“Quem é tradicionalista uma vez, é sempre”. A afirmação é da prenda Gisele Furtado, 48 anos, que hoje dança na invernada Xirú do Grupo Folclórico (GF) Essência da Tradição. Natural de Sobradinho, na adolescência ela dançou em entidades do município, depois parou para estudar. Neste ano, fez um curso de dança de salão do GF e voltou para os tablados.
Ela lembra que sempre foi incentivada pelo pai a cultivar as tradições gaúchas, então com cerca de 9 anos começou a dançar no CTG Galpão da Estância, de Sobradinho. Aos 17 anos, conquistou a faixa de 1ª Prenda do CTG. “Depois fui fazer faculdade e tive que parar, mas sempre ia em fandangos e, quando podia, participava de atividades tradicionalistas”, conta a professora de Artes.
Há quatro anos residindo na Capital do Chimarrão, Gisele e o companheiro, Edson Klein, 34 anos, decidiram, neste ano, fazer um curso de danças tradicionalistas de salão, que engloba vaneira, valsa, bugio e outras. “O Edson também dançou um tempinho quando criança e, como eu tinha peão agora, decidimos fazer o curso”, lembra. Foi assim, que eles conheceram a invernada Xirú do GF. “Meu cunhado é patrão do Essência da Tradição, então já nos puxou para a invernada e, agora, estamos ensaiando”, completa.
A expectativa dela é de voltar com eventos tradicionalistas mais ativos, já que estão parados por conta da pandemia de Covid-19. “Participar de uma entidade tradicionalista requer muita responsabilidade e quem participa precisa gostar e se sentir feliz ao dançar. Precisamos nos disponibilizar para todos os eventos que acontecem durante todo ano e formamos uma família dentro do Grupo Folclórico. Estou feliz em estar dançando novamente”, garante.
Para Gisele, também é importante uma invernada destinada para as pessoas mais velhas que gostam de dançar e cultivar as tradições. “É uma forma de a gente continuar no meio tradicionalista e também incentivar os jovens. Eu quero colocar meu filho de 8 anos na Invernada Mirim. Porque o grupo é uma família, é um lugar bom”, ressalta.
As invernadas Xirú são destinadas para prendas e peões com mais de 40 anos. Em alguns concursos, podem ser mescladas com as Veteranas, que são para acima de 30 anos, conforme explica o coordenador artístico do GF Essência da Tradição, Edison Aquino. No grupo atual, são sete casais da Xirú, mas antes da pandemia o número chegava a dez.
“Dançar por diversão é essencial na Xirú”, diz instrutor de danças
É muito bom o ‘gostinho’ de ganhar um rodeio, mas o instrutor de danças tradicionalistas Vinicius Martins dos Santos, o Flint, destaca a importância das invernadas Xirús e da diversão que isso proporciona aos integrantes.
Ele é professor do GF Essência da Tradição e observa que a invernada se torna um hobby e uma família para o integrante, além de reforçar e repassar sempre as tradições do estado. “Ter os grupos xirús no tradicionalismo é necessário, pois são os que vão para o galpão cultivar o verdadeiro sentido do tradicionalismo inserido na carta de princípios do movimento, são eles que tocam uma entidade tradicionalista”, reforça o instrutor.
Também é importante, conforme ele, valorizar esses momentos e se divertir ao dançar. “Os maior desafio nessa categoria é ter em mente que eles estão dançando por diversão e não só por competição, bem como entender que eles têm outras atividades no dia a dia. Então, levamos o ensaio como um momento para relaxar e se divertir, pois dançar por diversão é essencial na Xirú. Mas, quando precisa focar para algum objetivo maior, são os primeiros a entender e se comprometer nisso”, afirma.
Flint conta que a entrada dos veteranos ou xirús acontecem, normalmente, de duas formas: a primeira, quando os pais levam seus filhos às categorias de base e querem se divertir também; a outra, quando um ex-dançarino retorna aos palcos, normalmente após a formação acadêmica. “No caso específico do Essência, aconteceu da primeira forma, praticamente todos começaram do zero e estão evoluindo. Neste ano, colocamos um objetivo que é participar do FestXirú, um festival de dança para essa categoria”, ressalta.
“O amor ao tradicionalismo nunca morreu. Ele ficou guardado, pois precisei parar para outras fases da vida. Agora, fico feliz em ter a oportunidade de voltar.”
GISELE FURTADO
Prenda
Entenda mais sobre o tradicionalismo
- Nas invernadas, são ensaiadas as danças tradicionalistas como maçanico, anú, caranguejo, balaio, pezinho, cana verde e outras.
- Nas danças tradicionalistas de salão, que são individuais, temos vaneira, bugio, chamamé, valsa e outras.
- Também existem concursos individuais de chula, declamação, trova e outros.
- No município, existem invernadas de danças desde a Pré-Mirim até a Xirú. Interessados em saber mais informações podem contatar a Associação Tradicionalista Venâncio-Airense (ATVA), pelo telefone (51) 98583-0570, com Eagro Müller.
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