Os moradores do Condomínio Bela Vista, inaugurado oficialmente na última sexta-feira, enfrentam algumas dificuldades na transição de suas antigas para as atuais residências. Muitas famílias que se transferiram para os apartamentos – na segunda-feira e ontem – ainda não têm à sua disposição água e energia elétrica, situação que incomoda muitos beneficiários. A concessionária AES Sul destacou cinco equipes para os trabalhos no Bela Vista, e a expectativa é de que até o final da tarde de hoje os 256 apartamentos tenham energia elétrica à disposição. Com a luz ligada, o problema da água estará resolvido, já que as bombas estão no térreo dos blocos e dependem da energia para lançar água até o quarto andar.
A estimativa, ontem, era de que cada equipe da AES Sul executasse em torno de 30 ligações. Avisos chegavam por meio de um PDA (equipamento que é uma espécie de palmtop, com funcionalidades de computador) informando qual unidade deveria ter a energia liberada. As ligações não acontecem em ordem de apartamentos, ou seja, há casos em que unidades vizinhas têm diferentes condições. A central da AES Sul informa os clientes assim que a energia está disponível. Ao fim de cada trabalho, os disjuntores das unidades são desligados por medida de segurança. Portanto, assim que receberem as mensagens de que a ligação foi completada, moradores devem chamar profissionais da área antes da utilização.
Apesar de informações darem conta de que ninguém vai ficar sem água e luz além da tarde de hoje, os moradores estão irritados. O pedreiro Antônio Severo, de 49 anos, reclamou que a carne que ele tinha levado para o seu apartamento poderia “apodrecer”. Queixou-se também que, de segunda para terça-feira, teve de ficar em frente à moradia, na companhia do filho, “porque estava muito quente e não dava nem pra ligar um ventilador”. Situação semelhante à enfrentada pelo aposentado Edmundo Severo, de 72 anos, pai de Antônio e também beneficiado com uma moradia no Bela Vista. “Tentei me informar sobre o que estava acontecendo em relação à luz e à água, mas não consegui resposta”, afirmou ele.
CAMINHõES – Antônio e Edmundo também reclamaram em relação às despesas que tiveram com o transporte dos seus pertences até os apartamentos. Na manhã de ontem, não foi permitida a entrada dos caminhões no condomínio, uma vez que o peso dos veículos poderia ocasionar afundamento dos bloquetes das vias internas. “Tive que pagar R$ 120 por quatro viagens de camioneta com as minhas coisas e mais R$ 80 por duas viagens com os pertences do meu pai. Morava de aluguel aqui perto do residencial e com o caminhão gastaria metade disso”, lamentou o pedreiro. Há relatos, também, de proprietários de camionetas que estariam carregando móveis do portão do residencial (onde caminhões teriam os deixado) até a porta de entrada de cada bloco de apartamentos por valores entre R$ 15 e R$ 20 cada viagem.
A ira de quem pagou mais caro pelo transporte dos pertences se intensificou à tarde, quando houve a liberação para a entrada de caminhões. Embora concordassem que aquela era a melhor maneira para uma ocupação dos prédios com mais agilidade – há turno definido para que cada novo morador leve a sua mudança para o local -, não conseguiam esconder a ‘dor no bolso’ da parte da manhã. Porém, houve quem preferiu levar os contratempos ‘na esportiva’, caso da técnica em Enfermagem Simone Rex, de 29 anos. Envolvida com a mudança na “cota da tarde”, ela disse que, mesmo tendo um bebê de quatro meses em casa, iria aguardar a liberação da água e da energia elétrica numa boa. “Eu não consigo ficar chateada, porque estou muito feliz com o meu novo apartamento. Um dia dá pra gente se segurar”, avaliou. Ela só não concordou com a proibição dos caminhões na parte da manhã. “E se desse um incêndio aqui, iam impedir um caminhão do Corpo de Bombeiros de entrar para apagar?”, questionou.
áGUA – O gerente da Corsan em Venâncio Aires, Ilmor Dörr, esclareceu que a companhia já providenciou a ligação geral na entrada do condomínio e que o abastecimento de água é normal. Ele explicou que os medidores de consumo são individuais e dependem do controle interno para serem liberados. “A nossa parte está em dia”, comentou. Juliano Angnes, da Lenz & Boehn, lembra que a imobiliária foi quem pediu as ligações em seu nome, “para agilizar os trâmites e auxiliar os novos moradores nesta transição”, e que assim que a energia elétrica estiver disponível, todos terão água. Na semana que vem, representantes da imobiliária devem se reunir com os moradores em assembleia para exposição da proposta para administração do condomínio. “Vamos apresentar nosso planejamento para gestão da água, luz, limpeza, jardinagem e manutenção, mas tudo vai depender da aprovação dos moradores”, antecipou.
