Filha de princesa e afilhada de rainha: uma história de família no Carnaval do Interior

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Rainha do Carnaval do Interior Adulto 2025 em Venâncio, Manuela Etges é filha de Carine, princesa 2000, e afilhada de Francine, rainha 2006.

Se no sangue está a carga genética de uma família, no caso dos Fengler há mais do que genes que definem os traços físicos. Além da altura, do cabelo, dos olhos e dos sorrisos, tem outra característica marcante que – as moças dessa família têm certeza – corre nas veias e faz parte do DNA. É o Carnaval do Interior, uma paixão que literalmente passa de geração para geração.

No último fim de semana, mais uma Fengler entrou para o grupo seleto do Carnaval Adulto do Interior: Manuela Fengler Etges, 17 anos, é a rainha 2025. Na história familiar, ela é a terceira a fazer parte de uma corte do Adulto e a segunda representando o bloco Os Palmeirenses, de Linha Arroio Grande. Repetiu os feitos da mãe e da tia/dinda, assim como já tinha alcançado a honra, ainda criança, de seis primas que, entre os anos 1980 e 2010, integraram cortes no Infantil.

Manuela e a mãe, Carine (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Manuela representou os Palmeirenses, de Linha Arroio Grande, localidade onde estão as raízes da família Fengler. A camiseta do bloco foi customizada pela mãe, Carine (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Carine, a mãe, no Carnaval do Interior

Nas cortes do Adulto, a primeira Fengler a entrar para esse grupo foi a mãe de Manuela, Carine Fengler Etges, 42 anos. Há exatos 25 anos, em janeiro de 2000, em Linha Cecília, ela foi eleita primeira princesa do Carnaval do Interior pelos Palmeirenses. Tinha 17 anos, exatamente a idade da filha, eleita no fim de semana passado. A corte de Carine teve como rainha Juliana Fernandes (bloco UPF) e segunda princesa Josiléia da Veiga (bloco Vagalumes do Amor).

Mas para entender essa relação com o Carnaval é preciso voltar ainda mais no tempo, à infância de Carine, e ir até a divisa entre Linha Brasil e Linha Arroio Grande, onde os pais dela, Claudio (ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais) e Marlene Fengler, decidiram constituir família. “Fomos criados entre as duas localidades. A parte religiosa era Linha Brasil e a parte de sociedade, com futebol [Claudio foi goleiro do Palmeiras], clube de mães, Carnaval e bocha, na Linha Arroio Grande. Também estudamos na antiga Escola Cristóvão Colombo, em Arroio Grande. Crescemos no entorno do campo do Palmeiras”, explica Carine, que trabalha como atendente de telemarketing.

Em 1992, então com 9 anos, ela já tinha vivido a oportunidade de integrar uma corte do Interior, como rainha do Carnaval Infantil, pelos Palmeirinhas. Quis o destino (ou a genética), que a filha única, Manuela, vivesse as mesmas experiências. Em 2019, com 11 anos, Manu entrou para a corte do Infantil como 2ª princesa. Já no último sábado, 25, foi eleita rainha do Adulto. “Foi uma emoção muito grande e ela completou um sonho que era meu. Me sinto realizada”, define a mãe.

Carine, à direita, eleita 1ª princesa do Adulto do Interior em 2000 (Foto: Arquivo Folha do Mate)

Francine, a tia e dinda, no Carnaval do Interior

Como os filhos de Claudio e Marlene, hoje com 69 e 63 anos, respectivamente, cresceram no entorno do Palmeiras, era natural que algumas coisas se repetissem. A irmã de Carine, Francine Fengler, 35 anos, integrou a corte do Infantil em 1997, pelos Palmeirinhas. “Eu tinha 7 anos e fui a última Simpatia. Nos anos seguintes, as cortes passaram a ter apenas rainha e princesas”, lembra Francine, que é analista financeira.

Em 2006, com 16 anos, se tornou rainha do Adulto, durante escolha em Vila Santa Emília. Naquele ano, representou o bloco Julibra, a Juventude de Linha Brasil, porque o Palmeirenses estava inativo. Francine diz que foi uma escolha mais do que natural, afinal, moravam na divisa das localidades e ela integrava o grupo de jovens de Linha Brasil. A corte de 2006 teve como princesas Patrícia Padilha Rodrigues (bloco Turma da Pesada) e Bárbara Vogel (bloco Imperadores da Folia).

Sobre a emoção de ver a afilhada também coroada rainha em 2025, a dinda não esconde o orgulho. “Chorei muito no último fim de semana. Ver minha afilhada eleita, lembrei de tudo, desde o Infantil, e aí percebemos a evolução da Manu como pessoa e do compromisso que assumiu.”

Francine, eleita rainha do Adulto em 2006 (Foto: Arquivo Folha do Mate)
Manuela, à esquerda, quando eleita 2ª princesa do Infantil, em 2019 (Foto: Arquivo pessoal)

“Repetir os feitos da minha mãe e da minha dinda é uma forma de honrar a história e o amor que elas têm pelo Carnaval, de uma tradição que vem forte na minha vida. Elas foram grandes inspirações e seguir esse legado é carregar com orgulho o que me ensinaram. Espero fazer jus à história que elas ajudaram a construir.”

MANUELA FENGLER ETGES – Rainha do Carnaval Adulto do Interior 2025

Carine, quando eleita rainha do Infantil, em 1992, pelos Palmeirinhas. Ao lado dela, a irmã Francine, que seria Simpatia do Infantil em 1997 (Foto: Arquivo pessoal)

As outras Fengler

  • Além de Manuela, Carine e Francine, outras seis integrantes da família Fengler têm história com o Carnaval do Interior, todas no Infantil.
  • A primeira delas foi Juliana Bencke, rainha em 1988. No ano seguinte, Simone Fengler era a primeira princesa. Já em 1994, Joice da Cruz foi eleita 2ª princesa.
  • A edição de 2012 teve como rainha Natália Fengler, feito repetido por Larissa Fengler em 2014 e novamente conquistado em 2016, com Maria Eduarda Fengler Kist.
  • Com exceção de Simone, na época eleita pelo bloco Turma da Xuxa, de Linha Maria Madalena, as demais representaram Os Palmeirinhas, de Linha Arroio Grande.
  • Na família, ainda que não seja uma Fengler ‘de sangue’, uma integrante divide o mesmo carinho e dedicação ao Carnaval do Interior: Tatiana Silveira, segunda princesa do Adulto em 2020 pelos Palmeirenses. Ela é namorada do tio de Manuela, Fernando Fengler – irmão de Carine e Francine.
Manuela com os pais João Alberto Etges e Carine Fengler Etges (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)


Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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