Por conta da longa estiagem que assola a região, os moradores e produtores rurais das imediações do Rio Jacuí estão presenciando um fato inédito: o menor nível de água visto no Rio Jacuí e nas lagoas. O morador da localidade de Monte Alegre, interior de Vale Verde, Dalmeci Teixeira, disse que não via uma seca assim há mais de 40 anos. Ele lembra de uma parecida que ocorreu em 1942.
“É incrível o que estamos vivenciando. Como sou o responsável pelo abastecimento da água da Prefeitura no interior, peço o máximo de economia de todos”, alerta Teixeira. Ele explicou que os reservatórios diminuíram muito, e por isso, a água não consegue chegar para todos ao mesmo tempo.
“Desde quando construíram a barragem de Amarópolis, em Santo Amaro, há 43 anos, o nível da lagoa que banha parte da nossa propriedade, não estava tão baixo, conta a produtora rural, Marla Quadros da Rocha, da localidade de Monte Alegre.
A família dela produz soja e arroz e está preocupada com o tamanho das perdas que estão por vir. Eles plantaram nesta safra 560 hectares de soja, sendo a maioria em terras arrendadas.
A colheita está programada para iniciar neste fim de semana, e com ela, uma grande expectativa, pois eles não sabem de quanto será a perda por conta da estiagem.
Conforme Marcos Quadros da Rocha, o custo de produção da soja é de 30 sacas por hectare, o que seria o mínimo para pagar o que foi investido no plantio. “Como nossas lavouras estão desparelhas, não temos ideia de quanto iremos colher. Esperamos que não seja tão ruim quanto parece, pois faz tempo que não vejo uma seca deste tamanho”, lamenta o produtor.
Com relação ao arroz, as dificuldades também existem, porque a família plantou 170 hectares, e estava abastecendo a lavoura com água da lagoa, que praticamente secou. Para evitar as perdas, tiveram que fazer um transbordamento da água do Rio Jacuí para dentro da lagoa, com o objetivo de continuar irrigando a plantação. “Porém, somente os gastos que estamos tendo com energia elétrica e óleo diesel nos tratores, já impactará na redução do lucro de forma significativa”, observa Rocha.
Eles também plantaram cinco hectares de milho para o consumo dos animais e tiveram que colher antes da hora, pois a planta estava morrendo na lavoura, devido à falta d’água. Essa situação se repete para praticamente todos os produtores do município, que dependem da chuva para colher e para alimentar os animais.
“É triste ver açudes e lagoas quase secos, campos sem grama, milho sem espigas, soja com poucos grãos e morrendo.”
CARLOS GUSTAVO SCHUCH – Prefeito Vale Verde
Perdas – estimativa Emater/RS-Ascar
Produto Perdas (%)
Soja – 60%
Milho – 60% a 70%
Gado de corte – 35%
Gado de leite – 35%