Era com o olhar atento e curioso, mas também cheio de emoção, que a aposentada Elsonia Butlitz, 66 anos, e a filha dela Elisete Bublitz Parkert, 46 anos, observavam peças antigas, que fizeram parte da história de Linha Isabel, expostos no antigo Salão Ludwig, próximo ao ginásio da comunidade. A mostra foi organizada pelo aposentado Aurimar Renato Ludwig, natural da localidade, e foi uma das atrações do evento em comemoração aos 150 anos da comunidade.
Mãe e filha aproveitaram a oportunidade para recordar de momentos importantes do local onde nasceram e, no caso de Elsônia, o salão onde a mostra foi realizada, é ainda mais especial. Foi nesse espaço, que ela conheceu o marido Adeliro Bublitz, 69 anos, quando ela tinha 16 anos e ele 19 anos.
Ela é natural de Linha Isabel e ele se mudou para a localidade quando tinha 17 anos. O casal já completou 47 anos de casados. A cerimônia do matrimônio foi realizada na igreja da comunidade e a festa na casa dos pais de Elsonia, Arno e Sebia Erica Wermeyer. A residência era de madeira e tinha divisórias removíveis, o que lhe garantia o espaço de um salão de baile. No local, além das celebrações de casamento dos filhos, foram feitas festas de vizinhos próximos.
Hoje, a família visita com menos frequência Linha Isabel, mas o vínculo permanece, principalmente, porque há familiares deles enterrados no cemitério da comunidade. Para Elisete, além da oportunidade de relembrar histórias, foi um momento especial de apresentar aos filhos Laura Gabrieli Parkert, 10 anos, e Gabriel Gustavo Parkert, 18 anos, informações sobre a localidade na qual a família tem raízes.
“Viemos para prestigiar a exposição porque queríamos ver o resgate da história, que é da nossa família também. É um momento muito bom para recordar e mostrar para eles esse vínculo”, comenta. O marido de Elisete, Vandoir José Parkert, 47 anos, também acompanhou a família durante a manhã do último domingo.
Valorização
Quem também prestigiou a programação do sesquicentenário de Linha Isabel foram os moradores de Santa Maria Erica Ludwig, Selmo Edegar Ludwig, Janaína Ludwig, Analice Ludwig e Lutiana Olívia Ludwig. Eles são filhos Selmo Ludwig, que é natural e viveu na localidade até os 18 anos, quando saiu da comunidade para ingressar no Exército.
Eles se deslocaram até o interior da Capital do Chimarrão para levar o bandoneón, instrumento musical de palhetas livres, que pertencia ao pai para ser exposto durante a mostra organizada pelo primo Aurimar Renato Ludwig. Os irmãos, inclusive, guardam muitas memórias de histórias que viveram na localidade, pois a casa da família ficava ao lado do antigo Salão Ludwig.
Para Aurimar, realizar essa exposição foi relevante no sentido de promover um pequeno resgate da localidade. “Como filho daqui [Linha Isabel], hoje me sinto muito feliz pelo que fiz. Só tenho recebido elogios”, relata, ao comentar o número expressivo de pessoas que prestigiaram a mostra, que reuniu 220 peças.
O Museu de Venâncio Aires também levou materiais que integram o seu acervo e têm relação com a localidade, para que pudessem integrar a exposição. Além de funcionários do local, o presidente do Núcleo de Cultura de Venâncio Aires (Nucva), o médico Cristiano Pilz, esteve no antigo Salão Ludwig para auxiliar na recepção dos visitantes.
Desfile temático também integrou a programação
Ainda fez parte da programação do aniversário de 150 anos de Linha Isabel a realização de um desfile temático, que contou com a participação de descentes dos primeiros imigrantes que chegaram na localidade. A festa também teve show de bandas e apresentações culturais.
“Conseguimos fazer o desfile da melhor possível, apesar da chuva. Todos colaboraram e contei com a ajuda de muitas pessoas que ajudaram a realizar o resgate da história da nossa comunidade, de como tudo começou. Conseguimos fazer um trabalho muito bom”, avalia Valdir Pedro Lahr, que ao lado da esposa Orsênia Rejane Peiter Lahr, esteve à frente da organização do evento.
Ele relata que ocupar a função de coordenador da comissão foi motivo de orgulho e de muito compromisso. “Sempre tentamos fazer da melhor forma possível e representar a todos os meus antecessores é uma honra. Muita gente se reencontrou hoje [no domingo] e essa foi uma confraternização muito boa e que, com certeza, ficará na história”, destaca.