Marlene e José Inácio guardam registros das apresentações do coral (Foto: Cassiane Rodrigues/Folha do Mate)
Venâncio Aires conta com sete corais. É pelos grupos que, muitas vezes, se divulga a cultura das comunidades, em localidades do município e outras cidades.
O Coral São Martinho, da comunidade católica localizada em Vila Palanque, há quase três décadas leva o nome de Venâncio por diferentes lugares, por meio do canto. Integrante desde as primeiras apresentações, o casal José Inácio e Marlene Scherer, ambos com 66 anos, destaca a importância do coral em suas vidas e para a comunidade como um todo.
Segundo eles, a criação do coral teve o grande incentivo do padre Miguel Odi (já falecido), que, na época, celebrava as missas na comunidade São Martinho. Em 1992, começaram os ensaios sob a regência de Bertilo Hinterholz, que ficou como regente voluntário até 2006, quando veio a falecer. Ele era morador de Palanque e tinha conhecimentos musicais. “Como nenhum dos integrantes se achava apto a assumir o posto de regente, encerramos as atividades”, recorda Marlene.
Registro da primeira apresentação do grupo, em 1992 (Foto: Divulgação)
O movimento para o retorno das atividades do coral começou em 2009. Uma iniciativa do ex-vereador Telmo Kist e do então chefe municipal de Cultura, Saul Zart, para viabilizar um regente para o grupo. “Eles fizeram um esforço para reativar o coral na época e deu certo”, recorda Scherer.
O retorno do coral foi em 2010, com a contratação do regente João Inácio Kroth, que acompanha os integrantes até hoje. Nos primeiros anos, a Prefeitura destinava um recurso para o pagamento do regente, mas, desde 2017, o repasse foi cancelado.
O grupo foi contemplado a participar de um programa de incentivo à cultura da cooperativa Sicredi, o que foi essencial para manter o coral ativo. “Os integrantes pagam mensalidade, recebemos doações, mas temos gastos com deslocamento para outras cidades. O projeto do Sicredi foi muito importante”, destaca Scherer. O Coral São Martinho também deve participar de um projeto da Mitra Diocesana.
FAMÍLIA
Desde março sem ensaios semanais e apresentações, devido à pandemia do coronavírus, os integrantes interagem por um grupo de WhatsApp. “Criamos uma amizade muito grande, dá pra dizer que é uma família”, comemora Marlene.
A sintonia do grupo é aplaudida pelo público que já assistiu às apresentações. Os cantores participam de encontro de corais na região e já se apresentaram em outros municípios, como Gramado, Rio Pardo e Santa Maria do Herval. No fim do ano, a agenda do coral é mais movimentada, pois, tradicionalmente, se apresentam em estabelecimentos comerciais de Venâncio. “A versão das músicas natalinas cantadas pelo coral eu nunca vi igual, é muito bonita”, salienta Scherer, grande incentivador do coral.
Ele acompanha a esposa desde os primeiros encontros nos ensaios e apresentações, mas, por questões de saúde, não pode cantar, mas colabora com o grupo. “O pessoal brinca que eu sou o empresário.”
Para este ano, a intenção era gravar as principais músicas interpretadas pelos coralistas. O repertório conta, inclusive, com canções em alemão, como Whenn Die Weisen Rosen Bluhen, de Semino Rossi. Porém, o ano atípico adiou mais esse avanço, assim como a 7ª edição do Encontro de Corais da Comunidade São Martinho, que seria realizado em setembro.
“O objetivo do coral é a preservação dos costumes dos nossos antepassados, que cantavam quando se reuniam. Esperamos que as novas gerações sigam com o grupo.”
JOSÉ INÁCIO SCHERER
Integrante do coral São Martinho
Em 2018, integrantes se apresentaram em Santa Maria do Herval (Foto: DIvulgação)
Cassiane Rodrigues
Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), atua com foco nas editorias de geral, conteúdos publicitários e cadernos especiais. Locutora da Rádio Terra FM, tem participação nos programas Terra Bom Dia, Folha 105 1° edição e Terra em Uma Hora.