Para Adrio Schwingel, 51 anos, não é possível lembrar da infância sem recordar do Colégio Gaspar Silveira Martins. A mãe, Clélia Möhler Schwingel, atuou na escola por muitos anos – como coordenadora pedagógica, vice-diretora e diretora. Por conta disso e como a família morava a apenas quatro quadras do local, desde os 3 anos, Adrio frequentava a instituição.
Com a conclusão do Ensino Médio, aos 17 anos, se despediu da escola, na qual colecionou bons momentos, incluindo os ensaios e as apresentações da banda, sob regência do professor Ivo Seidel. “A banda era muito importante para a cidade como uma divulgadora cultural. Em uma época, éramos em torno de 40 alunos”, recorda Adrio, que tocava trompete e participou de momentos importantes do Conjunto Instrumental, como a gravação do primeiro LP, em 1985. “Pegávamos ônibus e íamos até o estúdio, em Porto Alegre, aos domingos, para gravar”, relata.
Foi justamente a música que fez ele retornar ao colégio, em 1998, e representou um divisor de águas na sua vida, com uma nova profissão. Aos 26 anos, casado, com duas filhas bebês e o curso de Ciências Contábeis em andamento, Adrio foi convidado pela então diretora, Sidônia Felten Fröhlich, a dar aulas de música no Gaspar. “A escola estava sem professor de música e a ideia era que eu assumisse até que encontrassem um”, relembra.

A partir daí, o que era hobby virou profissão e o que era para ser uma vaga temporária se transformou em 15 anos como docente do Gaspar. O músico ainda lembra bem do dia em que a tia, Marlene Möhler da Luz, que trabalhava na biblioteca da escola, falou para ele sobre o curso de Licenciatura em Música da Universidade de Santa Cruz do Sul (UFSM) – na época, uma novidade. “Um primo meu iria fazer a audição, nos dias seguintes, e resolvi ir junto, mas sem muita expectativa”, recorda.
Com a aprovação na prova prática e, depois, no vestibular, Adrio deu início ao curso, que concluiu seis anos depois. A rotina foi intensa, e entre as aulas em Santa Maria e o trabalho no Gaspar, além de aulas particulares, aceitou o desafio de retomar a banda do colégio, que estava desativada. “Muitos arranjos para a banda fiz dentro do ônibus, indo a Santa Maria, assim como fazia todos os trabalhos de aula. Não podia perder tempo”.
“O Gaspar me formou como ser humano e depois como professor, com a oportunidade que tive de atuar na escola. Me sinto muito bem em sala de aula.”
ADRIO SCHWINGEL – Professor de música
Ele lembra, orgulhoso, que, em pouco tempo, conseguiu levar o grupo para encontros da rede sinodal. “Gosto muito de encontrar ex-alunos. A ideia nunca foi formar músicos, mas fico feliz de ter contribuído com a formação cultural de muita gente. Me deixa feliz saber que fiz a diferença”, ressalta ele, que hoje é mestre em Educação e hoje é professor do Instituto Federal do Paraná, em Jacarezinho.
Outro fato destacado por Adrio foi a criação da Orquestra de Venâncio Aires, em 2009, como uma opção para os jovens egressos das bandas escolares. “Quando os alunos do Conjunto Instrumental do Gaspar se formavam, não tinham onde tocar, e o mesmo acontecia com os integrantes das bandas do Monte das Tabocas e do Colégio Professor de Oliveira Castilhos. Por isso, fundei a orquestra”, comenta.
História do Conjunto Instrumental do Gaspar
• A banda do Gaspar foi fundada em 1972 e teve como primeiro regente o professor Ivo Seidel, que atuou na instituição até 1998. Ao longo dos anos, o grupo teve grande destaque, com participação nos desfiles de 7 de Setembro e apresentações em vários municípios do Rio Grande do Sul e outros estados brasileiros.
• Na história do Conjunto Instrumental também se destacam apresentações ao presidente Ernesto Geisel, em 1975, em Estrela; a ida a Brasília, no ano seguinte; e shows na Argentina, no Uruguai e Paraguai.

• O disco gravado pela banda em 1985 garantiu o primeiro registro do hino de Venâncio Aires, que é executado até hoje em cerimônias oficiais do município.
• Atualmente, com 21 integrantes, o Conjunto Instrumental do Gaspar tem como regente Sthephane Wagner.