Bióloga Fabíola Moreira, especialista em Gestão Ambiental
Bióloga Fabíola Moreira, especialista em Gestão Ambiental (Foto: Caco Villanova)

Rio Grande do Sul - Nesta terça-feira, 27, o Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) promoveu Seminário Regional de Resíduos Sólidos, no auditório memorial da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O evento, que integra a programação comemorativa aos 20 anos da entidade, trouxe para debate a destinação correta do lixo, a partir de estudo realizado em 16 municípios da região que, juntos, produzem mais de 73 mil toneladas de lixo por ano.

Uma das sugestões apresentadas e defendidas no evento é a implantação de aterro sanitário regional, como forma de reduzir custos aos municípios, especialmente com transporte, e a busca por soluções locais para melhorar o serviço de coleta seletiva. A bióloga Fabíola Moreira, especialista em Gestão Ambiental com MBA em Gestão de Environmental, Social & Governance (ESG) pela Unisc, abriu o seminário. Ela apresentou a primeira etapa da Revisão dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que deve se desdobrar em um plano regional que possibilite a exploração de novas tecnologias e viabilize parcerias público-privadas (PPPs) na busca de soluções econômicas e ambientais equilibradas.

Fabíola apresentou dados preocupantes sobre o volume de lixo produzido e os custos de coleta e destinação. Segundo o levantamento, para destinar 73 mil toneladas de lixo por ano, produzido por mais de 370 mil habitantes, os 16 municípios em questão gastam R$ 41 milhões no mesmo período. Com relação à coleta seletiva, somente oito prefeituras oferecem o serviço e, ainda assim, com falhas na triagem, na destinação e também na orientação e conscientização da população.

Outra questão identificada no estudo, foi a quantidade de material orgânico recolhido na área rural, quando poderia ser aproveitado no ciclo de produção agrícola, a partir de compostagem. Nas cidades, o problema é o descarte irregular de resíduos de construção civil, restos de poda e de lixos domésticos, muitas vezes depositados em terrenos baldios.

Fabíola ainda chamou atenção para a necessidade de se estabelecer, urgentemente, uma logística focada no processo de coleta e destino, envolvendo todos os setores da administração pública, passando pela criação, manutenção e organização de cooperativas. “Se não tem cooperativa, não tem coleta seletiva”, exemplificou.

Em entrevista à redação integrada da Folha do Mate e Terra FM, a bióloga observou que existe potencial de melhorar os serviços e de implantar novas tecnologias e alternativas, como uma usina de triagem mecanizada regional. “É assustador o volume que se gera de resíduos na região e o impacto ambiental e financeiro”, reforçou. A próxima etapa do trabalho é de elaboração de projetos. “Até o dia 20 de novembro, a gente pretende finalizar os prognósticos, a curto, médio e longo prazos. Os municípios vão ter que se organizar e avaliar de que forma podem trabalhar e atuar”.

Palestras e case

Pela manhã, também se apresentaram o gerente comercial da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), Vladimir Brondani Dallazer, e o advogado e compliance officer da empresa, Fernando Siek, que falaram sobre concessão. O promotor de Santa Cruz do Sul, Érico Barin, abordou ‘Fiscalização na gestão de resíduos sólidos nos municípios e sustentabilidade na gestão pública’.

À tarde, foi apresentado case de Venâncio Aires: ‘Implantação de biodigestores em escolas e incentivo à compostagem doméstica como políticas públicas para gestão de resíduos orgânicos’, pela engenheira química Carin Gomes e o secretário de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Bem-Estar Animal, Gustavo Von Helden. Ainda teve palestra sobre ‘Gerenciamento de resíduos sólidos do Consórcio Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos de Seberi (Cigres), com Amanda Nogueira Schmitt, Carlos Eduardo Balestrin Flores e Antônio Vilson Bernardi.

Carin Gomes e Gustavo Von Helden apresentaram case de Venâncio Aires (Foto: Rodrigo Nascimento/Nascimento MKT)

Cisvale 20 anos

O prefeito de Vera Cruz e presidente do Cisvale também falou à Folha/Terra FM. Segundo Gilson Becker, debater a questão dos resíduos sólidos tem sido desafiador aos municípios. “Toda a região destina seu rejeito para Minas do Leão”, observa, citando o transporte como objeto de elevado custo. “Hoje, se entende, com as novas tecnologias, que o aterro sanitário não seja mais a melhor alternativa”, afirmou. Segundo ele, o Cisvale busca alternativas, tanto econômica quanto ambiental, com participação do Ministério Público e de outras entidades. “Ao mesmo tempo, estamos conhecendo iniciativas de parcerias público-privadas para que possamos encontrar alternativa. Dificilmente o município vai conseguir, de forma isolada, montar uma estrutura completa para destinação dos seus resíduos.”

Presidente do Cisvale e prefeito de Vera Cruz, Gilson Becker (Foto: Caco Villanova)

Becker também destacou os 20 anos da Cisvale, que surgiu para buscar soluções e alternativas na área da saúde, buscando aproximar serviços e reduzir custos. Isso se repetiu em projetos na área ambiental, com uma agenda que está em andamento até 2030. Lembrou que a entidade conta com 25 municípios, com ingresso de Canudos do Vale, Cruzeiro do Sul, Forquetinha, Marques de Souza, Progresso, Santa Clara do Sul e Sério, que, juntamente com Boqueirão do Leão, formam o Consórcio Intermunicipal para Assuntos Estratégicos (Cipae-G8) no Vale do Taquari.

A programação de aniversário segue nesta quarta-feira, 29, com encontro promovido pelo Cisvale e o Centro Regional de Referência em Transtorno do Espectro do Autismo (Centro TEA), através do programa estadual TEAcolhe, no auditório central da Unisc. Na sexta-feira, 31, em Boqueirão do Leão, ocorre ato de entrega das estações meteorológicas, viabilizadas com recursos do Sicredi Vale do Rio Pardo, por meio do Comitê Pró-Clima do Consórcio.

Caco Villanova

Atua na cobertura geral do município, em publicações especiais e acompanha os principais acontecimentos na região.

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