Alunos e professores das escolas estaduais Alexandrino de Alencar e Curupaiti, de Passo do Sobrado e Vale Verde respectivamente, estão mobilizados e conquistando apoio político e comunitário. Docentes e estudantes acompanharam sessões das Câmaras de Vereadores nesta semana para pedir apoio contra o pacote do governo estadual.
No Legislativo de Passo do Sobrado, alunos apresentaram cartazes com frases de apoio ao magistério e foram atendidos. Uma moção apresentada pelas vereadoras Celina F. da Rosa (MDB) e Nubia K. Bartz (PDT) e assinada pelos demais parlamentares foi encaminhada à Assembleia Legislativa, contra os projetos do Executivo Estadual de reforma estrutural, que compreendem alterações no Plano de Carreira do Magistério Público, no Estatuto do Servidor e no Regime Próprio de Previdência Social do Estado.
Na moção consta que são cinco anos sem qualquer reposição salarial, acumulando perdas inflacionárias superiores a um terço do poder aquisitivo, desde novembro de 2014. “A quarta maior economia do Brasil paga, a quem é responsável por educar seus filhos, o segundo pior salário básico do país. A defasagem em relação ao Piso Nacional do Magistério chega a escandalosos 102%”, destacaram as vereadoras.
Além do congelamento, seus salários são quitados com atraso e parcelamento há 47 meses. “Diante deste cenário, e de um grave quadro de adoecimento e elevação do índice de suicídios entre educadores, o governo propõe uma série de medidas que, em última instância, vão aprofundar o arrocho salarial, congelar proventos por anos a fio, retirar direitos e confiscar o dinheiro dos aposentados que ganham menos taxando a previdência”, lamentaram Celina e Núbia, no contexto da moção.
A apelação da Câmara entende que, se aprovadas as alterações do Plano de Carreira do Magistério, quem pagará o piso no Rio Grande do Sul será o próprio professor. “Teremos, em nosso estado, um caso único em sua infâmia. Isso porque o governo pretende apenas reorganizar os gastos atuais com a folha sem conceder qualquer reajuste. As atuais vantagens serão integradas ao básico para mascarar o pagamento do piso e o valor excedente será transformado em parcela autônoma”, lamentam os parlamentares que assinaram a moção.
PROTESTO PELAS RUAS
Através de uma iniciativa do Grêmio Estudantil da escola Alexandrino, alunos, professores e funcionários do educandário caminharam pelas ruas da cidade na quinta-feira, 21, com faixas e cartazes em apoio à classe. Pelos comércios e residências por onde passaram receberam apoio em prol da causa.

“O governo está nos esmagando”
Uma moção de repúdio também foi assinada por todos os vereadores de Vale Verde e será encaminhada à Assembleia, solicitando o apoio aos professores junto aos deputados estaduais.
Três professores da escola Curupaiti, Elizabeth Trarbach, Martha Kroth e Leandro Mayer fizeram uso da tribuna da Câmara e compartilharam, de forma emocionada e até consternada, a decepção com a proposta do atual governo.
“Quem é professor sabe que estamos sofrendo há bastante tempo, pois o governo está nos esmagando e nos colocando numa situação embaraçosa. Só falta sairmos pedindo esmola. Estamos solicitando a ajuda de todos, pois só queremos receber em dia e não perder nossos direitos adquiridos”, disse Leandro Mayer.
Todos os vereadores se pronunciaram apoiando integralmente a causa dos professores e se colocando à disposição para interferir por eles.
O presidente da Casa, Adilson Romão (MDB), entregou uma cópia da moção aos professores para que eles também possam encaminhá-la. Os professores garantiram que os dias parados serão recuperados e que ninguém será prejudicado, mas que a paralisação é necessária para chamar a atenção do governo.


EXECUTIVO
Os professores se reuniram na quinta-feira, 21, com o prefeito Carlos Gustavo Schuch e a secretária de Educação Suzana Pacheco onde solicitaram apoio. O chefe do Executivo garantiu que na próxima semana, dia 27, coordenará uma caravana a Porto Alegre, para entregar pessoalmente aos deputados as moções de repúdio ao novo pacote do Governo.
“A atual Administração, que tem como uma de suas bandeiras a educação, é contrária à proposta. Como sabido, não há aumentos nos salários bases desde 2014, são 48 meses de pagamentos parcelados e, com a nova proposta, o salário de um docente com pós-graduação passa a ser R$ 1.330,00 bruto, ou seja, calculando-se os descontos, aproximadamente um salário mínimo. Estamos engajados nessa luta pela garantia dos direitos adquiridos ao longo dos anos anteriores”, afirmou o prefeito.
