Cultura e educação: os 25 anos da Associação Amigos do Cemuc

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No fim da década de 1990, o Centro Municipal de Cultura (Cemuc) oferecia diversos cursos e oficinas de música e artesanato, por exemplo, no prédio histórico da esquina das ruas Osvaldo Aranha e Reynaldo Schmaedecke. Tanto que até hoje, muita gente se refere ao local como o ‘prédio do Cemuc’. Era um trabalho importante na área, mas que também gerava custos para mantê-lo.

Com a recém-criada Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo, em 1997, a pasta não tinha recursos para manter as oficinas. Assim, surgiu a ideia de fundar uma associação. Quem conta essa história é Telmo Kist, primeiro secretário de Cultura de Venâncio. “A solução foi fundar uma associação para administrar o Cemuc. Pais de alunos dos cursos ajudaram e depois veio a Maria Lúcia Costa, que segue até hoje”, comentou Kist, se referindo à atual presidente da AACemuc.

Durante muitos anos, Escola de Samba Amigos do Cemuc participou do Carnaval de Rua. O registro é de 2007 (Foto: Arquivo FM)

A entidade foi fundada dia 5 de novembro de 1998 e, junto com Telmo Kist, estavam as então coordenadoras de Cultura, Iur Andiara Alves e Rozi Johann, além vários simpatizantes da cultura de Venâncio Aires. Maria Lúcia Costa ingressou pouco tempo depois. Sempre envolvida com o Carnaval, a primeira ação dela como voluntária da associação foi pensar em contribuir novamente com o Carnaval de Rua de Venâncio. Assim, foi criada a Escola de Samba Amigos do Cemuc, inicialmente infantil, e que já em fevereiro de 1999 levou 80 crianças para a Osvaldo Aranha.

No fim dos anos 90, houve a mudança para um espaço na rua Visconde do Rio Branco, fundos do hospital, onde a associação ficou até 2001. “Naquele ano, surgiu um evento no Sesc, que precisava de um local para promover uma mostra cultural. Ajudamos nisso e chegamos até o espaço onde é a atual Casa do Artesão, em frente ao Museu. Foram mais de 3 mil visitantes”, relata Maria Lúcia. A presidente da AACemuc conta que, após esse evento, a associação obteve a cedência do Estado para tocar as atividades no espaço. Em 2002, virou uma entidade independente, oferecendo cursos gratuitos de costura e de música. Para se manter, em eventos pela cidade e no Parque do Chimarrão, por exemplo, se responsabilizava pela copa e ficava com parte dos valores arrecadados.

De um computador ao 1º telecentro comunitário

Em meados dos anos 2000, Maria Lúcia, Norma Barden (atual secretária da associação) e Renato Bittencourt (já falecido), foram em busca de melhorias para a AACemuc e uma das demandas era dispor de um computador. Foi a associação, aliás, conforme Maria Lúcia, que doou o primeiro equipamento para a Secretaria de Cultura, em 1999.

Em 2005, Maria Lúcia diz que procuraram Jorge Maurer, subgerente do Banco do Brasil na época, para saber da possibilidade de o banco doar um computador usado. “Eles nos comentou que o banco tinha um programa de inclusão digital e que ajudava com 10 computadores. Mas precisávamos de infraestrutura para tudo isso e foi criada uma comissão pró-telecentro. Houve uma grande mobilização dos clubes de serviço, entidades e muitas empresas foram parceiras também.”

Ainda em 2005, Venâncio passou a contar com seu primeiro telecentro comunitário. “Nele, as pessoas podiam acessar gratuitamente os computadores. Eram usados para digitação de trabalhos e inscrições em concursos, por exemplo. Em 2006, ele foi eleito telecentro modelo em todo país”, relata Maria Lúcia.

O início da Uninter

Em 2006, Maria Lúcia conta que recebeu uma ligação de Brasília: era um representante do Banco do Brasil da capital federal, perguntando se a AACemuc teria condições de montar uma parceria com a Uninter (cursos EAD). O banco já era parceiro da instituição em outros telecentros pelo país, já que seus profissionais faziam cursos de qualificação. “Novamente, precisamos de melhorias para montar essa sala de aula, inclusive uma TV, e os clubes de serviços, pessoas e empresas foram muito parceiros mais uma vez.”

No dia 27 de julho de 2006, foi feita a primeira transmissão ao vivo de uma aula via satélite para o polo do município. Com um início modesto, afinal o EAD era uma novidade, havia 12 alunos para cinco cursos: Normal Superior (Pedagogia), Gestão de Produção Industrial, Comércio Exterior, Logística e Processos Gerenciais. “Atualmente, são mais de 100 cursos oferecidos, 700 estudantes ativos e mais de 2 mil formados.”

Projetos culturais

• Com a origem e mantendo a veia de ser uma forte apoiadora da cultura venâncio-airense, a AACemuc realizou e mantém importantes projetos na área nos últimos anos. Entre eles, a edição do livro ‘Venâncio buscando raízes’, de Maria Zulmira Portella de Moura.

• Também é mantenedora do Núcleo de Cultura Açoriana, o qual desenvolve, por exemplo, projetos com o Grupo de Danças Açorianas, que leva à comunidade informações artísticas e culturais sobre Portugal.

• Outro destaque é o Musical Uninter, com cantores e instrumentistas, adultos e crianças, sob regência do maestro Daniel Böhm. O grupo também já realizou ações beneficentes, como o Music Show, arrecadando alimentos, e o espetáculo Temas da Broadway.

Maria Lúcia Costa, atual presidente, entrou na associação logo após a fundação (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

O sonho de construir um complexo educacional, cultural e esportivo

Desde 2010, a AACemuc está localizada em um prédio alugado, próximo ao Grêmio Recreativo Sete de Setembro. Em 2019, recebeu da Prefeitura de Venâncio Aires o repasse de uma área de mais de 10 mil metros quadrados, perto de onde será a nova escola do Senai, no bairro Aviação.

É lá que a associação planeja construir um completo educacional, cultural e esportivo. “É um projeto audacioso, que vai ter anfiteatro, ginásio de esportes e permitirá a ampliação da oferta de cursos. O desafio é buscar recursos para isso, talvez junto ao Governo do Estado, emendas parlamentares e a possibilidade de um financiamento”, explicou Maria Lúcia Costa. Segundo ela, seriam necessários cerca de R$ 7 milhões.

Ao analisar a trajetória da associação e vislumbrar o futuro dela, a presidente da AACemuc destacou a importância de sempre apoiar e preservar o ensino e a cultura em Venâncio. “Sempre tivemos pessoas ao nosso lado que somaram e conseguimos contribuir para a formação e realização de projetos culturais, além da formação educacional de milhares de pessoas. Há 25 anos a associação tem essa responsabilidade social e vamos continuar desenvolvendo ações em prol da comunidade”, concluiu Maria Lúcia Costa.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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