Maria Helena Feix Schmidt tinha apenas 17 anos quando, em 1970, participou de um concurso inédito em Venâncio Aires. A jovem foi escolhida pelo curso ‘Científico’ do Aparecida para representar o colégio no baile de escolha das soberanas da 1ª Festa Municipal do Chimarrão, que aconteceria em maio de 1971.
Segundo Maria Helena, um tempo antes do concurso, as faixas das futuras soberanas foram expostas na vitrine da loja de Arthur Seibt (esquina das ruas Osvaldo Aranha e Jacob Becker), confeccionadas por Solange Mauer (neta de Reynaldo Schmaedecke).
“Olhei para aquelas faixas e pensei: nossa, que lindas. Mas nunca tive pretensão de nada. Tinha um teste por escrito, no qual precisávamos escrever sobre como divulgaríamos o município. Eu era muito jovem, imatura, não me via como alguém especial ou capaz de fazer algo especial pela cidade. E quanto à beleza, todas as candidatas eram lindas”, recorda a professora aposentada.
No baile da Sociedade de Leituras, Maria Helena foi eleita a primeira soberana da festa, ao lado das princesas Liege Vogt Barden e Irma Verena Simon. Só depois da escolha, elas souberam que haveria um prêmio. “Ganhamos uma viagem de uma semana no Uruguai, oferecida pelo cônsul uruguaio. Também participamos de programas de TV em Porto Alegre, um desfile em Gramado, viajamos para outras cidades. Assim fomos divulgando o evento.”
A 1ª Festa Municipal do Chimarrão aconteceu entre 7 e 9 de maio de 1971, em vários pontos da cidade, já que não havia um local próprio. O que não sai da memória de Maria Helena foi o desfile com carros alegóricos que percorreu a rua Osvaldo Aranha desde a antiga Motorsul (esquina com a 15 de Novembro), até as proximidades do supermercado Lenz, na esquina da rua Getúlio Vargas.
“As próprias famílias e amigos confeccionaram os carros e os trajes típicos também eram por conta e gosto da cada uma. Lembro que foi um maio muito frio e os tecidos eram finos, além de usar minissaia, a moda da época”, relembra.
No desfile, Maria Helena recorda das pessoas contemplando e cumprimentando as soberanas. “Tantas coisas boas, a solidariedade, o carinho, a atenção. Foi uma euforia, éramos meninas, encantadas com aquilo. E no desfile, quando vi meus pais [Beno e Helma Feix], caí no choro.”
Organização
Em 1968, Alécio Alves de Moraes fundou, com a professora Adeli Belina, o CTG Erva Mate. Como fazia frente ao tradicionalismo em Venâncio Aires, foi convidado a integrar a comissão organizadora da festa de 1971, presidida por Willibaldo Ertel.
“Na época não havia ginásios ou pavilhões, de forma que foi realizada na praça da igreja matriz. Também não havia shows nacionais como agora. Lembro que tivemos algumas apresentações do CTG Erva Mate e de um ou dois artistas da área do tradicionalismo”, recorda o professor aposentado, que está com 72 anos. Moraes ainda lembra que a festa foi prejudicada pelo fato de ser ao ar livre, já que choveu muito.
“A cada festa, as soberanas nos representam lindamente e o nível do evento melhorou muito. Nosso município é conhecido em todo Brasil e pudemos colaborar um pouquinho. Para quem viveu aquele início modesto, se enche de orgulho da proporção que ganhou.”
MARIA HELENA FEIX SCHMIDT – Rainha da 1ª Festa Municipal do Chimarrão
Festas
A Festa Municipal teve uma segunda edição em 1976. Em 1986, ela mudou de patamar e virou a Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), marcando também a inauguração do Parque do Chimarrão. Desde então, foram 15 edições e a última aconteceu em 2019. A 16ª Fenachim dá a ‘largada’ nesta terça-feira, 11, quando começam as inscrições para o concurso das novas soberanas.