A venda de veículos caiu 20,7% no primeiro semestre deste ano. Foram 1.318.985 unidades vendidas contra 1.662.837 no mesmo período do ano passado. O dado é da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), associação que representa distribuidores. O resultado é o pior para o período desde 2007, quando 1.082.257 unidades foram comercializadas.

Essa queda na venda de carros também é realidade em Venâncio Aires, onde no primeiro semestre deste ano, teriam sido 307 os veículos emplacados, contra 402 no mesmo período de 2014. Uma queda de 23, 64%. Pode-se dizer que a indústria automobilística nacional está em crise, mas isso é necessariamente ruim para o consumidor? Talvez não, pois apesar de também afetado pela crise, o mesmo pode conseguir preços mais em conta. Segundo Guilherme Kreutz, que atua como gerente regional de vendas de uma concessionária com loja em Venâncio Aires, há muito estoque e as concessionárias e fábricas de veículos estão tentando baixá-lo. “As vendas baixaram bastante, mas nem por isso o cliente deixou de fazer um bom negócio.”Como explica Kreutz, a oferta maior diminui o preço, bem como estimula as fábricas e concessionárias a buscar alternativas para conquistar o cliente. Como exemplo, ele cita que a maioria dos veículos está sendo vendida sem a cobrança de juros. Apesar do cenário, o gerente é otimista em relação aos próximos meses. Ele acredita que, aos poucos, o setor vai se recuperar. “No segundo semestre, as vendas costumam ser sempre maiores em função do lançamento de novos modelos e também pelo recebimento do 13º salário”, salienta.De acordo com o gerente de uma outra concessionária localizada em Venâncio Aires, Rigoni Pochmann, em função do período de comercialização do tabaco, os agricultores costumam incrementar a venda de veículos no primeiro semestre de cada ano, mas desta vez, cita que a procura sofreu uma grande redução.Como motivos para isso, Pochmann cita o momento de insegurança financeira. “As pessoas estão com medo de perder o emprego em função da crise, que é só o que se fala nos meios de comunicação. Isso é um fator determinante que contamina o mercado.”Para lidar com o momento, menciona que se tem apostado nas promoções. “As próprias montadoras estão proporcionando valores mais baratos.”

SEMINOVOS E USADOS EM ALTAApesar da venda de carros novos ter diminuído, o gerente de vendas Guilherme Kreutz diz que houve uma pequena alta na comercialização de seminovos. Ele fala num crescimento de cerca de 5%, o que bate com dado divulgado pela Fenabrave. A associação aponta que o número de carros seminovos e usados negociados neste ano subiu 5,47% até maio, em comparação com os cinco primeiros meses do ano passado.

Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateConcessionárias sofrem para tentar esvaziar os pátios
Concessionárias sofrem para tentar esvaziar os pátios

área automobilístico representa 8% do PIB

O setor automobilístico é representativo no país. Isso porque representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB). A observação e do economista e professor Oscar Siqueira. “Isso é um grande impacto se compararmos com a Petrobrás que hoje representa 13% do PIB.” De acordo com ele, com a crise que vive o país o custo para financiar os veículos pode ficar mais caro em virtude das taxas de juros, tanto para o consumidor, quanto para os que produzem os automóveis. As montadoras precisam comprar peças e fazem o preço do carro mais alto em função de que os fornecedores acabam cobrando mais. Um dos fatores que afetam o setor, conforme Siqueira, é a desvalorização do câmbio. “Como eles importavam componentes dos automóveis, precisam buscar, hoje, compradores nacionais. No entanto, as nacionais estão em crise também. Isso acaba criando um círculo vicioso.”Em relação às ofertas na venda dos veículos automotores, Siqueira chama atenção para o consumidor avaliar os preços que serão pagos e juros. “é preciso negociar bastante e ficar atento. Muitas vezes, a pessoa pode achar que está pagando um valor, mas na verdade, a taxa de juros está embutida na prestação.” Outra dica, é pechinchar com os vendedores. Na avaliação do profissional, a crise chegou ao ponto em que está em virtude da pressão dos banqueiros, há cerca de dois anos e meio, com o Governo Federal para aumentar a taxa de juros Selic. “Sobre as demais taxas que existem, isso gera um efeito multiplicador negativo. O Governo caiu na armadilha do sistema financeiro.” O que também agrava a economia brasileira é a crise política, de acordo com Siqueira.