Valmor Thesing_SindiTabaco
Thesing: "Podemos esperar, como consequência, uma redução drástica nos volumes exportados aos clientes americanos" (Foto: Felipe Krause/Pixel18dezoito)

A manutenção, por parte dos Estados Unidos, da tarifa de 50% sobre o tabaco brasileiro gera apreensão no setor produtivo. Apesar de cerca de 700 produtos terem ficado de fora da lista do tarifaço, o decreto, que vale a partir de 6 de agosto, atinge diretamente o principal setor econômico do Vale do Rio Pardo e o principal produto de exportação gaúcha para os Estados Unidos.

Atualmente, o país norte-americano responde por aproximadamente 9% do mercado do tabaco brasileiro, sendo o terceiro maior importador, tanto em volume quanto em valor.  De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, entre janeiro e junho de 2025, o Brasil exportou 19 mil toneladas de tabaco para os Estados Unidos, gerando US$ 129 milhões em receita. No acumulado de 2024, foram 39,8 mil toneladas e US$ 255 milhões em vendas externas para o país. “A manutenção da tarifa cria uma situação bastante complexa e a competitividade do produto brasileiro no mercado norte-americano fica ameaçada. Podemos esperar, como consequência, uma redução drástica nos volumes exportados aos clientes americanos”, destaca o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Valmor Thesing. Segundo ele, o setor ainda esperava uma prorrogação ou flexibilização do decreto, o que não se concretizou.


Mesmo diante do cenário desafiador, Thesing garante que não há previsão de demissões. Esclarece ainda que o tabaco que já foi contratado junto aos produtores por meio do Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT) vai ser adquirido normalmente pelas empresas integradoras conforme regra dos contratos de integração. “Como as empresas associadas ao SindiTabaco trabalham com o Sistema Integrado, oferecemos essa garantia e segurança para o produtor quanto à aquisição do volume já contratado”, reforça.

Outros mercados


Da safra 2025/26 já contratada junto aos produtores, cerca de 40 mil toneladas faziam parte da previsão de negócios com os Estados Unidos. O executivo observa que, “e não for possível realocar esse volume de forma imediata para outros mercados, ele ficará estocado no Brasil”, explica o executivo. “No entanto, temos a expectativa de, nos próximos meses, redirecionar o montante que seria exportado aos Estados Unidos para outros destinos, pois exportamos para mais de 100 países”, acrescenta Thesing.

Entenda

  • 694 produtos ficaram de fora da Ordem Executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevando o valor da tarifa de importação de produtos brasileiros para 50%, 
  • Entre as exceções estão produtos como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios,  fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes. Também ficaram de fora do tarifaço produtos como polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos e fertilizantes.
  • Tabaco, café, frutas e carnes não estão entre as exceções aplicadas pelos Estados Unidos, e serão taxados em 50%.

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