


Na tarde da segunda-feira, 16, os vereadores Emanuel Helfer Kroth (PT), Airo Fonseca (PTB), Selmo Baierle Fagundes (PT) e Valdir Pacheco (PTB) protocolaram no Legislativo Municipal, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O objetivo segundo os parlamentares é investigar fatos denunciados em uma carta anônima deixada embaixo da porta da Câmara no final de semana retrasado, por alguém não identificado.
No documento constam denúncias contra o presidente da casa, Valdenir Linch (PTB), o assessor jurídico Salo Bandeira Preuss e a assessora legislativa Bruna Baierle. A única servidora não mencionada na carta é a ex-diretora executiva da Câmara de Vereadores Ana Carolina Santos, desligada da função na última sexta-feira, 13.
REUNIÃO DA CÂMARADurante a sessão ordinária da última segunda-feira, bate-boca, discussões e acusações pautaram o clima no plenário, sendo que a Câmara esteve lotada para acompanhar os desdobramentos, bem como posicionamentos de cada vereador. Durante as falas no grande expediente e no espaço das bancadas, todos os parlamentares colocaram seu entendimento com relação ao assunto.
O primeiro a falar foi Vinicius Bartz da Rosa (PDT) que afirmou que vai aguardar a apuração da CPI para então se manifestar. “Quero me basear em fatos reais, e não em denúncias anônimas ou boatos”, disse ele. O vereador Airo Fonseca (PTB) disse que não interessa de onde partiu as denúncias, e que seu papel é de apurar os fatos.
Destacou que estiveram em Porto Alegre consultando o Instituto Gamma de Assessoria a Órgãos Públicos (IGAM), para saber como proceder com relação à CPI. “Eu como vereador devo preservar pela verdade, e se nosso presidente fez alguma coisa de errado tem que responder por isso, pois cada um é responsável por seus atos”, justificou Fonseca. Também questionou a demissão da servidora Ana Carolina e elogiou seu trabalho na Câmara.
A vereadora Celina Fagundes da Rosa (MDB) disse que quem não deve não tem ao que temer. “Espero que os fatos sejam apurados e não sei por qual motivo a diretora executiva foi afastada, mas reconheço o trabalho que ela fez, assim como as outras servidoras que já passaram por esta casa. Vou me manifestar quando os fatos forem esclarecidos”, disse ela.
O edil Elisio Machado (PP) disse que a CPI deve ser instaurada com muita seriedade para investigar e apurar os fatos com toda verdade. “Serei colaborador com que for possível nessa averiguação, e me coloco a disposição para fazer parte das comissões, pois esta casa deve uma resposta à população”, entende ele.
O parlamentar Emanuel Helfer Kroth (PT) afirmou que a denúncia deixou de ser anônima porque seu colega, o vereador Valdir Pacheco (PTB) a denunciou no Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas do Estado também está investigando. Kroth chegou a ler o conteúdo da referida denúncia no espaço da tribuna e de liderança. “Com a CPI vamos fazer uma investigação isenta, correta e demonstrar nosso compromisso com a população, pois os fatos que estão na denúncia são gravíssimos”. Em relação à demissão da servidora Carolina, o vereador perguntou ao presidente por que somente a servidora que não é citada na carta foi demitida. Afirmou que o presidente deveria ter vergonha de falar leviandades na tribuna. “Por que antes nunca deu problema com as servidoras nesta casa, quando era a Bruna Linke, a Liana que estavam aqui, não se tinha problemas, por que começaram a ocorrer quando as trocas foram feitas, será que foi um jogo”, indagou Emanuel Kroth. Concluiu dizendo que seu partido está preocupado com as denúncias, as quais serão apuradas pelos vereadores de forma rigorosa na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e nos órgãos competentes.
A vereadora Núbia Kaufmann Bartz (PDT) relatou que se existem denúncias, elas devem ser tiradas a limpo, “e com certeza nós vamos fazer isso, porque eu acredito que nossa casa legislativa deve buscar sempre caminhos de diálogo, compreensão e união”.
O vereador Selmo Baierle Fagundes (PT) lamentou a exoneração da funcionária Ana Carolina, que segundo ele, ensinou vários funcionários, e afirmou que era uma pessoa simples, trabalhadora e competente. Encerrou pedindo ao presidente que analise a questão da demissão da servidora citada.
Em seu pronunciamento o vereador Valdir Pacheco disse que não recebe salário para ficar parado, e que, portanto, pegou a denúncia anônima e a levou à Promotoria Pública. “Fico apavorado que o nosso presidente que está no seu quarto mandato de vereador, agora como presidente, começou a voltar para trás. Então temos que ver se ele está mesmo aprontando ou não. A CPI bem ou mal, vai nos mostrar. Espero que na próxima segunda-feira ele entregue o cargo ao vice-presidente, porque ele não tem condições de ficar enquanto houver a CPI”.
FALA DO PRESIDENTEO vereador Valdenir Linch (PTB) iniciou dizendo que com relação à demissão da servidora, são fatos que vem de mais dias. “Até sugeri a ela que se estivesse um pouco estressada, que tirasse uns dias para descansar, mas ela achou que não. Na sexta-feira ela xingou sua colega Bruna e desacatou o outro colega Salo, enquanto tentava acalmá-la, e fez o mesmo comigo. Naquele momento disse a ela que não daria mais para continuarmos trabalhando juntos, e então, ela pediu para que eu fizesse a portaria de demissão dela”.
Linch destacou que até tentou reverter a situação, mas ela não teria permitido. Deixou claro que a denúncia anônima não tem envolvimento algum com a exoneração. Afirmou que iria ler para todos o que dizia no documento, mas como seu colega havia feito, não o fez. “Digo que quem não deve não teme, e acho bom que seja instaurada a CPI, para tirar a limpo, pois tenho comigo que até posso errar um dia sem querer, mas daí, vou reconhecer e pagar pelo erro. Também acho bom que foi levado ao Ministério Público e nós mesmos fizemos um Boletim de Ocorrência na Delegacia”.
Lamentou que a pessoa não se identificou, e que não assumiu o que escreveu. “Eu até tenho provas hoje aqui comigo, mas vou apresentá-las na CPI, diante das comissões”, finalizou o presidente.
MINISTÉRIO PÚBLICOO Ministério Público de Santa Cruz do Sul informou que ainda não houve o despacho da citação porque chegou há poucos dias, e portanto, não há nenhuma definição sobre as denúncias.