A mobilização de movimentos sociais e centrais sindicais que promete paralisar o país na sexta-feira, ganha voz, em Venâncio Aires, por meio do Comitê Suprassindical. Formada por seis sindicatos do município, a entidade convoca os trabalhadores de diferentes categorias para ‘parar’ a cidade em protesto às reformas trabalhista e da Previdência.
“Entendemos que é melhor perder um dia do que direitos conquistados e 15 anos de trabalho, para conseguir se aposentar”, salienta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e Vestuário de Venâncio Aires, João Émerson Dutra de Campos.
De acordo com ele, um carro de som vai circular pela cidade, hoje e amanhã, incentivando os venâncio-airenses a não irem trabalhar, na sexta-feira.
O comitê também se mobiliza para conquistar apoio da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva) e da Prefeitura. “Se as reformas forem aprovadas, o prejuízo não será só para o trabalhador. Vai ser para o comércio, a indústria e todo o município. Em 2015, Venâncio Aires recebeu R$ 160 milhões da Previdência Social, em benefícios e aposentadoria. Isso é muito mais do que o Fundo de Participação dos Municípios”, destaca. “Se a reforma da Previdência já tivesse sido aprovada há alguns anos, esse valor seria muito menor.”
Para Campos, a mobilização sindical e dos movimentos sociais por todo país já garantiram que o Governo Federal protelasse a votação das reformas. “Mas essas modificações não mudam quase nada. O principal ainda não foi alterado”, pondera.
Programação
Pela manhã, o Comitê Suprassindical participa de um ato regional em Santa Cruz do Sul. O protesto em Venâncio Aires está marcado para as 15h, na Praça Coronel Thomaz Pereira, a Praça da Matriz. O 18º Núcleo do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato) confirmou apoio à mobilização, mais ainda não informou se as escolas não terão aulas. Servidores do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) campus Venâncio Aires devem decidir, hoje, se realizarão alguma programação, mas, a princípio, devem apoiar o movimento.
Fiergs é contrária à interrupção de serviços
A Federação e o Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs/Ciergs) divulgaram manifesto, ontem, no qual se posicionam contra a interrupção dos serviços de transporte e bloqueio de rodovias, ruas e espaços públicos, previstos para ocorrer em todo o país, nesta sexta-feira.
A Fiergs ressalta que, “ao impedirem fisicamente o acesso aos locais de trabalho e a liberdade de ir e vir dos cidadãos, ações como os piquetes nos portões das fábricas, acabam dando a falsa ideia de adesão ao movimento”.
Os órgãos ainda salientam que não é admissível paralisações na atual crise da economia brasileira e em especial do Rio Grande do Sul. “Se quisermos ajudar a mudar o país temos que olhar criticamente para o ressurgimento do “grevismo” de minorias e compará-lo às mobilizações legítimas baseadas na liberdade de expressão que vinham sendo realizadas aos domingos, sem atrapalhar a circulação de pessoas”, diz o manifesto.