Acompanhada das pinchers Djulie e Djarlie, que são de verdade, Rosangela da Rosa Aquino, 57 anos, vai moldando com a ponta dos dedos,

a massa de biscuit ou porcelana fria para formar as inúmeras peças, que também parecem de verdade. Na parede, as forminhas de cortar a massa servem apenas para decoração, pois a artesã prefere manipular, manualmente, as minúsculas partes que dão forma ao todo. Dos dedinhos do Menino Jesus à barba do Papai Noel e o lenço do gaúcho, tudo é feito com habilidade, incompreensível ao olhar do leigo.
Artesã há 24 anos e integrante da Arteva desde 2002, Rosangela lembra muito bem da primeira “aventura” e do material utilizado na confecção. “Foi uma vaquinha de geladeira para uma professora dos meus filhos. A massa foi preparada com maisena, cola, gotas de limão, vinagre vaselina, feita no fogão”, relembra. Material que hoje é comprado industrializado.
Ela, que desde os 14 anos tem habilidade com tricô e tecelagem com lã, percebeu que poderia investir neste dom e dedicar mais tempo aos filhos Geison e Vânia, hoje com 30 anos, Alana, 21, e Nícolas, 15. Com os filhos pequenos foi quando iniciou os primeiros artesanatos em cestaria de jornal e, a partir disso, a atividade se tornou uma opção de trabalho, inclusive ministrando aulas em empresas de tabaco, por quatro anos, durante os intervalos.

BISCUITO artesanato com biscuit não tardou a entrar na vida de Rosangela e veio para ficar. Ao referir-se às peças, os olhos brilham e a história de cada uma são contadas como em poesia, pois além de artesã, ela também é declamadora. Entre as inúmeras criações lembradas com carinho, está o ‘bombeirito’. Peças que foram criadas em 2007, para homenagear os 20 anos do Corpo de Bombeiros de Venâncio Aires.
O que para ela, apesar de fazer 200 unidades, não foi difícil, pois tinha o ‘modelo’ em casa, o esposo Édison de Azambuja Aquino, com quem é casada há 34 anos, hoje bombeiro aposentado. Para ser fiel às criações mais elaboradas e específicas ela solicita uma foto, mas “de resto é pura inspiração”, acrescenta.
ROTINAComo toda dona de casa, a artesã que mora no bairro Cidade Nova há 13 anos, divide o tempo com os afazeres domésticos para atender a demanda. As tardes e noites são dedicadas ao artesanato. Pequenas ou grandes, as peças levam cerca de uma semana para secagem. Somente depois deste tempo poderão receber a pintura com tinta crílica fosca.

Às vezes chego a pensar que não vai dar certo, mas a inspiração vem. É coisa de Deus.” ROSANGELA DA ROSA AQUINO – artesã
“Minha mãe é autêntica, corajosa e inteligente. Ela me ensinou a buscar sempre o melhor, a fazer escolhas assertivas e a colaborar com tudo e todos. Ela é doce, mas sabe ser firme. Ela é forte. Ela é competente. Ela é uma rainha. Ela é meu exemplo na arte e na vida.” GEISON AQUINO – Filho e artista de teatro