu trabalho na casa dos Helfer, onde atualmente reside a família do doutor Colberto Celeste. Mais tarde, Rubi casou com Celina Cunha, e o casal foi morar num precário chalé que ficava atrás da igreja. Deste casamento, veio, então, a primeira filha.
Todos os dias de manhã cedo, Rubi saía para seu trabalho, enquanto Celina, ficava cuidando da casa e da pequena Mariana. Recém-casado, com poucos recursos, quase nada de móveis e utensílios, o jovem casal tinha a esperança de um futuro melhor. Celina, muito católica e devota de Nossa Senhora do Rosário, tinha, pendurado na parede, um quadro que ganhou de presente do seu irmão Xexé, com a imagem da santa.
Numa tarde, inesperadamente, o tempo armou-se para chuva, preparando-se para um temporal. Celina, então com medo e pressentindo algo, pegou a filha e saiu. Foi até onde Rubi estava trabalhando e avisou a ele que iria para a casa dos seus tios, Carvino e Vanina, que moravam perto dali, onde hoje reside o senhor Evandro Jacobsen e família. Ficou ali por algum tempo, aguardando o temporal passar.
Quando tudo já estava mais calmo, Rubi, apressadamente foi, então, até sua casa e, para uma desagradável surpresa, o rancho se transformou num amontoado de telhas e tábuas. Já não existia mais. Na esperança de salvar um pouco do que tinham, com ajuda de vizinhos, eles começaram procurar no amontoado por algo que ainda poderia servir. Eis que encontraram, entre os cacos de telhas e tábuas, o quadro de Nossa Senhora do Rosário, sem qualquer arranhão e com o vidro totalmente inteiro, pois não havia quebrado.
Os que ali estavam se emocionaram e pareciam não acreditar. Como que o quadro não quebrou? Como pode isto? Todos se perguntavam. Então, juntando o quadro e o pouco que sobrou inteiro foram para a casa da tia Vanina, até montarem uma nova morada.
Por muitos anos, Rubi levava com ele aquela lembrança e, toda vez que o tempo se preparava para chuva, ele dizia: “quando o tempo se arma por trás da casa da tia Vanina, preparem-se, porque não vem coisa boa.” Este quadro, como mostra a foto, encontra-se na casa da Dedéia, guardado por todos esses anos, como relíquia da família.
*Matéria integrante do caderno especial do aniversário de Passo do Sobrado, no qual pessoas da comunidade enviaram suas histórias para a Folha do Mate.